França celebra 500 anos da morte de Da Vinci com mostras e baile renascentista

Atrações acontecem em 2019 no Vale do Loire, onde gênio italiano passou últimos anos de sua vida

Quadro de Leonardo da Vinci reproduzido em tela translúcida no meio da vegetação dos jardins do castelo Clos Lucé, em Amboise

Quadro de Leonardo da Vinci reproduzido em tela translúcida no meio da vegetação dos jardins do castelo Clos Lucé, em Amboise Divulgação

Vale do Loire

​Todo mundo gosta de Leonardo. Todo mundo sabe que Leonardo da Vinci é italiano. Mas pouquíssimos sabem que ele viveu os últimos três anos de vida no Vale do Loire e que está enterrado na França há quase meio milênio. Pois no dia 2 de maio de 2019 completam-se 500 anos de sua morte, aos 67, e a região se prepara para a festa.

O castelo real de Amboise, cuja entrada custa € 11,70 (R$ 56), abriga o túmulo de Leonardo (1452-1519). Nada muito espalhafatoso, apenas uma pedra de mármore no chão de uma capela, e uma placa de metal com seu busto. O castelo, porém, é gigantesco. Com 220 cômodos, foi o jardim de infância de diversos reis, inclusive o de François 1º, que convidou Leonardo a vir à França.  

Leonardo chegou ao Loire em 1516 e foi nomeado “primeiro pintor, engenheiro e arquiteto real”. Recebeu um salário anual de 700 coroas de ouro e o uso do castelo de Clos-Lucé, que fica a 400 metros do castelo de Amboise. 

O italiano saiu de Roma aos 64 anos, montado em uma mula e levando alguns discípulos, manuscritos e obras-primas, entre elas “Mona Lisa” e “São João Batista”.

Com bela vista para o rio Loire, o castelo de Amboise é um exemplo da revolução arquitetônica que vinha da Itália: algumas pilastras são góticas e outras, construídas pouco depois, já são no estilo renascentista. 

A partir de 2 de maio de 2019, Amboise (chateau-amboise.com) abre uma megaexposição em torno da pintura “A Morte de Leonardo da Vinci nos Braços de François 1º” (1781), de Ménageot, que mede quase 3 por 4 metros.

Obras de diversas coleções completarão a exibição, que tem um objetivo incomum e inteligente: explicar como a amizade entre o rei e o artista foi reescrita através dos séculos para servir aos interesses da monarquia francesa, também em constante mutação.

Em tempo: a cena retratada jamais aconteceu. François 1º não estava presente quando Leonardo morreu. 

O castelo convidou o festejado grafiteiro italiano Ravo a reproduzir partes da obra de Ménageot (1744-1816) em abril de 2019 em paredes da edificação, na frente do público. O resultado será mantido por quatro meses.

E se você é da balada não pode perder o Grande Baile da Renascença em 25 de julho, com  instrutor de dança e músicos tocando apenas instrumentos da época. Entrada a € 12 (R$ 58) e aluguel de roupas a € 35 (R$ 169). 

A uma caminhada dali, fica o castelo de Clos-Lucé (vinci-closluce.com), onde Leonardo viveu seus três últimos anos. O prédio abriga seu quarto, onde morreu, sua oficina e laboratórios, com alguns móveis da época. Na oficina do gênio estão dispostos os artefatos para a preparação de pigmentos e cores para as tintas, por exemplo. 

Mas o melhor está nos jardins, onde estão expostas suas invenções construídas em tamanho natural, como o tanque de guerra, a ponte móvel e a máquina voadora. Alguns quadros e desenhos foram reproduzidos em telas translúcidas com até quatro metros no meio da vegetação. Para entrar, são € 15,50 (R$ 74).

No castelo, que é pequeno e não chega a impressionar, pode-se visitar a cozinha, que era o território de Mathurine, a chef de Da Vinci. Ele era vegetariano e cunhou um conselho: “Se queres permanecer saudável, segue esta dieta: não comas sem ter vontade”. 

