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09/12/2012 - 07h17

Turistas visitam linha do equador 'falsa'

WILLIAM NEUMAN
DO "NEW YORK TIMES"

As pessoas que visitam o Meio do Mundo, um parque de propriedade do governo do Equador que é um tributo à linha do equador (o círculo imaginário que divide o planeta em dois hemisférios, o Norte e o Sul), não são atraídas pelas lojas de bugigangas ou cafés que oferecem porquinhos-da-índia assados.

Elas querem pisar sobre uma linha pintada no chão que seria o ponto médio da Terra -zero grau de latitude, zero minuto e zero segundo. No entanto, esse lugar tão desejado não está lá.
A linha do equador está a centenas de metros mais ao norte.

Para turistas que apreciam a ideia de estar por uma vez no centro das coisas, a verdade pode ser uma grande decepção.

"Não tem o mesmo significado se não for acurado", disse Danny Murphy, 29, de Chicago, em uma tarde de muito calor. Ele tinha acabado de posar para uma foto em que estaria em ambos os hemisférios, com cada pé plantado em um lado da linha e as mãos levantadas em triunfo. "Deve haver algum ponto nesta linha que eles tenham colocado no lugar certo", disse.
Não está claro como o Meio do Mundo acabou não sendo exatamente o meio do mundo.

Luis Pulgar, administrador do parque, que fica próximo a Quito, a capital do Equador, disse que o terreno próximo ao local onde passa a linha do Equador é atravessado por uma grota e não era adequado para um monumento.

O monumento atual, construído em 1979, tem quase 30 metros de altura e em seu topo um globo de 1,5 metro de diâmetro. Raquel Aldaz, a chefe do museu do parque, disse que o local continha um monumento menor, erguido em 1936. Os construtores, disse, pensaram estar colocando o monumento no lugar certo, mas as técnicas de medição na época não eram tão precisas quanto as de hoje.

Mariana Desimone/Folhapress
Monumento alusivo à linha do Equador no parque Meio do Mundo, em Quito
Monumento alusivo à linha do Equador no parque Meio do Mundo, em Quito

Ramiro Pontón, também administrador do parque, que é propriedade do governo da província de Pichincha, disse que o monumento está a 244 metros ao sul da linha do equador.

Pulgar disse que cerca de 500 mil pessoas visitam o Meio do Mundo anualmente. "Todo turista deve vir ao Meio do Mundo e pisar nos dois hemisférios ao mesmo tempo", disse Luisa Gómez Soto, 32, uma administradora de empresas colombiana. Informada sobre o engano, ela disse que isso era "uma piada sem graça contra milhares de turistas".

Mas a apenas dois minutos de carro do Meio do Mundo, em uma propriedade particular chamada Inti-ñan, há uma placa em um portão dizendo que sua localização é "calculada com GPS" e está na latitude zero.

A guia Carolina Vera explicou que as leituras de GPS variam dependendo de como os equipamentos foram calibrados. É por isso, disse, que, na ocasião em que a reportagem esteve lá, o GPS de um visitante mantido sobre a linha de tijolos que Inti-ñan usa para marcar sua reivindicada exatidão mostrou que ainda faltava vários metros ao sul para alcançar a linha do equador. Vera disse que equipamentos de GPS de grande precisão foram usados para verificar a localização de Inti-ñan.

Ela acompanhou os visitantes por uma série de atrações. "É mais fácil equilibrar um ovo na linha do equador", disse, e demonstrou isso colocando um sobre a ponta de um prego. "Paradoxalmente, é mais difícil uma pessoa manter-se em equilíbrio."

Nem todos os visitantes do Meio do Mundo se decepcionaram por estar quase, mas não exatamente, no centro do globo.

Erika Voogd, 54, de West Chicago, em Illinois, deu uma risada bem-humorada diante da notícia. "É muito animador estar tão perto da linha do equador", disse.

 

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