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20/01/2012 - 07h30

Ascensão de salafistas põe em risco turismo no Egito

DE SÃO PAULO

A força do partido salafista Al Nour nas eleições legislativas que ainda estão sendo realizadas no Egito levantou incerteza sobre o modelo que a formação política islâmica defende para o turismo, uma das principais fontes de renda do país.

Os salafistas propõem aplicar a "sharia" ou lei islâmica no turismo, o que parece apontar para uma segregação do setor entre os estrangeiros e os egípcios.

O porta-voz do partido Al Nour, Mohammed Noor, esclareceu que a aplicação da lei islâmica exige que haja praias particulares para os turistas, que não se misturariam com os egípcios, o que, segundo ele, requer um novo planejamento dos complexos turísticos do país.

"Queremos que o turista vá à praia, coma e beba o que quiser em privacidade", disse Noor.

No entanto, o porta-voz do partido Al Nour disse que "não vai ser permitido tudo nas praias", já que o visitante deve respeitar os costumes e as tradições do país muçulmano.

Para o salafista, o principal problema é a administração e o planejamento do setor turístico e não a proibição do álcool e do biquíni nas praias.

Aladin Abdel Naby-9.jun.99/Reuters
Vista da praia de Alexandria, no Egito; salafistas querem aplicar a "sharia" no setor de turismo
Vista da praia de Alexandria, no Egito; salafistas querem aplicar a "sharia" no setor de turismo

Entretanto, as declarações recentes de alguns xeques salafistas a favor da proibição do álcool e do uso do biquíni nas praias dispararam os alarmes no ministério do Turismo.

O titular dessa pasta, Mounir Fakhry Abdel Nour, considera que essas manifestações contra o uso de biquínis ou o consumo de álcool são apenas "sandices", explicou em entrevista à Agência Efe na sede de seu ministério.

"Nenhum governo responsável pode tomar essas medidas", apontou o ministro, que liderou no último mês vários atos de protesto do setor turístico egípcio contra a adoção de decisões proibitivas desse tipo.

Na opinião do ministro, o principal desafio do turismo é a segurança: "quando a situação for estabilizada, a lei e a ordem restauradas, os visitantes voltarão", disse Abdel Nour, em referência à diminuição do número de turistas no último ano.

A diferença de pontos de vista provocou uma disputa entre os salafistas e o ministério sobre quem deve representar o Egito na Feira Internacional de Turismo de Madri (Fitur), uma das mais importantes do setor no mundo.

Os islâmicos pretendem participar da delegação de seu país na Fitur, mas o governo se nega categoricamente.

No fundo dessa disputa estão duas visões sobre como abordar a retomada do setor de turismo no Egito, que se viu afetado após a revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak há quase um ano e ao posterior clima de instabilidade.

 

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