Florence, 68, acredita que é seu dia de sorte. Está sentada numa “tragamonedas” (caça-níquel) que, após horas, enfim lhe trouxe moedas. Ela calcula lucro de US$ 35 (R$ 120), que serão investidos “numa rodada de tequila sunrise para minhas meninas”.
Trata-se de uma excursão de aposentadas que saíram do Texas para “curtir um calorzinho caribenho” no Panamá, explica a decana Rose, 77, sugando seu drinque por um canudo manchado de batom rosa. São quase 17h.
“Hora do chá”, Rose brinca, forçando um sotaque britânico tão original quanto seu relógio dourado.
Estamos no Ocean Sun Casino, um dos 29 centros de jogo do Panamá. Fica no arranha-céu mais alto da capital, na torre com o nome de Trump, e é considerado o mais chique do país.
É o requinte a Las Vegas, com carpete estampado e iluminação sombria, pontilhada pelo brilho das telas dos caça-níqueis refletido no semblante da clientela.
O ambiente exala anos 1980, apesar de o cassino ter sido inaugurado em 2014. Para quem é do Brasil, país com seca de “jogos de azar”, é um self-service da jogatina: 600 caça-níqueis de temáticas diversas e 37 mesas.
Por US$ 12 (R$ 41), saboreiam-se cinco cervejas locais (como a leve Balboa) harmonizadas com asas de frango, nachos ou empanadas —menu disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
Para algo mais encorpado há o Macondo, restaurante homônimo à cidade fantástica do clássico de Gabriel García Márquez, “Cem Anos de Solidão”.
É possível pagar a conta em dólares ou pontos acumulados. A trilogia marinha (polvo ao óleo, camarão e “tiradito”, espécie de sashimi) custa US$ 16 (R$ 54) ou 800 pontos debitados do apostador.
Deu azar no jogo? Talvez o cliente tenha mais sorte no amor: no 66º andar do edifício, o Ocean Sun Casino tem um bar molhado com piscina de borda infinita.
No Panaviera, o flerte rola solto. Ainda mais solto, para os que se aventuram a pagar US$ 170 (R$ 575) pela “botella” (garrafa) 12 anos no uísque double black label da Johnny Walker.
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