História, fotografia e arte povoam a casa onde viveu a artista Frida Kahlo
Território de casarões ajardinados, ruas largas com graciosos mercados e perfumados cafés, o bairro de Coyoacán parece fazer convergir todos os seus caminhos para um só ponto: a Casa Azul, a famosa morada da artista mexicana Frida Kahlo.
Para chegar até lá, vale a experiência de transitar pela diversidade de cores, cheiros e sabores oferecida nas inúmeras estações de metrô.
Na Cidade do México, as paradas vêm identificadas por figuras: uma formiga, uma parteira asteca ou um coiote.
Este último simboliza a estação Coyoacán, onde se deve saltar para, em seguida, circundar um bosque e continuar pelas vias sombreadas da região, marcada por um aconchegante ar provinciano.
Placas indicam o trajeto, mas qualquer morador se envaidece ao ensinar o percurso. Com um pátio central rodeado por quartos e uma fachada de estilo francês, a velha casa onde Frida nasceu, morou e morreu foi erguida pelo pai, Guillermo Kahlo.
Em todos os cantos da casa inscrevem-se as marcas particulares da artista: dos primeiros ensaios fotográficos a objetos pessoais, como trajes, livros e brinquedos.
As pernas resistem a seguir adiante quando topamos com as muletas usadas por Frida –aos 18 anos, ela sofreu um acidente de ônibus que lhe deixou sequelas e delinearia sua trajetória de vida.
Na cabeceira da cama, imagens de Lênin, Stálin e Mao nos fazem lembrar uma época em que o comunismo alimentava sonhos e esperanças como os de Frida Kahlo.
Na cozinha, as panelas de barro em que a artista exercitava seus dotes culinários. No estúdio, o cavalete que serviu de apoio para a criação de obras que correriam o mundo, um presente de Nelson Rockefeller. Quadros dispostos em sequência, entre os quais um retrato inacabado de Stálin, descrevem as diferentes fases da artista.
TRÓTSKI E TEQUILA
É sobretudo na decoração do ambiente que se manifesta a admiração que Frida e o amante Diego Rivera, com quem manteve conturbado relacionamento, devotavam à cultura de seus antepassados: nos cômodos do imóvel, distribuíram uma coleção de artefatos pré-hispânicos.
Historicamente identificada como um ponto de frenéticos encontros entre boêmios adormecidos pela tequila, pintores exaltados e políticos, como León Trótski, que também dividiu a cama com a artista, a residência ganhou nova serventia ao se transformar num dos lugares mais populares da Cidade do México.
Foi de Diego a iniciativa de transformar num museu a casa azul de número 247 na rua Londres. Em 1958, quatro anos após a morte daquela mulher que tanto desafiou as convenções sociais com seu comportamento explosivo e polêmico, a Casa Azul seria aberta à visitação pública.
Longe da perfeição, mas dona de uma autenticidade sedutora, Frida Kahlo (1907-1954) tinha múltiplos talentos. Do lado de fora do museu, diante das intermináveis filas de visitantes que esperam a vez de entrar, percebe-se que o culto à mexicana ainda há de levar muitas gerações àquele espaço alegremente pintado de azul.
O jornalista viajou a convite do IHG (InterContinental Hotels Group)
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