Estética psicodélica surpreende turista em Chambord


De todos os castelos da França, Chambord é uma construção única. Parece a criação de uma mente cheia de LSD embalada por um disco psicodélico do Pink Floyd. Aliás, se o Pink Floyd não tivesse feito um disco nas ruínas de Pompeia, estaria  em casa entre os tijolos brancos de Chambord.

Ao chegar próximo ao castelo, o seu cérebro parece estar te enganando. Lá no alto, há uma série de torres quadradas e redondas, com diagonais, retângulos e círculos, empilhadas e com uma arquitetura simbiótica, entre o estilo gótico flamboyant e o renascentista, tudo aparentemente sem razão de existir. 

E não tem mesmo razão prática. Por muitos anos se divulgou que François 1º mandou construir Chambord para lhe servir como um centro para caçadas na região. 

Mas a finalidade é simbólica, estética e espiritual. Foi para demonstrar força a outros reis e celebrar Deus que o rei francês construiu algo dessa magnitude, incluindo estranhos terraços, que representam uma cidade eterna.

Ao entrar no castelo (€ 13, R$ 62), outra surpresa: uma escada em dupla hélice, que por muitos anos se atribuiu a Da Vinci, na qual os visitantes jamais se encontram. As últimas notícias que vêm de lá é que Leonardo da Vinci não trabalhou no projeto. Os folhetos de visita e mesmo o site do castelo (chambord.org) ainda apontam Leonardo como “o cérebro por trás da obra de François 1º”. 

Mas o guia que recebeu a reportagem da Folha e outros jornalistas em julho deste ano informou que novos estudos, que seriam publicados no fim de 2018, apontarão que o artista italiano no máximo viu os projetos, mas não teve tempo de trabalhar neles.

Nas cercanias do castelo, foi aberto neste ano o quatro estrelas Relais de Chambord (relaisdechambord.com), com quartos a partir de 150 (R$ 725), que oferece também os serviços do ótimo restaurante Le Grand Saint Michel para almoço e jantar.

O jornalista viajou a convite da Air France e da Atout France

 

PACOTES

R$ 3.365
4 noites em Vouvray, na Expedia (expedia.com.br)
Preço válido para pacote entre os dias 9 e 13 de novembro. Inclui hospedagem em quarto duplo, sem café da manhã e sem passeios. Com passagem aérea a partir de Guarulhos (SP)

US$ 1.046 (R$ 4.330)
2 noites em Tours, na New Age (newage.tur.br)
Pacote com hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios em castelos e vinícolas, com degustação. Com guia, traslados e seguro-viagem. Sem passagem aérea

€ 1.165 (R$ 5.626)
7 noites, na Venice Turismo (veniceturismo.com.br)
Quatro noites em Paris, uma em Caen, uma em Rennes e uma em Tours. Hospedagem com café da manhã, passeios, traslados, guia e seguro-viagem. Sem aéreo

€ 1.365 (R$ 6.592)
7 noites no Vale do Loire, na Maringá Lazer (maringalazer.com.br)
Roteiro pelos castelos do Vale do Loire. Inclui hospedagem em quarto duplo com café da manhã e passeios. Sem passagem aérea

€ 1.400 (R$ 6.762)
3 noites em Amboise, na Tereza Ferrari Viagens (terezaferrariviagens.com.br)
Hospedagem em apartamento duplo com café da manhã. Inclui excursões para castelos da região. Com guia. Sem aéreo

€ 1.630 (R$ 7.872)
5 noites em Paris e Noizay, na Interpoint (interpoint.com.br)
Roteiro com três noites em Paris e duas em Noizay, no Vale do Loire. Hospedagens em quarto duplo, com café da manhã, passeios e aluguel de carro. Não inclui passagem aérea

US$ 6.247 (R$ 25.862)
12 noites no Vale do Loire, na Sem Fronteiras (semfronteiras.tur.br)
Roteiro por Reims, Beaune, Aix en Provence, Carcassone, Bordeaux e Tours, com café da manhã. Inclui passeios e visitas a castelos. Sem aéreo

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