Prepare-se para encarar altos e baixos em Morro de São Paulo, na Bahia

Vila a 60 km de Salvador é cheia de ladeiras, que dão acesso a mirantes e praias

Foto do alto, feita com drone, do morro, com fortaleza em primeiro plano e farol

Ilha de Tinharé, onde fica a vila de Morro de São Paulo, com a fortaleza, construída a partir de 1630, em primeiro plano Danilo Verpa,/Folhapress

Carolina Muniz
Morro de São Paulo

​​Se seu próximo destino for Morro de São Paulo, na Bahia, aqui vai um conselho: leve pouca coisa ou apele para mala de rodinha. Isso, claro, se pretende carregar a bagagem por conta própria até o hotel.

A vila está a cerca de 60 quilômetros de Salvador (em linha reta), na ilha de Tinharé, que pertence ao município-arquipélago de Cairu. Este, por sua vez, engloba a ilha de mesmo nome, a ilha de Boipeba e outras 23.

Logo após a chegada de barco ao Morro, o turista já tem de enfrentar uma ladeira de tirar o fôlego —literalmente. Depois, encontra mais descidas e subidas, que fazem o destino inacessível a pessoas com dificuldade de locomoção.

Se não der para economizar nas malas, é bom pegar um táxi. Em Morro, isso significa contratar os serviços de um dos carregadores que ficam à espera dos turistas no píer com seus carrinhos de mão.

Ao todo, no povoado, são cerca de 200 carregadores, que se organizam em quatro associações: uma responsável pelo transporte dos pertences dos moradores e outras três que atendem aos turistas. O preço varia de acordo com o tamanho da bagagem: R$ 10, R$ 15 ou R$ 20.

Carros não entram na ilha. Nas ruelas, circulam apenas pedestres. Há uma estrada de terra por onde passam veículos de serviço e de hotéis.

Quem visita Morro é obrigado a pagar uma taxa de R$ 15, independentemente do tempo de estadia. A cobrança é uma tentativa de restringir o acesso à vila, que tem em torno de 8.000 habitantes e recebe 400 mil turistas por ano, com maior procura no período de outubro a março.

Entre março e julho, há outro fluxo importante: o de viajantes israelenses. Em geral, são grupos de jovens recém-saídos do serviço militar obrigatório, que descobrem o destino pelas redes sociais.

Partindo de Salvador, é possível pegar um catamarã para Morro (são duas horas e meia de viagem). Não é recomendado, porém, para quem costuma enjoar em embarcações.

A alternativa é fazer um trajeto marítimo-terrestre-marítimo, por conta própria ou por meio de operadoras de turismo. Nesse caso, são 40 minutos de barco até a ilha de Itaparica, uma hora e meia de ônibus até Valença e mais 12 minutos de lancha até Morro.

O portal do vilarejo, por onde passam todos aqueles que chegam, é o mesmo da Fortaleza de Morro de São Paulo. A fortificação começou a ser construída em 1630 para defender a região de invasores. Foi desativada em 1907 e acabou em ruínas, mesmo tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1938.

Após uma restauração, entre 2009 e 2017, o espaço ganhou estrutura para virar museu, cujo funcionamento ainda depende de licitação.

Hoje, podem ser acessadas a parte externa do forte e a muralha de 678 metros para chegar até ele. A visita, gratuita, pode ser feita das 9h às 18h30. Mas o horário de maior movimento é ao entardecer.

O pôr do sol é um grande evento em Morro. Outros locais perto da fortaleza são disputados pelos turistas para assisti-lo: o restaurante ao ar livre do hotel Portaló e, no alto do morro, o bar Toca do Morcego e o Mirante do Farol.

O lounge da Toca do Morcego tem mesas e pufes em meio às árvores e música eletrônica. Oferece uma das melhores vistas do entardecer —um pouco comprometida, porém, pela quantidade de selfies. A entrada custa R$ 15 e uma cerveja long neck, R$ 12.

Para ir ao mirante, é preciso continuar a subida por mais alguns minutos. No fim do caminho, à esquerda, chega-se a um deque, à beira de um barranco: uma vista igualmente bonita —e gratuita.

