Fazenda em Paraty abre a porteira após ser restaurada e reflorestada

Propriedade a 7 km do centro oferece observação de pássaros e restaurante

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A casa do restaurante da fazenda Bananal fica abaixo de uma colina, de onde foi tirada a foto. Ele tem aparência rústica, de madeira. Ao redor, um amplo espaço de grama, que chega até uma floresta que cerca a área
Restaurante da Fazenda Bananal, em paraty (RJ), cujo chef é o belga Bertrand Materne - Caio Ferrari/Folhapress

Uma das mais antigas fazendas de Paraty (RJ), do fim do século 17, acaba de ser reaberta ao público. Rebatizada de Fazenda Bananal, a antiga Murycana mudou de mãos, passou por restauro e foi transformada num complexo de ecoagroturismo.

A propriedade de 180 hectares (maior que o Ibirapuera, em São Paulo, que tem 158 hectares) está localizada entre o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Estação Ecológica de Tamoios e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Comprada pelo casal Jane Assis e Roberto Pinheiro em 2014, fica a sete quilômetros do centro de Paraty.

Ao longo de quase três anos, a casa grande foi recuperada sob supervisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Para que parte das vigas de madeira fosse trocada, as paredes de taipa de pilão foram envolvidas por cintas de aço e elevadas por macacos hidráulicos. O casal, que tem como sócio o empresário José Roberto Marinho, do Grupo Globo, não divulga o valor investido na obra.

O imóvel, no qual estão a cozinha original (com fogão a lenha) e uma roda d'água, é hoje um museu.

"A exposição permanente conta a história do Brasil Colônia, da agricultura no país e na própria fazenda, que funcionou como entreposto de ouro, produziu café, cachaça, açúcar e farinha de mandioca", diz Pinheiro.

O ingresso custa R$ 20 (R$ 10, a meia-entrada) e dá direito a visitar o casarão e a circular pelos jardins, replantados com espécies nativas da mata atlântica.

Terra e céu

Quem quiser conhecer a fazenda mais a fundo pode optar por um passeio guiado. O mais básico custa R$ 50 por pessoa (meia-entrada a R$ 25) e dura cerca de uma hora.

A pé, os visitantes conhecem uma construção sustentável, passam pelo galinheiro e pelos currais de bovinos e caprinos, veem como funciona o sistema agroflorestal (no qual plantas alimentícias crescem ao lado de árvores nativas), circulam por uma horta e terminam na queijaria da fazenda, onde o leite ordenhado lá mesmo vira queijo, manteiga e iogurte. A experiência pode ser adaptada a escolas --para as públicas, a visita é gratuita.

O passeio mais completo, a R$ 100 por pessoa, também dura uma hora e é conduzido por agrônomos. Como a distância percorrida é mais longo, o trajeto é feito em carrinho elétrico e termina com um giro pelas áreas maiores de agrofloresta, onde já foram replantadas 21 mil espécies.

"Temos frutas da mata atlântica que são raras de encontrar, como grumixama, cambucá e cabeludinha", afirma o gestor operacional da fazenda, Tom Vidal.

Praticantes de observação de pássaros podem escolher entre duas atividades, ambas acompanhadas pelo ornitólogo Luciano Lima. O valor da experiência parte de R$ 273 por pessoa, e o agendamento do passeio é obrigatório.

No tour Passarinhada, com duas horas de duração, os visitantes admiram, com binóculos, mais de 50 espécies.

Já aficionados pelo assunto podem participar da sessão de anilhamento (marcação das aves para pesquisa). A experiência acontece na laje dos pássaros e inclui café da manhã no platô, que fica a 50 metros de altura. "Paraty reúne metade das espécies de aves da mata atlântica. São 478 ao todo", diz Lima.

Mesa

O restaurante da fazenda também vale uma parada. O cardápio assinado pelo chef belga Bertrand Materne, 46, segue o conceito "farm to table", no qual os ingredientes dos pratos são produzidos lá mesmo. "Os menus são sazonais, adaptados aos produtos de cada safra", diz.

Receitas como a salada da horta, com molhos de mostarda com laranja, iogurte com hortelã e ervas frescas (R$ 29), e a omelete verde de queijo com tomate e coalhada (R$ 48) podem ser acompanhadas de suco de abiu roxo.

O viés educacional também está presente por ali. A fazenda assinou convênio com o Museu do Amanhã, no Rio, para que parte da formação dos aprendizes do restaurante-escola Fazenda Culinária ocorra na propriedade. "Aqui eles aprendem como funciona uma cozinha sustentável", diz Jane Assis.

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