Descrição de chapéu Álbum de viagem

Brasileiro fotografa estação e memorial do World Trade Center

Terminal projetado por Santiago Calatrava conversa com monumento às vítimas do atentado de 2001

São Paulo

Acostumado a ir para Nova York, onde mora sua filha, o fotógrafo brasileiro Rubens Guelman, 71, encontrou no Natal de 2017 um cenário diferente.

Ao abrir as cortinas do seu quarto de hotel, se deparou com uma vista para a estrutura branca em formato de ave do arquiteto espanhol Santiago Calatrava —o mesmo do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro— que abriga um shopping e estação de trem.

Logo ao lado estava o memorial às vítimas do atentado às torres do World Trade Center, projetado pelos arquitetos Michael Arad e Peter Walker, e inaugurado em 2011.

A obra é composta por dois espelhos d’água que ficam dez metros abaixo do nível da rua, no espaço antes ocupado pelas torres do centro empresarial.

Nos parapeitos estão os nomes das 2.983 vítimas do atentado às torres e ao Pentágono em 2001, e ao ataque de carro-bomba ao World Trade Center em 1993.  

Guelman ficou impressionado com a visão surrealista que os arquitetos tiveram. “Antigamente, para homenagear um indivíduo, as obras eram explícitas”, afirma, citando o Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, que retrata os bandeirantes.

Já no caso do memorial do World Trade Center, os mortos homenageados não estão representados em suas formas humanas, mas de maneira abstrata.

Para Guelman, as duas obras apresentam uma interação clara. “O túmulo [espelhos d’água] lembra a morte, já a pomba lembra a paz, e as pessoas representam a vida.”

As pessoas são os visitantes do memorial e também os usuários da estação e do shopping projetados por Calatrava. “Há muita vida no subterrâneo”, diz.

A obra foi polêmica, entregue com sete anos de atraso, em 2016, além de ter tido o orçamento estourado em US$ 1,85 bilhão e ser a estação mais cara do mundo.

Apesar de interpretar a mensagem das obras, Guelman destaca que não há um simbolismo oficial para elas. “Fica a cargo de cada um.”

Para representar as duas estruturas em suas fotografias, ele captou imagens mais abertas, tiradas do seu quarto do hotel, e mais próximas, com detalhes da arquitetura de cada uma. “Gosto de ler o que a arquitetura nos transmite”, afirma.

 

Guelman vai lançar ainda este ano um livro sobre seus 50 anos de trabalho com fotografia, que terá o título “Diversidades, Identidades: A Fotografia de Rubens Guelman”, ainda sem data de publicação.

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