As viagens semanais que o fotógrafo Daniel Moreira, 40, costumava fazer entre a sua cidade natal, Belo Horizonte, e Ipatinga (a 240 km da capital) fizeram com que ele prestasse atenção às paisagens das margens da BR-381, conhecida como estrada da morte mineira.
Foram oito anos repetindo o deslocamento. Durante esse tempo, ele registrou a transformação do lugar. As fotos, feitas entre 2011 e 2016, resultaram na série "Paisagem Ambulante 381".
O ensaio reúne fotos de casebres e retratos de andarilhos que Moreira encontrou nas margens da rodovia. Segundo ele, a ideia era ressaltar a presença humana no local, que passa despercebida pelos motoristas.
A falta de acostamentos na estrada dificultou as paradas do fotógrafo. Muitas vezes, quando ele cruzava com um andarilho, tinha que voltar parte do caminho a pé para fazer o retrato.
As conversas, segundo Moreira, costumavam durar poucos minutos. Segundo ele, os andarilhos fazem parte de um estilo de vida avesso ao consumo e à vida urbana. "Geralmente, são pessoas que escolheram viver sozinhas por desavenças familiares, por exemplo", diz.
Todas as fotos são em preto e branco e foram feitas em dias nublados. A ideia, segundo o fotógrafo, era tornar a série atemporal, sem que pudesse definir o dia ou horário em que a foto foi feita.
Para ele, o melhor jeito de se ambientar a um novo destino é viajando de carro. "Dá para notar a mudança de paisagens e de sotaques, além de conhecer a cultura do interior", afirma.
A série foi uma das premiadas no concurso de fotografia Marc Ferrez, da Funarte, em 2014. Quarenta fotos do trabalho estão em exposição no Centro Cultural Fiesp (avenida Paulista, 1.313, em São Paulo) até o dia 14 de outubro.
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