A península Valdés parece ter vocação para surpreender. Ao desembarcar nessa parte da Patagônia, um vento frio e incessante dá as boas-vindas ao turista.
O mar tem um tom esverdeado bonito, mas não dá vontade de entrar. Mesmo assim, essa é a capital argentina do mergulho. Sim, apesar da água ter temperaturas inferiores a 10°C, a atividade é um dos carros-chefes do turismo na região.
Esse é um dos únicos cantos do mundo onde é permitido mergulhar em meio a dezenas de lobos-marinhos. E o melhor: essa vivência pode ser experimentada usando apenas máscara, snorkel e nadadeiras.
Operadoras como a Master Divers (masterdivers.com.ar) oferecem a atividade por 2.500 pesos (R$ 500). Mergulhadores certificados podem utilizar cilindro (mais 800 pesos, ou R$ 130) e ter ainda mais interações com os animais.
O ponto de encontro é a lobería de Punta Loma, a 40 minutos de barco de Puerto Madryn. Ali, mais de 300 lobos-marinhos se espalham sobre platôs de pedra sedimentar amarelada.
Na maré cheia, partem em busca de peixes e moluscos. Ao dar de cara com humanos, arriscam um balé conjunto e investigam cada detalhe. Não se assuste se levar mordiscadas nas nadadeiras e na roupa grossa de neoprene com capuz.
Não bastasse a experiência de nadar com lobos, as águas de Puerto Madryn abrigam uma série de naufrágios. Em pelo menos cinco deles o mergulho é operado regularmente.
Um dos mais visitados é o Folias, com 60 metros de comprimento, que está parcialmente na superfície e aflora na maré baixa a cerca de 300 metros da Playa Paraná. É o lugar ideal para mergulhadores recém-certificados e não oferece dificuldades ou perigos.
Já o cargueiro Antonio Miralles foi à pique em 2004 a três quilômetros da costa, após passar alguns anos apreendido no cais de Puerto Madryn.
A associação de operadores locais conseguiu autorização para afundá-lo depois de a polícia flagrar grande quantidade de cocaína em seu interior. Com seus 60 metros, repousa a 26 metros de profundidade. Quem descer até lá pode percorrer seus porões e corredores e descer escadas segurando no corrimão.
Forrado por mariscos e corais moles, o navio não é abundante em vida selvagem, mas alguns grandes salmões do Atlântico se escondem sob o seu casco.
A visibilidade nem sempre é ideal, mas percorrer o naufrágio vale a pena. Cruzar trechos estreitos e escuros pode exigir um pouco dos nervos, mas a sensação compensa e faz esquecer a água gelada.
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