É pra deixar gorjeta? Veja o que fazer em 35 países na hora de pagar a conta

Crédito: Gabriel Cabral/Folhapress Países ao redor do mundo têm regras e expectativas diferentes em relação à gorjeta
Países ao redor do mundo têm regras e expectativas diferentes em relação à gorjeta
Fernanda Mena
São Paulo

A prática brasileira de cobrar um adicional de 10% do valor da conta como taxa de serviço em bares, cafés e restaurantes não é regra global –e pode ser fonte de gafes pra lá das nossas fronteiras.

Se por aqui a taxa é entendida como gorjeta a quem serviu à mesa (e pode ser recusada se o serviço for um desastre), em outras partes do mundo essa cobrança não é incluída na conta, mas aguardada por garçons e atendentes, que já recolhem a gratificação ao próprio bolso.

No Brasil, as dúvidas sobre o destino das gorjetas e dos 10% de serviço motivaram uma lei, recém-sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB), que regulamenta a divisão do montante cobrado por quaisquer estabelecimentos comerciais do país.

Sua distribuição será agora definida por meio de convenção, acordo coletivo ou assembleia-geral dos empregados dentro de modelos em que o empregador ficará com a menor parte do total arrecadado (de 20% a 33%) para custear encargos sociais, trabalhistas e previdenciários.

Acostumada ao modelo brasileiro, a professora universitária Andrea Gallassi saiu para jantar em Toronto, no Canadá, onde iniciaria seu pós-doutorado, e terminou perseguida pela garçonete ao deixar o restaurante.

"Ela questionou se eu não havia sido bem atendida. Disse que estava satisfeita com o serviço e o jantar. E aí ela perguntou: 'Então por que não deixou gorjeta?'", lembra. "Fiquei sem graça, sem saber o que dizer. Expliquei a ela que no Brasil os 10% de serviço vinham na conta."

No Canadá, assim como nos EUA, as gorjetas são parte importante da composição salarial de quem presta esse tipo de serviço. Não concedê-las, portanto, é motivo de cara feia ou questionamentos.

Em outros cantos, como em parte da Ásia e nos países nórdicos, oferecer um abono pode causar estranhamento.

A Folha dividiu 35 países entre aqueles em que gorjetas são esperadas, outros em que elas são opcionais ou ainda onde elas serão apenas uma grata surpresa.

 

Tem que dar

ÁFRICA DO SUL
Em restaurantes e bares, espera-se que o cliente deixe entre 10% e 15% do valor da conta como gratificação. Mas preste atenção: o serviço de mesas grandes costuma ser incluído já na fatura. O mesmo percentual é válido para equipes de safári.

CANADÁ
Como os valores pagos a garçons e atendentes é em geral mais baixo que o salário mínimo, esses profissionais contam com gorjetas para compor sua renda mensal. Pague entre 15% e 20% do valor da conta em restaurantes e entre US$ 1 e US$ 2 por drinque em bares. Taxistas, cabeleireiros e funcionários de hotéis também esperam gratificação extra pelos serviços prestados.

ESTADOS UNIDOS
Assim como no Canadá, a gratificação de 15% a 20% do valor da conta não vem discriminada, mas é esperada. A reação a gorjetas tímidas pode ser desagradável.

ISRAEL
Taxistas não esperam gorjetas, mas garçons e bartenders, sim: entre 10% e 15%, em dinheiro. Não é comum o percentual estar incluído no serviço, mas, como as contas chegam em hebraico, melhor perguntar (se você não lê idioma, claro) porque pagar a conta sem deixar um extra é considerado deselegante.

CUBA
Os baixos salários fazem as gorjetas serem especialmente apreciadas por guias, camareiras e atendentes em geral: pelo menos 10%. Se você se hospedar em uma "casa particular", pode prescindir da gorjeta, a não ser, por exemplo, que a família empregue alguém que limpe os cômodos. Alguns restaurantes cobram 10% no valor da conta, mas os funcionários raramente recebem o repasse. Melhor dar o dinheiro direto para quem o serviu.

EGITO
Apesar de não ser obrigatória, a gratificação, ou "backsheesh", é esperada por garçons, guias e carregadores, que contam com ela para incrementar os baixos salários. Não concedê-la é considerado rude. Cerca de 10% do valor da conta é suficiente. Guias podem receber cerca de US$ 5, camareiras, US$ 2 e carregadores US$ 1. É sinal de boas maneiras recusar a gorjeta da primeira vez em que ela é oferecida, portanto, não se confunda: é puro teatro. Insista.

ALEMANHA
Apesar de ser opcional, deixar de dar gorjetas em restaurantes é quase sinônimo de perguntas sobre o grau de satisfação com o serviço. Cerca de 10% do valor da conta é considerado adequado. O valor não precisa ser exato, podendo ser arredondado.

ARGENTINA
Raramente incluída no valor da conta, a gorjeta ainda assim é esperada e gira em torno de 10% do total gasto em bares e restaurantes. Se você pretende voltar ao estabelecimento, é bom não esquecê-la.

RÚSSIA
De 10% a 15% do valor da conta em restaurantes. Se a fatura for alta, é aceitável dar um pouco menos de 10%. Taxistas e bartenders em geral não recebem gorjetas.

FRANÇA
A conta chega com a taxa de 15% de serviço, definida por lei, portanto, não é necessário dar gorjetas extra. Ainda assim, costuma-se deixar um par de euros a mais junto com o pagamento. Taxistas podem ser agraciados com 10% de gorjeta. Carregadores e camareiras com € 1 por dia ou por bagagem.

OUTROS PAÍSES

  • Chile
  • Croácia
  • Itália
  • México
  • Paraguai
  • Reino Unido
  • Uruguai

Opcional

AUSTRÁLIA
Não existe regra e costuma-se dar gorjetas quando o serviço for realmente apreciado. Neste caso, entre 10% e 15% são suficientes. No lugar de deixar diretamente para o atendente, a etiqueta sugere que se use recipientes coletivos de coletas, se estiverem à disposição.

PORTUGAL
Gorjetas são usadas caso o serviço tenha sido muito apreciado, em geral, em valores que vão de 5% a 10% do total da conta.

OUTROS PAÍSES

  • Aruba
  • Espanha
  • Peru
  • Suíça
  • Noruega

Não precisa

CHINA
Não existe uma cultura de conceder gorjetas por serviços, portanto, você pode pagar exatamente o valor descrito na conta. Com o aumento da presença de turistas estrangeiros, contudo, a prática vem sendo adotada aos poucos.

COREIA DO SUL
Não existe o costume de dar gorjeta. O aumento da presença de turistas ocidentais no país, acostumados às gratificações extra, gerou confusões e uma lei determinou que o serviço seja incluído no valor de cada prato, drinque etc. para evitar dúvidas.

DINAMARCA
Não existe uma cultura de dar gratificação. Funcionários prestadores de serviço são bem pagos e não esperam extras.

JAPÃO
Reconhecidos pela excelência nos serviços, os japoneses podem não aceitar gorjetas ou mesmo se ofender com elas. A exceção são os ryokan, as sofisticadas hospedarias tradicionais japonesas, onde gratificações entregues dentro de envelopes são esperadas. Dar o dinheiro diretamente para quem o atende é considerado rude. Taxistas não esperam pagamentos extra e costumam fazer questão de devolver todo o troco com precisão de cada centavo e um recibo.

OUTROS PAÍSES

  • Cingapura
  • Finlândia
  • Nova Zelândia
  • Suécia
  • Tailândia
  • Vietnã
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