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La Paz ganha ar cosmopolita sem perder tradições nem preços baixos

Restaurantes renomados, baixa gastronomia e heranças dos Andes convivem na capital da Bolívia

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Prédios do centro de La Paz, capital da Bolívia; ao fundo, a montanha Illimani

Prédios do centro de La Paz, capital da Bolívia; ao fundo, a montanha Illimani Fellipe Abreu/Folhapress

Luiz Felipe Silva
La Paz

Já na chegada à cidade de La Paz, a capital boliviana, o visitante sente um forte impacto, principalmente físico.

Aterrissar no aeroporto de El Alto, localizado na cidade homônima que já foi um bairro “paceño” (de La Paz), localizado 4.061 metros acima do nível do mar, pode ser um desafio para quem não está acostumado à altitude. Os sintomas são dor de cabeça, enjoo, tontura e falta de ar.

Uma alternativa para sentir menos os efeitos do “soroche” (conhecido como mal da montanha), embora mais trabalhosa, é ir de avião até Santa Cruz de la Sierra (a pouco mais de 400 metros de altitude) e subir a Cordilheira dos Andes de ônibus, em uma viagem que dura aproximadamente 18 horas.

El Alto está cerca de 400 metros acima de La Paz. O que se vê, a partir do aeroporto, é um vale dominado pela cor ocre das casas sem pintura e sem acabamento. Algumas das montanhas que o cercam são áridas, enquanto outras mantêm uma cobertura de neve. 

Esse quadro rendeu à capital boliviana um lugar entre as novas sete cidades maravilhosas do mundo —a lista foi produzida em 2014 pela fundação suíça New7Wonders.

Para ir ao centro da cidade, há duas opções: pegar um táxi (o valor é negociado sempre na hora, mas é comum que se feche em torno de 100 bolivianos ou R$ 58) ou usar uma das dez linhas de teleféricos que ligam a parte alta à baixa (a passagem custa 3 bolivianos ou R$ 1,70). É uma ótima forma de circular pela cidade e aproveitar a paisagem. 

Para quem procura um destino barato, uma boa notícia: com preços baixos (não só nos transportes), La Paz é hoje a capital sul-americana mais em conta para turistas.

No centro, a praça Murillo é o marco zero para as distâncias registradas no país inteiro e é também morada do Palácio Quemado, sede do governo federal boliviano.

Vagar pela região central pode ocupar um dia inteiro de viagem, mas, se o tempo estiver curto, concentre-se na Basílica de San Francisco, localizada na praça de mesmo nome, uma construção colonial de 1758, e no Museu da Coca (rua Linares, 906), que apresenta a história da planta a partir de dois pontos de vista —das tradições locais e do combate ao narcotráfico.

Para conhecer um pouco das tradições andinas, vale visitar a Feria de las Brujas (entre as ruas Melchor Jimenez e Linares), ainda no centro. No mercado a céu aberto, o visitante encontra lembrancinhas como cerâmicas de temática andina e roupas, além de folhas e chá de coca. Fetos de lhama, usados em ritos e “brujarias”, também ficam expostos.

Um traço marcante da cidade é o equilíbrio entre a manutenção de tradições e costumes indígenas (o país é uma República Plurinacional que reconhece 37 idiomas originários, além do espanhol) e as mudanças promovidas por uma economia que, na última década, avançou, em média, aproximadamente 5% ao ano.
Isso pode ser visto num movimento de valorização de uma alta gastronomia tipicamente boliviana, que vem ganhando espaço desde 2013.

A gênese foi o projeto Melting Pot Bolívia, liderado pelo chef e restaurateur dinamarquês Claus Meyer, sócio do restaurante Noma, eleito quatro vezes o melhor do mundo pela revista Restaurant. 

O objetivo dele era valorizar a cultura e os ingredientes locais. Assim, inaugurou o Gustu, que viria a ganhar destaque na gastronomia latino-americana.

Na lista Latin America’s 50 Best Restaurants de 2017, o restaurante ocupou a 28ª posição. Em 2016, a chef dinamarquesa que comandava a casa, Kamilla Seidler, levou o prêmio de melhor chef mulher da América Latina. 

Hoje, o restaurante é tocado pela boliviana Marsia Taha. Em seus menus-degustação (oito pratos por 430 bolivianos ou R$ 247, e 15 pratos por 560 bolivianos ou R$ 322) entram apenas ingredientes regionais: milho e batata dos Andes, surubins e trutas, cortes de lhama e alpaca e até raiz de cacto, além do cardápio de bebidas, com destaque para o singani, aguardente de uva que é patrimônio cultural.

O Gustu fica na zona sul, região mais nobre da capital. A área abriga outros restaurantes de alto padrão, como o Jardin de Asia, que mistura ingredientes amazônicos e andinos com técnicas asiáticas, e o Los Q’ñapés, café que serve pratos das terras baixas bolivianas.

Na baixa gastronomia, a comida “callejera” (de rua) domina o centro e o Mercado Lanza (equivalente a mercado municipal nas cidades brasileiras), também na região central. 

Fazem sucesso o sanduíche de chola (pernil suíno, cebolas temperadas com vinagre e pimenta e molho de ají amarelo —pimenta típica dos Andes) e o choripán (linguiça e molhos variados), o mais famoso é o da barraca de Doña Elvira, no último andar do mercado.

Passeio de bicicleta percorre os 60 km da Trilha da Morte

Os passeios mais populares nos arredores da cidade são a rota de bicicleta pela famosa Trilha da Morte, até a cidade de Coroico (a 100 quilômetros de La Paz e a uma altitude menor), a caminhada à montanha Chacaltaya e ao Vale de la Luna e o tour pelo sítio arqueológico Tiwanaku, localizado a cerca de 70 quilômetros da capital.

