Pé-d'água, barco quebrado e muito enjoo marcam passeio até a ilha de Boipeba

Repórter relata perrengue de viagem em travessia entre ilhas no litoral baiano

Carolina Muniz
Morro de São Paulo

Se você é do tipo que enjoa sempre que anda de barco, visitar uma ilha é pedir para passar perrengue. Foi o que aconteceu comigo.

Tirando aqueles que optam (e podem pagar) pelo táxi aéreo, a maior parte dos turistas encara o mar para chegar a Morro de São Paulo (BA). O que dá para escolher é a duração do sofrimento. 

Saindo de Salvador, é possível pegar um catamarã direto para Morro. Para quem enjoa, essa é a maior cilada. Ouvi relatos de pessoas com estômago forte que não resistiram às duas horas e meia de balanço em mar aberto.

Fiz o trajeto marítimo-terrestre-marítimo, por uma operadora de turismo. Foram 40 minutos de barco pelas águas tranquilas da baía de Todos os Santos até a ilha de Itaparica. Depois, mais uma hora e meia de ônibus até Valença e 12 minutos de lancha.

Apesar de um pouco mareada, cheguei ilesa. Mas a sensação de vitória durou pouco.

Metade da foto está dentro d'água e a outra metade, fora. Sobre o mar, tem uma lancha parada
Barco com jornalistas quebra em alto mar a caminho da Ponta dos Castelhanos, em Boipeba - Danilo Verpa/Folhapress

O melhor jeito de conhecer a ilha de Tinharé e a vizinha Boipeba é de lancha. Até aí, OK: mais rápida, lancha não costuma ser um problema.

Mas, primeiro, veio a chuva. Estávamos no barco, prontos para deixar a Terceira Praia, quando o pé-d’água começou. 

O grupo era composto por jornalistas que viajavam a convite do município. Todos quiseram se proteger na parte coberta da lancha. O peso ficou mal distribuído pela embarcação, e o piloto não quis sair.

O balanço já estava me fazendo mal quando o tempo abriu e pudemos seguir viagem. Quase recuperada, dispensei o remédio para enjoo.

A caminho da Ponta dos Castelhanos, na ilha de Boipeba, a lancha pifou: diminuiu a velocidade até parar de vez. Era possível enxergar a costa e seus coqueiros, mas nenhum ser humano. Estávamos longe para chegar nadando até lá.

Com o mar agitado, o barco subia e descia pelas ondas. A promessa era que em 20 minutos seríamos resgatados.

Resolvi tomar o remédio contra enjoo logo que o barco quebrou, mas já era tarde demais. Após me assegurar de que não havia tubarões por ali, joguei-me na água para tentar amenizar o efeito do balanço das ondas, amparada por uma boia. 

Depois de mim, os outros foram se lançando —até uma jornalista que não sabia nadar vestiu um colete salva-vidas e se amarrou ao barco, porque, enjoada, não conseguia mais ficar dentro dele.

Mais de uma hora se passou até a lancha de resgate aparecer. Sem condições de reagir, contei com ajuda para subir nela. Só depois de uns 30 minutos, chegamos à Ponta dos Castelhanos —um lugar, em muitos sentidos, inesquecível. 

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