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24/01/2012 - 03h00

Cidades mais velhas do país estão concentradas e têm poucos habitantes

ALEXANDRE ARAGÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A dona de casa Sibila Biondo, 65, faz alongamento duas vezes por semana. Ativa, ela também aproveita as aulas de informática, o grupo de canto e as festinhas que costumam acontecer na região em que mora.

"Pra quem já está na melhor idade, como dizem, aqui é um pedacinho do céu", ela diz sobre Coqueiro Baixo (RS), município em que mora. De acordo com os dados do Censo 2010, essa é a cidade com maior porcentagem de população acima de 65 anos em todo o Brasil --20,42% do total, contra os 7,38% do país.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que, em 2030, a população do Brasil começará a diminuir. Para o instituto o país terá, então, 13,33% de idosos em relação ao total. Hoje, 158 municípios brasileiros já apresentam essa característica --a maioria no Rio Grande do Sul.

###Arte Treinamento/Folhapress###

"Não é que o êxodo rural acabou, ele mudou sua configuração", diz José Marcos Froehlich, pós-doutor em sociologia rural pela Universidade de Sevilha, na Espanha, e professor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Antes, diz o pesquisador, toda a família deixava a cidade de origem. Agora, a saída concentra-se principalmente entre mulheres e jovens.

Para Froehlich, outro fator que pode explicar o aumento da porcentagem de idosos nas áreas rurais do Rio Grande do Sul é a melhora na condição de vida dessa faixa da população. Ele diz que a mecanização da agricultura permite que o trabalho no campo seja menos estafante.

A família de dona Sibila é um bom exemplo desse movimento. Enquanto ela e o marido --moradores de Coqueiro Baixo desde que nasceram- ficaram na cidade, o filho e a filha do casal foram viver em Porto Alegre. "Eles tiveram que ir embora para estudar."

Deise Delazeri Scartezini/Folha Coqueirense
A capela São José, na entrada do município de Coqueiro Baixo (RS). Cidade é que possui maior proporção de idosos em todo o país
A capela São José, no município de Coqueiro Baixo (RS). Cidade possui a maior proporção de idosos do Brasil

OS DEZ MAIS

O envelhecimento da população brasileira, no entanto, não seguirá o mesmo caminho que o fenômeno seguiu nos "municípios velhos" de hoje. "Nos grandes aglomerados populacionais é muito improvável que essa proporção de população mais velha seja em função de migração", diz Alisson Barbieri, doutor em planejamento urbano pela Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Dos dez municípios que aparecem nas primeiras colocações do levantamento, nove ficam no Rio Grande do Sul --Águas de São Pedro (SP) é a exceção. Somente Coqueiro Baixo, o primeiro da lista, possui mais de um quinto de idosos em sua população.

Os locais que aparecem nas dez primeiras posições da lista possuem características semelhantes: são municípios com poucos habitantes (média de 2.234, contra 34.278 de todos os municípios do país) e importante parcela de população rural.

Comparando os dados do último Censo com o de 2000, é possível notar o aparecimento de municípios com alto índice de população idosa também nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Mesmo assim, as projeções do IBGE de que o fenômeno só aparecerá em todo o país em 2030 devem se concretizar.

"Quando a fecundidade começa a cair --o que chamamos de déficit demográfico--, demora um tempo para que isso se reflita em uma mudança na estrutura etária", diz Barbieri. Até lá, é possível pegar os bons exemplos de hoje e tentar implementá-los em escala nacional.

ALEXANDRE ARAGÃO participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.

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