O primeiro deles explora o Camino a los Yungas, que, em 1995, foi apontado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) como a estrada mais perigosa do mundo —na época, cerca de 300 pessoas morriam por ano em acidentes na via.

São 66 quilômetros de pista de terra margeados por um precipício que chega a 600 metros de altura. Até 2007, era a única ligação entre a cidade de Coroico e a capital. Atualmente, há uma alternativa, mais longa, porém asfaltada. Assim, a Trilha da Morte se popularizou entre turistas aventureiros.

Embora a via seja aberta, fazer o trajeto sozinho é arriscado. Ainda hoje, há registros de mortes de viajantes.

Nas principais agências, que se concentram na rua Sagarnaga, no centro de La Paz, paga-se de 300 bolivianos a 800 bolivianos (R$ 170 a R$ 460) pelo passeio , de acordo com a qualidade da bicicleta, além do ingresso de entrada de 50 bolivianos (R$ 29).

Com os devidos equipamentos de segurança e instruções, os guias levam os aventureiros de van até a região nevada de La Cumbre, a uma altitude de 4.800 metros, onde começa a descida. Os primeiros 31 quilômetros são em estrada pavimentada, com muitos caminhões, onde a velocidade pode ultrapassar os 50 km/h.

Na Trilha da Morte em si, a paisagem é de selva. Conforme o passeio avança pela mata, a temperatura sobe bastante. Após descer 3.500 metros, chega-se à comunidade Yolosa, em Coroico, de clima tropical, onde os viajantes podem comer e tomar banho. O programa inteiro dura por volta de 13 horas, das 7h às 20h (retorno a La Paz).

Para quem quer distância de aventuras, vale visitar o sítio arqueológico Tiwanaku.

Descoberto em 1903, virou Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 2000. Por lá, estão a pirâmide de Akapana, as ruínas do templo de Kalasasaya e o monumento Porta do Sol.

Estima-se que o império Tiwanaku tenha se estabelecido na região por volta de 1.500 a.C., com auge entre 300 d.C. e 1.000 d.C., portanto antecessor do Império Inca —a cultura inca incorporou muito dos simbolismos dos tiwanakus.

O visitante pode conhecer o sítio por conta própria (o ingresso custa 30 bolivianos ou R$ 17). Vans fazem regularmente a rota entre o centro de La Paz e o sítio Tiwanaku.

Agências também organizam o passeio, com transporte e guias que contam toda a história do império. Os preços vão de 100 bolivianos a 400 bolivianos (R$ 57 a R$ 230).


Pacotes

R$ 1.590
3 noites em La Paz, na Top Brasil Tur (topbrasiltur.com.br)
Pacote para uma pessoa, em apartamento duplo no hotel York Vintage, em La Paz. Inclui city tour pela capital boliviana e passeio para a formação rochosa Vale da Lua. Com as passagens aéreas, a partir de São Paulo 


US$ 550 (R$ 2.193)
4 noites em La Paz, na RCA (rcaturismo.com.br
Valor para quatro noites de hospedagem em La Paz, com excursão ao lago Titicaca, à Ilha do Sol e à cidade de Copacabana. Inclui traslados e seguro viagem, mas não as passagens aéreas


US$ 708 (R$ 2.817) 
3 noites em La Paz, na CVC (cvc.com.br)
Entre La Paz e Huatajata (cidade às margens do lago Titicaca), com café da manhã na primeira e café e jantar na segunda. Inclui passeio pelo vale da Lua, excursão ao lago Titicaca, à ilha do Sol e à da Lua, visita a museus e a observatório, além de traslados. Preço por pessoa. Sem aéreo


US$ 1.076 (R$ 4.290)
3 noites em La Paz, na New Age (newage.tur.br
Hospedagem em hotel de categoria turística superior, em La Paz, com passeio pela cidade e pelo Vale da Lua, além de um dia inteiro de visita ao complexo cultural Inti Wata e outro ao Salar de Uyuni. Não inclui as passagens aéreas


US$ 1.788 (R$ 7.129)
5 noites em La Paz e Uyuni, na Schultz (schultz.com.br)
Três noites em La Paz e duas em Uyuni, com city tour, visita ao Vale da Lua e a Copacabana. Com passeio pelo Titicaca, um dia no Salar de Uyuni e visita ao sítio arqueológico de Tiwanaku. Sem aéreo

R$ 8.903
8 noites em La Paz, Sucre, Potosí e Uyuni, na Flot (flot.com.br)
Quatro noites em La Paz, duas em Sucre, uma em Potosí e uma em Uyuni, tour em La Paz e Vale da Lua, passeio pelo lago Titicaca, visita ao Salar de Uyuni e passeio a Potosí e a Sucre. Sem aéreo

US$ 2.412 (R$ 9.617) 
9 noites em La Paz, Uyuni, Lima, Cusco e Puno, na Abreu (abreutur.com.br)
Pacote para Peru e Bolívia, com uma noite em Lima, três em Cusco, duas em Puno, duas em La Paz e uma em Uyuni. Inclui tour pelas cidades citadas e por Machu Picchu, cruzeiro no lago Titicaca e passeio pelo Salar de Uyuni, entre outras atividades. Sem as passagens aéreas

US$ 2.765 (R$ 11.025) 
7 noites em La Paz, Sucre e Colchani, na Maringá Turismo (maringalazer.com.br)
Quatro noites em La Paz, uma Sucre e duas em Colchani, com partida em 10 de outubro. Inclui as passagens aéreas entre as cidades de hospedagem, traslados, transporte terrestre e guia em espanhol ou inglês. Sem aéreo

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