Gravatal e vizinhança em SC oferecem águas termais, serra, mar e ar europeu

A poucos quilômetros de estância hidromineral, turista encontra praia, montanha e redutos alemão e italiano

Escorregadores do parque Aquativo, parte do Hotel Termas de Gravatal, em Santa Catarina
Escorregadores do parque Aquativo, parte do Hotel Termas de Gravatal, em Santa Catarina - Divulgação
Luiz Antônio del Tedesco
Gravatal (SC)

Em uma localização estratégica, entre a serra e o mar, Gravatal é a capital catarinense das águas termominerais e possui um dos maiores complexos hidrominerais da região Sul. Há anos a cidade é um importante centro de relaxamento e tratamento de saúde.

As cerca de 2.000 pessoas que vivem na região da cidade onde ficam as termas veem o local receber, nos meses de julho, até 50 mil turistas.

O que atrai tanta gente é a água que brota do solo a 37°C e abastece quatro hotéis (Termas, Internacional, Cabanas e Termas do Lago) e um complexo aquático —pago— que pode ser frequentado pelos turistas que não estão hospedados nesses estabelecimentos.
 

E não é por acaso que essas termas recebem todo esse público. Em junho, em Foz do Iguaçu (PR), no festival Termatalia, que avalia a água mineral de várias cidades do mundo, a cidade reconfirmou o posto alcançado no ano passado na Espanha. Neste ano, a água gravataense ficou novamente em terceiro lugar entre as melhores do mundo.

Gravatal fica no centro da região Encantos do Sul, uma das 12 regiões turísticas em que é dividida Santa Catarina.

Os municípios vizinhos, repletos de atrações naturais, culturais, turísticas e gastronômicas, são parceiros da cidade, como explica o secretário de Turismo de Gravatal, Fabrício de Medeiros Medeiros.

“Tratamos nossa cidade como um polo indutor. É importante que o turista que vem para a região conheça, além das atrações de Gravatal, tudo o que está ao nosso redor.” 

Em um raio de 100 km, a região pode oferecer frio e neve, na Serra do Rio do Rastro, vinho com indicação de origem, nos vales da uva goethe, em Urussanga, o litoral, com a histórica cidade de Laguna, e, em São Martinho, a colonização alemã.

Em direção ao litoral, o maior atrativo é Laguna, que fica a 45 km de Gravatal. A cidade onde viveu Anita Garibaldi tem ruas estreitas de paralelepípedos e um preservado casario colonial português.

O museu Anita Garibaldi fica num prédio que começou a ser erguido em 1735 para ser o paço do Conselho, uma espécie de Câmara de Vereadores.

Mas a maior atração arquitetônica da cidade é o farol de Santa Marta, com 29 metros de altura, e instalado sobre um morro de 45 metros, de onde se tem, obviamente, uma ampla visão do mar.

Uma atração curiosa em Laguna é observar os botos auxiliarem os pescadores na pesca da tainha. Com movimentos circulares, os botos agrupam os peixes e os encaminham para os pescadores. Quando o pescador lança a rede, algumas tainhas ficam presas e outras fogem, sendo mais facilmente capturadas pelos botos.

Cerca de 65 km a oeste de Gravatal fica a famosa Serra do Rio do Rastro, que começa a poucos metros de altitude, no município de Lauro Muller, e termina a 1.421 metros, já em Bom Jardim. O charme da espremida estradinha são suas incontáveis curvas. Ou melhor, não tão incontáveis. São 284, em 25 km.

A subida exige paciência, e, por vezes, como diz o secretário Medeiros, é possível enxergar a traseira do próprio carro de tão fechada que é a curva. Do mirante, no topo da estrada, vê-se todo o vale. E como toda a serra é iluminada, vale a pena esperar o anoitecer.

Início da tirolesa La Vista, que passa pelas montanhas no vale do rio Capivari, em São Martinho (SC)
Início da tirolesa La Vista, que passa pelas montanhas no vale do rio Capivari, em São Martinho (SC) - Luiz Del Tedesco/Folhapress

Em direção norte,  São Martinho traduz a colonização alemã

Cerca de 40 km ao norte de Gravatal (SC) fica São Martinho. O atrativo final do percurso é o restaurante Fluss Hauss, que começou,em 1996, fazendo biscoitos, mas cresceu tanto que mudou a vida da cidade de colonização alemã. 

Hoje, boa parte da população trabalha ali, seja decorando à mão os biscoitos, seja atendendo os cerca de 1.200 clientes que visitam o local aos fins de semana.

Mas o Fluss Hauss pode ser só uma desculpa para uma viagem por verdes vales, em que  bucólicas estradinhas de terra levam a lugares que parecem parados no tempo. 

Se tiver coragem, embarque na tirolesa La Vista. São duas, uma com 400 metros de comprimento e outra com 300. Elas levam de um lado a outro do vale, cruzando o pequeno rio Capivara. Não tem coragem? Arranje!

Ao passar por Vargem do Cedro pare na Geschäftshaus Feuser e bata um papo com o senhor José Feuser. Com sua singeleza, do alto de seus 88 anos, ele irá te contar tudo sobre o lugar onde nasceu e vive até hoje. E mostrar as cinco marcas de bitter que são fabricadas ali. A preferida dele é um pouco adocicada, mas há para todos os gostos.

