Festa medieval em cidade vizinha ao Porto reconta história de Portugal

Danças, fantasias e encenações de combates tomam o centro histórico de Santa Maria da Feira

Santa Maria da Feira (Portugal)

O rei de Portugal caminha imponente pelas ruas rodeado pela nobreza, enquanto, a poucos metros dali, trovadores entretêm os plebeus com muita música e dança. Simultaneamente, vendedoras anunciam seus produtos entre a multidão que lota tavernas e se arrisca no arco e flecha e nos combates com espadas de madeira. 

Apesar dos elementos fiéis ao passado, essas cenas se passam nos dias atuais, em pleno centro histórico de Santa Maria da Feira, que abriga um castelo. A cidade é vizinha do Porto, no norte de Portugal. 

Todos os anos, a Câmara Municipal (equivalente da prefeitura) e os moradores se mobilizam para criar a maior feira medieval do país —e uma das maiores da Europa.

Em 2018, a Viagem Medieval de Santa Maria da Feira encerrou sua 22ª edição com recorde de público. Quase 700 mil pessoas passaram pelo evento —que ocupa 33 hectares e tem mais de 2.000 artistas— entre 1 e 12 de agosto.

Com a abundância de castelos e de cidades de herança medieval na Europa, as feiras que recriam o período são bastante comuns no verão local, acontecendo inclusive em várias cidades de Portugal. O diferencial é que, em Santa Maria da Feira, o evento tem ares de superprodução. 

Com investimento de 1,3 milhão de euros (cerca de R$ 6 milhões), a feira para a cidade. O centro histórico, onde, além do castelo, ficam as tradicionais ruas de paralelepípedo, é fechado para a circulação normal.

Para fazer o visitante mergulhar no mundo da Idade Média, os carros são proibidos de rodar no perímetro da festa. Placas de trânsito também são camufladas por panos e as ruas da cidade ganham barraquinhas medievais e bandeirolas como adorno.

Copos de plástico e cubos de gelo, inexistentes no período medieval, não têm vez no evento. As bebidas são servidas em canecas de barro temáticas com a marca da feira.

Os portões são abertos às 12h, mas a festa costuma animar no fim da tarde, quando o calor ameniza e os visitantes tomam conta do espaço. 

A oferta de atrações é variada e sempre há mais de uma coisa acontecendo ao mesmo tempo. Trupes de músicos e dançarinos, entre profissionais e amadores, se revezam na animação. Ao longo do dia, espetáculos que recriam passagens históricas acontecem em diversos pontos da feira. 

As produções mais extensas e caprichadas ficam reservadas para o período da noite e recontam episódios marcantes da trajetória de Portugal.

“Todos os anos, nós nos dedicamos a contar um ponto específico da história de Portugal. Neste ano, a ênfase foi no reinado de d. Pedro 1º, que ficou marcado pelo assassinato de sua grande paixão, Inês de Castro, e de sua vingança cruel contra os assassinos”, conta João Aires, um dos responsáveis pela organização da festa. 

Além dos espetáculos, a feira tem áreas temáticas, como o souk, um mercado árabe, além de um centro de atividades para crianças e atividades como arco e flecha e escaladas. 

A feira tem ainda demonstrações da vida cotidiana do século 14, como acampamentos militares e mesmo uma cozinha da antiguidade. 

Em 2019, a Viagem Medieval acontece entre 31 de julho e 11 de agosto, tendo como tema o reinado de d. Fernando, conhecido como o “o Belo”, que subiu ao trono aos 22 anos e governou entre 1367 e 1381.
Os ingressos diários custam entre 2,50 euros e 4,50 euros (aproximadamente R$ 11,60 e R$ 21). Há pacotes com desconto para famílias e para mais de um dia de visita.

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