À direita, há outro mirante de onde se tem boa visão das praias. De lá sai uma tirolesa com 70 metros de altura e 340 metros de extensão. A descida custa R$ 50 por pessoa e acaba no mar, na Primeira Praia.

Em Morro, as praias são nomeadas em sequência: Primeira, Segunda, Terceira, Quarta e Quinta. Quanto menor o número da praia, mais perto ela fica da vila —e suas lojas, pousadas e restaurantes ao longo da rua principal.

Com mais ondas, a Primeira Praia é menos frequentada pelos turistas, que se concentram, sobretudo, na Segunda, em razão da boa estrutura de restaurantes e das águas tranquilas.

A Terceira é o ponto de saída dos passeios de barco. Já a principal atração da Quarta Praia são as piscinas naturais que se formam na maré baixa. Ali, nem é preciso mergulhar para ver peixes. 

À frente, está a Quinta, também conhecida como praia do Encanto. Com poucos hotéis, é ideal para se afastar da muvuca. Quando a maré fica baixa, ganha uma larga faixa de areia, emoldurada por um manguezal.

Outra praia que merece ser visitada é a Gamboa. Dá para ir para lá de barco ou por uma caminhada de cerca de 40 minutos, a partir do píer de Morro de São Paulo. O percurso só pode ser feito na maré baixa e passa por meio de pedras e pontes não muito seguras.

Turistas lambuzados de lama dos pés à cabeça são sinal de que se chegou ao povoado da Gamboa. Ali, há um paredão de argila, anunciada como medicinal.

A praia tem quiosques para quem quer passar o dia no local e, para almoço, uma boa opção é o restaurante Nativas, na vila de pescadores. O arroz de polvo, para duas pessoas, custa R$ 110.

O viajante que não tem muito tempo pode ter uma noção geral do arquipélago ao fazer um passeio de barco de volta à ilha, que para em alguns pontos de Boipeba e no centro histórico do município, em Cairu. Custa R$ 130 por pessoa.

Quem diz ter criado o passeio é o Alemão, folclórico guia turístico de Morro. Capixaba, ele viajou para o povoado há 28 anos e, apaixonado pelo destino, por lá ficou.

Além de saber tudo sobre o arquipélago, Alemão é conhecido por se apresentar para os turistas com o seu trompete de mão —com a boca, faz o som do instrumento, simulando-o com as mãos. 

Se quiser conhecê-lo e não o vir tocando pelas ruelas de Morro, basta perguntar a qualquer morador, que com certeza saberá onde encontrá-lo.

A repórter Carolina Muniz e o fotógrafo Danilo Verpa viajaram a convite da Secretaria de Turismo de Cairu (BA).

 

Pacotes

R$ 1.028
4 noites em Morro de São Paulo, na CVC (cvc.com.br)
Hospedagem em quarto duplo com café da manhã. Preço válido para estadia a partir de 25 de novembro. Não inclui passagem aérea

R$ 1.670
6 noites em Morro de São Paulo, na Maringá (maringalazer.com.br)
Pacote de 12 a 19 de fevereiro de 2019. Inclui estadia em acomodação dupla, café da manhã, traslado e aéreo a partir de Guarulhos (SP)

R$ 1.917
4 noites em Boipeba, na Freeway (freeway.tur.br)
Valor em acomodação dupla com café da manhã. Inclui traslado entre o aeroporto de Salvador e a ilha, passeios e seguro-viagem. Sem aéreo

R$ 2.095
7 noites em Salvador e Morro de São Paulo, na Flytour MMT (flytourmmt.com.br)
Viagem de duas noites em Salvador e cinco em Morro de São Paulo, com café da manhã e traslados. Inclui passeio para Boipeba e aéreo a partir de São Paulo

R$ 2.673 
5 noites em Boipeba, na Pisa (pisa.tur.br)
Inclui hospedagem em quarto duplo e café da manhã. Com passeios guiados, seguro-viagem e traslados entre o aeroporto de Salvador e a ilha. Sem aéreo

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