Agora aponte seu carro para o sul e encontre um pedacinho da Itália no Brasil. De Gravatal a Nova Veneza são 80 km.

Os primeiros imigrantes chegaram ao local onde ergueriam a cidade, em 1891. Eram 400 famílias do norte da Itália. A italianidade continua no ar —95% dos habitantes descendem de italianos.

A cidade possui um casario histórico bem conservado, e ainda estão de pé muitas das casas de pedras erguidas pelos primeiros moradores.

Os eventos mais importantes acontecem em junho. 

A Festa da Gastronomia representa bem a tradição dos colonizadores na “capital nacional da gastronomia típica italiana”. Os restaurantes oferecem pratos típicos locais, adaptações da culinária do norte da Itália, como a fortaia, uma espécie de omelete com salame picado.

É durante essa festa que acontece o Carnevale di Venezia, nos moldes do original, com muita música, máscaras e fantasias pelas ruas.

Nos quatro dias de celebração, a cidade de 14 mil habitantes recebe 100 mil turistas. Em finais de semana normais, 3.000 pessoas a visitam.

Nova Veneza tem ainda um atrativo quase exclusivo. É uma das quatro cidades do mundo que receberam uma gôndola da prefeitura de Veneza —as outras são Toronto (Canadá), São Petersburgo (Rússia) e Pequim (China). Lucille, assim se chama, chegou em 2006 e fica ancorada em uma “piscina” na praça central, onde os turistas podem embarcar para fazer fotos.

Mas Susan Bortoluzzi Brogni, secretária de Turismo de Nova Veneza, tem outros planos. “Meu sonho é construirmos uma outra gôndola e um canal para que as pessoas possam navegar. Não será com a Lucille. Esta ficará preservada. É nosso patrimônio.”

 

Vinhedo
Vinhedo da vinícola Casa Del Nonno, em Urussanga (SC), região que produz vinho branco com uva tipo goethe - Divulgação
 

Região produz vinho branco com uva tipo goethe

Costuma-se atribuir ao autor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) a máxima de que a vida “é muito curta para ser desperdiçada com mau vinho”.

Pois foi daí que veio então à cabeça do norte-americano Edward Rogers, apaixonado por vinhos e pela obra do pensador alemão, chamar de goethe a variedade de uva branca que desenvolveu no estado de Massachusetts por volta de 1850 (uma mistura que utilizou 13% de uvas americanas e 87% de europeias, principalmente a moscato).

A variedade espalhou-se pelo mundo e, pelas mãos de imigrantes italianos, acabou chegando à região de Urussanga, em Santa Catarina, no início do século 20.

A uva adaptou-se muito bem ao clima e ao solo local e permitiu muito semelhantes aos que os italianos consumiam em seu país, em especial na região do Vêneto e do Trento.

A época áurea da produção foi entre os anos 1930 e 1960, quando se produziam mais de 2 milhões de litros por ano.

A fama foi tanta que o presidente Getúlio Vargas exigia esses vinhos nas recepções que aconteciam no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. À época, o vinho ainda era conhecido fora de sua região como o “vinho branco de Urussanga”.

Em 2005, foi fundada a associação dos produtores de vinho goethe (Progoethe) e, em 2012, o vinho recebeu o selo de indicação geográfica.

Atualmente, os 55 hectares de uva goethe estão distribuídos em cerca de 30 propriedades na região denominada Vales da Uva Goethe, que abrange os municípios de Pedras Grandes, Urussanga, Cocal do Sul e Orleans. 

“Com a goethe produzimos vários tipos de vinho, como o tradicional, os espumantes e até o licoroso”, diz Matheus Damian, enólogo e gerente-geral da vinícola Casa Del Nonno, que produz 100 mil litros da bebida por ano, principalmente espumantes.

No valesdauvagoethe.com.br é possível agendar um tour pelos vinhedos da região.

Pacotes de viagem

R$ 790 
4 noites, na Azul 
Em Gravatal, com café da manhã. Preço por pessoa. Com aéreo saindo de Campinas

R$ 1.441 
4 noites, na Azul  
Em Florianópolis, com café da manhã. Inclui tour pela Serra Catarinense e traslados. Preço por pessoa. Com aéreo a partir do aeroporto de Campinas

R$ 1.650 
3 noites, na FlyTour  
Em Florianópolis, com café da manhã. Inclui tour pela Serra do Rio do Rastro, seguro-viagem, traslados e guia local. Preço por pessoa. Com passagens aéreas

R$ 1.670 
2 noites, na Expedia  
Em Gravatal, com café da manhã. Preço por pessoa. Com passagens aéreas a partir de São Paulo

R$ 1.870 
5 noites, na RCA 
Entre Florianópolis e Gravatal, com café da manhã na primeira cidade e pensão completa na segunda. Inclui traslados, seguro-viagem e city tour em Florianópolis. Valor por pessoa. Com passagens a partir de São Paulo

R$ 5.774 
7 noites, na CVC 
Em Gravatal, com café da manhã. Preço para duas pessoas. Não inclui passagens aéreas

O jornalista viajou a convite da Secretaria de Turismo de Gravatal

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