Descrição de chapéu férias viagem

Ilhas tranquilas são bom contraponto aos excessos da Cidade do Panamá

San Blas é um arquipélago com mais de 350 ilhas, na parte menos explorada do Caribe

Anna Virginia Balloussier
Cidade do Panamá

​Se o “american way of life” que domina a Cidade do Panamá cansar a beleza do turista, ele sempre pode reservar uns diazinhos extras para ficar, literalmente, ilhado, livre das ruas abarrotadas de cassinos, dos arranha-céus e dos shoppings com lojas de marcas estrangeiras que dominam a capital do país.

Para quem tem mais tempo no cronograma, vale a pena viajar por duas horas de carro desde a Cidade do Panamá até San Blas, um arquipélago com mais de 350 ilhas não tão exploradas assim, considerando-se que é o mar do Caribe. O arquipélago corre o risco de sumir do mapa devido à elevação das águas naquela região.

Os que preferem zarpar da capital mesmo têm a opção de conhecer praias banhadas pelo oceano Pacífico. 

A brasileira Cristina Esprenger se especializou na rota: ela, que se mudou para o Panamá com a intenção de montar uma distribuidora de carne, acabou abrindo a Ferry Las Perlas, empresa que oferece pacotes para três ilhas por preços a partir de US$ 98 (R$ 332), com uma refeição inclusa.

Os passeios podem ser bate e volta ou se estender por dias, a gosto do freguês (que paga hotel à parte). A balsa que leva a clientela até o destino sai cedinho, por volta das 7h, e volta no fim da tarde. 

A embarcação que a reportagem da Folha acompanhou, num domingo de março, partiu lotada de americanos com rosto lambuzado de filtro solar, óculos Ray Ban de lente espelhada e regatas como a do rapaz com logo da Duff (cerveja favorita de Homer Simpson) na estampa.

Primeira parada: Saboga, mais avizinhada ao conceito de praia deserta. No dia em que a Folha esteve por lá, contou com a companhia de dez viajantes (os amantes do sossego que torçam para não calharem de cair na mesma data de grupos de despedidas de solteiro, comuns por lá). 

Valerie Ferrenbach, uma francesa que trocou o trabalho em Cannes pela beira-mar panamenha, administra o único estabelecimento comercial: um bistrô batizado com seu pseudônimo, Paula Nani. Como cortesia, serve aos recém-chegados um café da manhã com suco (o da vez foi o de manga), omelete, torrada, manteiga e geleia. 

É ela que dirige, como se disputasse um posto de figurante em “Velozes e Furiosos”, um dos carrinhos de golfe que transportam o turista do porto até a praia. 

A Contadora é uma ilha com mais estrutura —de mercadinho a lojas de suvenires. De Saboga até lá, vai-se de barco de pescador. O que levou a reportagem, batizado de Abuela (vovó), tinha peixes pescados na hora pelo condutor se debatendo e agonizando ao lado dos passageiros —budistas talvez queiram desviar o olhar. 

Pedindo com jeitinho, o motorista do carrinho de golfe deixa que o turista dirija o veículo (também disponível para alugar). 

Na praia de mar calmo e azul-claro, a carcaça de um navio enferrujado e aves aos borbotões formam um cenário que não faria feio num remake de “Pássaros”, de Hitchcock. 

 
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