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No interior do Pará, festejo do boi tem que ter máscara

Fotógrafo registra desfiles tradicionais de São Caetano de Odivelas

Três festeiros usam máscaras brancas e adereços coloridos na cabeça durante desfile em São Caetano de Odivelas

'Pierrôs', foliões durante desfiles do Boi de Máscaras, em São Caetano de Odivelas (PA) Ratão Diniz

São Paulo

Fantasias e cabeças gigantescas de papel machê dão cor aos desfiles do Boi de Máscaras, festa tradicional de São Caetano de Odivelas (a 113 km de Belém, no Pará).

Os festejos acontecem em junho e julho desde 1937, mas o primeiro ocorreu em 1930, diz Rondi Palha, historiador e coordenador do Boi Faceiro (um dos 12 grupos deste ano).

Os corpos dos bois são estruturados por varas de jeniparana, vegetal flexível e abundante na região, e revestidos de veludo na cor do animal. Cada um deles é seguido por figuras mascaradas e orquestra com trompete e curimbó, espécie de tambor indígena.

A festa é agitada por três personagens principais: "pierrôs", foliões que usam máscara branca e roupas de cores fortes; "cabeçudos", identificados pelas máscaras de tamanho exagerado, que chegam à cintura do festeiro; e "buchudos", termo que designa quem vai aos desfiles com fantasias improvisadas.

 

O roteiro é definido por moradores, que doam até R$ 20 para os grupos pararem em frente às suas casas. A festa lembra a do Boi-Bumbá do Maranhão, segundo o historiador. A diferença é que, no Boi de Máscaras, em vez de o animal morrer e ressuscitar, ele foge para voltar no ano seguinte.

Os cortejos chegam a atrair até 200 mascarados, além do público que sai às ruas apenas para assisti-los.

O carioca Ratão Diniz, 34, passou 21 dias na cidade para fotografar os cortejos. Essa foi a sua primeira vez em São Caetano de Odivelas.

Ele registra festas com mascarados pelo país, como a dos Caretas de Potengi, no Ceará. Diniz conta que a inspiração do projeto vem de sua infância, quando observava os Bate-Bolas, figuras tradicionais do Carnaval no subúrbio do Rio. "Sempre que visito uma nova cidade, pergunto se há uma dessas tradições por lá", conta.

Além dessa série, que ele pretende transformar em livro, Diniz desenvolve projetos de fotografia documental em comunidades do interior do Brasil, tendo trabalhado com a secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura e com a Petrobrás.

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