Antofagasta, no Chile, surpreende com gastronomia variada e original

Cidade no litoral norte do país é mais que uma parada rumo ao Atacama

Álvaro Pereira Júnior
Antofagasta (Chile)

Achei que fosse um castigo, mas acabou sendo um presente.

Ilhado durante três dias em Antofagasta, no litoral norte do Chile, acabei descobrindo uma cidade interessante, boêmia, movimentada e com um cenário gastronômico variado e original.

Era uma viagem de trabalho com foco no deserto do Atacama, logo ali. Serviço finalizado, não pude voltar porque a companhia aérea entrou em greve. Se não havia como sair, restava explorar a área.

Antofagasta, uma das três maiores cidades do país, é uma espécie de Chile dentro do Chile: em um país comprido e estreito, espremido entre os Andes e o oceano, é uma cidade comprida e estreita, espremida entre os Andes e o oceano.

O oceano é o Pacífico. Dele vêm os destaques da gastronomia local.

A parada obrigatória, no almoço, foi sempre o Terminal Pesqueiro. Antigo, mal cuidado, que num primeiro olhar pode parecer sujo, tamanha a bagunça. Mas é perfeitamente ok.

Ali dentro existem as peixarias —vendem os produtos fresquíssimos que chegam de manhã cedo— e pequenos quiosques de comida pronta. A vibe é de feira de rua. Almoçar, uma festa.

Para meu gosto pessoal, reinam absolutas as ovas cruas de ouriço, de sabor e consistência amanteigados, servidas como ceviche ou ao natural (só com um pouquinho de limão espremido por cima).

Na culinária japonesa, a ova de ouriço, “uni”, é uma iguaria oferecida em porções inversamente proporcionais ao preço. Mas no Terminal Pesqueiro as ovas de ouriço são artigo comum, vendidas em pequenos baldinhos, tipo aqueles em que se compram castanhas e damascos secos em mercados brasileiros. Custam não mais que R$ 20. Dá para comer um “baldinho” desses tranquilamente, de colher. Fiz isso mais de uma vez.

Também são destaque os ceviches, que podem ser feitos de uma infinidade de moluscos e peixes locais. Tanto os ceviches já prontos, armazenados em grandes vasilhas, como os improvisados na hora (o vendedor pega o fruto do mar escolhido e joga sobre ele o caldo cítrico característico do ceviche). Mais cebola, coentro e o “pebre”, o delicioso vinagrete local.

Moldadas e fritas na hora, as empanadas de frutos do mar também são deliciosas (minha favorita: polvo com queijo). Algumas vêm tão sequinhas que parecem saídas do forno, não da frigideira.

E, já que o assunto são empanadas, e saindo agora do Terminal Pesqueiro, uma visita a Antofagasta nunca será completa sem conhecer as Empanadas Florencia. Lista infindável de sabores, não só de frutos do mar. Fritas, sem serem oleosas. Mas prepare a paciência: o lugar está sempre cheio, e o serviço é lentíssimo e desorganizado (quase uma regra em Antofagasta).

Quando se cansar do clima informal, o destino certo é o Tio Jacinto, no Centro. Restaurante pequeno, uma residência familiar adaptada.

O mobiliário faz lembrar as churrascarias de bairro de Buenos Aires. Mas, aqui, brilham muito os peixes e frutos do mar.

O serviço, ótimo, se equilibra entre o profissional e o caseiro. A própria dona supervisiona a cozinha. A carta de vinhos é variada, e as recomendações, precisas e sem afetação.

Destacam-se os “ostiones (vieiras) a lo Castillo”, a especialidade da casa. Vieiras tão frescas e suculentas, só provei em Hokkaido, norte do Japão. Aqui, elas vêm num marinado de limão e vinho branco, além dos obrigatórios coentro e cebola. Nada que ofusque o sabor principal.

Antofagasta é mais que uma parada rumo ao Atacama. Não é barata (os preços se comparam aos de São Paulo), mas sua culinária baseada em produtos frescos do Pacífico faz da cidade um destino em si. Aproveite enquanto não vira moda!

 

Pacotes

R$ 1.648 
7 noites, na Submarino Viagens 
Pacote para Antofagasta entre 16 e 23 de setembro. Sem passeios. Inclui passagem aérea a partir de São Paulo


R$ 2.035 
4 noites, na Expedia 
Pacote para Antofagasta entre 4 e 8 de agosto. Inclui café da manhã e passagem aérea a partir de São Paulo

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