Viagem de avião com pets tem muitas regras e preço de passagem 'humana'
Buda teve uma experiência luxuosa em sua primeira viagem de avião: foi de jatinho para Itacaré (BA).
"Eu queria levá-lo de qualquer jeito, mas as companhias fazem muitas exigências, por causa da raça dele", diz a blogueira Gabriela Pugliesi, 30, que alugou a aeronave. Buda é um cão pitbull.
O animal driblou uma série de medidas estabelecidas para o transporte de cães e gatos por empresas aéreas –na Latam viajam mais de 4.000 animais por mês; na Gol, só nas cabines, 1.500.
Peso, idade e raça são os critérios usados para determinar se os pets podem voar na cabine com os donos, no porão ou em aviões de carga.
No Brasil, o limite de peso para o bicho ficar com o dono varia de cinco quilos a dez quilos. Cães e gatos de focinho curto passam por mais restrições: a Latam, por exemplo, só os transporta em aviões de carga. Para raças consideradas ferozes, como pitbull, as regras variam.
Segundo a veterinária Fernanda Fragata, do hospital veterinário Sena Madureira, levar animais de estimação em viagens aéreas é seguro –a não ser que os pets sejam mais velhos ou tenham doenças como insuficiência renal.
"Nesses casos, se a viagem for obrigatória, um veterinário pode prescrever um tratamento preventivo", afirma. Ela desaconselha, no entanto, o uso de sedativos.
"É melhor acostumar o animal com o kennel [caixa de transporte] e o deslocamento antes da viagem. A sedação diminui a frequência respiratória e pode agravar problemas que surjam no voo."
A apresentadora Astrid Fontenelle, 55, é veterana no assunto. Com milhas acumuladas com o lhasa apso Guru, que já morreu ("o pessoal da companhia até já conhecia ele"), ela se prepara para levar a maltês Bella em sua primeira viagem, para Salvador.
"Se você acostumar o cão desde cedo, ele fica quietinho", diz. Ela só evita ir com pets em viagens internacionais, por causa da lista de exigências –que varia de acordo com o destino e pode incluir vacinas, exames e até um período de quarentena.
No Brasil, as regras são estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. O órgão exige vacina antirrábica e atestado de saúde (cada companhia estipula o prazo de validade do exame, entre 10 e 30 dias). Para deixar o país, é necessário que o bichinho tenha um CVI (Certificado Veterinário Internacional) ou um Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos, emitidos pelo órgão.
Algumas empresas, aliás, como é o caso da Azul, vetam pets em voos internacionais.
As empresas também cobram pelo transporte –a taxa para levar pets na cabine chega a R$ 200, valor que pode equivaler ao de uma passagem "humana".
DESVIO DE ROTA
A experiência do analista de e-commerce Eduardo Coen, 41, não foi tão tranquila. Ele, que se mudou para Israel e planejava levar seu buldogue francês e seu vira-lata, teve dificuldades antes mesmo de chegar ao aeroporto. "As regras são confusas. Um atendente disse para sedar os animais, outro se desculpou e disse que eu não deveria sedá-los", afirma.
Coen também teve problemas com o prazo de um exame exigido por Israel e teve que embarcar sem os bichos. Agora, contratou uma empresa especializada em transporte de animais: pagará cerca de R$ 5.000 para transportar cada cachorro.
Cães-guia são liberados de alguns documentos (equipamento de guia e carteiras de identificação e vacinação bastam). Mesmo assim, problemas podem surgir.
O acadêmico Lucas de Abreu Maia, 30, deficiente visual, diz que sempre precisa explicar para as empresas que Jackie, sua cadela-guia, não precisa seguir as exigências de um pet comum. Maia já teve que adiar voos e deixar Jackie com amigos para viajar.
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As regras das empresas
ONDE O BICHINHO VIAJA
- AVIANCA Cães e gatos viajam somente na cabine e com o limite de até 10 kg, incluindo a caixa
- AZUL Só na cabine; o peso do animal mais a caixa de transporte não podem ultrapassar 5 kg
- GOL Pets de até 10 kg mais a caixa podem ir junto com o dono; os de 11 kg a 30 kg vão no porão da aeronave; de peso maior, só em aviões de carga
- LATAM O peso permitido na cabine é de até 7 kg (incluindo a caixa); no porão, até 45 kg; de peso maior, só em aviões de carga
PREÇO
- AVIANCA R$ 200
- AZUL R$ 200
- GOL R$ 200 na cabine; quando o animal vai como "bagagem despachada", no porão, é cobrada uma taxa de R$ 90, mais o peso do kennel com o animal, multiplicado pelo valor correspondente a 1% da tarifa cheia do trecho a ser voado
- LATAM R$ 200 na cabine; no porão o valor varia conforme peso do animal mais a caixa
- *Nenhuma companhia cobra para transportar cães-guia
IDADE MÍNIMA
- AVIANCA Dois meses; os que têm menos de 12 semanas, de raças pequenas e mais suscetíveis à desidratação, precisam de um certificado veterinário que ateste boas condições
- AZUL Quatro meses
- GOL Quatro meses
- LATAM Dois meses
RESERVA DO SERVIÇO
- AVIANCA No mínimo duas horas de antecedência
- AZUL Até duas horas antes
- GOL Pelo menos três horas antes
- LATAM Até 48 horas antes da saída do voo
MAIS
- AVIANCA 0800-286-6543; avianca.com.br
- AZUL 4003-1118; voeazul.com.br
- GOL 0800-7040465; voegol.com.br
- LATAM 0300-5705700; latam.com
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Burocracia animal
- Cada companhia tem suas especificações a respeito das dimensões da caixa de transporte dos animais. Checar antes é imprescindível
- Reservas devem ser feitas com antecedência em função da limitação do número de animais nas aeronaves. Há prazos para solicitação do serviço
- Leve a carteira de vacinação do animal e o certificado de vacinação antirrábica (aplicada no mínimo 30 dias antes), com o nome do laboratório produtor, tipo de vacina e o número da vacina/ampola utilizada
- Tenha em mãos um atestado de saúde emitido pelo veterinário. Cada companhia estabelece seu prazo de validade para o exame
- Algumas companhias exigem que passageiros acompanhados de animais sentem-se na poltrona da janela
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Pronto para voar
- Acostume o animal com a caixa de transporte em que ele vai viajar. Coloque-o no kennel em passeios de carro e na hora de dormir por no mínimo um mês antes da viagem
- Dê comida pelo menos uma hora antes de sair de casa. Não é bom que o pet fique com o estômago cheio. Se a viagem for longa, melhor que a alimentação seja concentrada, como em pastas suplementares
- Não despache o animal muito tempo antes da hora de saída do voo. Espere o horário limite
- Se o deslocamento for longo, vale a pena ensinar ao bichinho beber em bebedouros automáticos. No espaço reduzido os cães costumam derrubar as vasilhas com água
- Um brinquedo ou pedaço de tecido ou roupa com o cheiro do dono ajuda a acalmar
- Acostume o pet aos possíveis ruídos do deslocamento. Para gatos, que se assustam mais fácil, pode-se utilizar protetores de ouvido moldáveis
- Evite viagens em períodos muito quentes. O risco de desidratação, um dos principais problemas com animais em aviões, aumenta
- Esteja ciente de possíveis doenças que o pet tenha e que possam criar dificuldades durante o voo
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