Passeios com moradores mostram Nova York além do óbvio

Experiências do AirBnb revelam visão local de Harlem e Garment District

Fitas coloridas expostas em prateleiras
Fitas expostas na loja M&J Trimming, no Garment District, em Nova York - Fernanda Reis/Folhapress
Fernanda Reis
Nova York

Caçar trufas em Florença​ ou aprender a fazer adereços com plumas para os cabelos em Londres são duas das atividades mais populares que podem ser marcadas pelo programa AirBnb Experience, lançado pelo site de hospedagem em novembro de 2016.

Mas agendar uma atividade pela plataforma possibilita, além de fazer algo exótico durante uma viagem, conhecer lugares fora da rota turística, guiado por um morador que mostra a visão de quem frequenta aqueles locais.

Funciona assim: no site do AirBnb você seleciona o período da viagem e a cidade, como se fosse buscar um quarto. Mas, em vez disso, escolhe uma experiência. O usuário tem acesso à descrição da atividade e do guia e indicação de hora e local de encontro. São cerca de 4.500 experiências em 55 cidades do mundo. No Brasil, só o Rio participa, por enquanto.

Fugindo de atrações batidas, a reportagem testou o serviço em duas ocasiões em Nova York com preços entre R$ 100 e R$ 200. A estreia foi no Harlem, bairro ao norte de Manhattan. Quem faz as honras é Destiny Davis, conhecida como Bunmi, que trabalha com mídias sociais.

O passeio é pelo mercado Malcom Shabazz, que vende produtos do oeste africano, mas começa no café MIST Harlem. Enquanto o turista toma algo (por conta dela), Bunmi pergunta sobre seus interesses para tentar personalizar a visita frequentadora dali, puxa papo com os vendedores, que apresentam suas mercadorias, e ajuda a encontrar o que se busca.

A oferta de produtos na feira é variada parece a da praça Benedito Calixto, em SP, mas exponencialmente mais colorida. São bijuterias, bolsas, tecidos tingidos à mão, roupas, cremes e sabonetes africanos que Bunmi explica para que servem. Ao fim de duas horas, a atividade termina com um almoço num restaurante senegalês, a poucas quadras dali.

Com a estilista Elizabeth Evertsz, o passeio é pelo Garment District (distrito das roupas), região no centro de Manhattan conhecida pelas lojas de tecidos e aviamentos.

O tour dela é bem informativo: num tablet, mostra fotos antigas da região e de famílias de imigrantes costurando em casa no século 19, enquanto conta sua história. É um passeio com foco em moda, mas rico em informações sobre o passado da cidade.

Evertsz aponta prédios famosos e outros marcos, como a estátua Garment Worker, da israelense Judith Weller, que mostra um homem de quipá debruçado sobre um tecido, homenagem aos costureiros judeus que investiram na nascente indústria da moda nova-iorquina.

Para quem costura, há múltiplas paradas em lojas, incluindo a obrigatória na gigante Mood, conhecida por aparecer no reality show "Project Runway".

Mas a vantagem de ir com uma estilista da cidade é conhecer lojas menores, com tempo para compras. Na M&J T rimming, aberta em 1936, as paredes são coloridas por fitas, plumas, rendas, enfeites purpurinados. Conhece-se ainda estabelecimentos especializados, por exemplo, em botões, miçangas e lycra.

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