British Museum incorpora obra infiltrada pelo artista Banksy

Peça instalada sem autorização pelo grafiteiro britânico no museu faz parte de exposição em cartaz até janeiro

São Paulo

Uma obra plantada pelo artista britânico Banksy no acervo do British Museum, em Londres, foi oficialmente incorporada a uma das exposições da instituição.

Tudo começou como uma pegadinha, em 2005. O artista simplesmente pendurou a peça, batizada de "Peckham Rock" (pedra de Pekcham, distrito da capital britânica), em uma parede do espaço, junto com uma descrição idêntica à que acompanha as outras obras e até um código usado para identificar a coleção do museu. Funcionários só notaram o objeto infiltrado após três dias, graças a uma dica do próprio grafiteiro. Ele desafiava, em seu site (banksy.co.uk), o público a encontrar a obra.

A estreia oficial da pedra no museu, um dos mais tradicionais do mundo, aconteceu neste ano, na exposição "Ian Hislop's Search for Dissent" (a busca de Ian Hislop pela discordância), em cartaz até 20 de janeiro. Hislop é editor da revista satírica Private Eye.

'Peckham Rock' (a pedra de Peckham), obra 'plantada' pelo artista Banksy, em 2005, no British Museum
'Peckham Rock' (a pedra de Peckham), obra 'plantada' pelo artista Banksy, em 2005, no British Museum - Divulgação

A obra, que imita uma pintura rupestre, retrata um homem empurrando um carrinho de supermercado e um animal alvejado por flechas. 

A descrição é igualmente um chiste. Segundo o texto, o exemplar de "arte primitiva" data da era "pós-catatônica" e seu autor, conhecido pelo apelido "Banksymus Maximus", tem uma "produção substancial espalhada pelo sudeste da Inglaterra". 

Termina com um tom de rebeldia, marca do artista: "A maioria [das obras de Banksymus Maximus] é destruída por zelosos governantes que não reconhecem o mérito artístico e o valor histórico de pintar paredes". Banksy ficou conhecido pelos grafites espalhados em muros de grandes cidades.

A exibição da peça é "prova de que o British Museum consegue aguentar uma piada", afirmou Hislop ao jornal britânico The Guardian.

Para a exposição, ele escolheu cerca de cem peças do acervo da instituição que contam histórias de "discordância, subversão e sátira".

Está lá, por exemplo, uma edição de 1631 da Bíblia do rei James (tradução feita sob o governo de James 1º) que contém dois erros. 

Um deles é o incentivo, acidental ou não, a casos extraconjugais, pela supressão do "não" no enunciado do sétimo mandamento, "não cometerás adultério". Outro é a grafia da expressão "God's greatness" (a grandeza de Deus), trocada no exemplar por "God's great asse" (que pode ser lida como a grande bunda divina).

Um dos objetos mais recentes é um gorro rosa que virou símbolo da Marcha das Mulheres realizada em Washington (EUA), no começo do ano passado, em protesto à posse do presidente Donald Trump.
O ingresso para adultos custa 12 libras (R$ 56). Informações em britishmuseum.org.

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