Descrição de chapéu The New York Times

Redes de hotéis transformam quartos em showroom

Turistas podem comprar cosméticos, mobília e obras de arte dos lugares em que se hospedaram

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Nova York | The New York Times

Quartos de hotel “compráveis” oferecem itens —de cosméticos a obras de arte e mobília— que os hóspedes podem levar para casa, o que permite transformar um pedacinho das férias em parte de sua realidade cotidiana.

“Os hotéis estão fazendo tudo que podem para divulgar suas lojas online e torná-las mais atraentes, aumentando as vendas das mercadorias que levam suas marcas”, diz Henry Harteveldt, analista do setor de viagens. 

“As lojas recebem tanta atenção quanto o site no qual o hóspede planeja sua estadia e faz suas reservas.”
Em alguns casos, isso significa oferecer ao público a possibilidade de comprar itens encontrados nos quartos, como sabonetes, xampus ou peças de arte. 

Nos casos mais extremos, uma acomodação inteira pode ser transformada em um showroom comprável —um test drive íntimo que falta à maioria das experiências tradicionais de compra.

Quando você adquire no site de varejo do hotel algo que amou em uma viagem, está enviando uma mensagem forte à companhia. 

“Isso significa que as pessoas desejam levar para casa com elas a experiência que o hotel lhes proporcionou”, diz Michael Weiss, diretor sênior de varejo online da Marriott International.

Quarto do hotel Shinola, no centro de Detroit, onde todos os itens estão à venda
Quarto do hotel Shinola, no centro de Detroit, onde todos os itens estão à venda - Nicole Franzen/The New York Times

Alguns grupos de hotelaria tradicionais já vendem há muito tempo os produtos de conforto oferecidos em seus quartos. 

Os hóspedes da rede Westin (parte do grupo Marriott International desde que este adquiriu a Starwood em 2016) há anos têm a oportunidade de recriar toda sua noite de sono em casa, ao adquirir os colchões, travesseiros e lençóis Heavenly Bed, exclusivos da marca. 

Hoje, 13 das 30 cadeias de hotéis controladas pela Marriott International oferecem tudo que existe em seus quartos, de colchões a espelhos, para venda em seus sites. 

“Creio que as pessoas —mesmo no mundo obcecado por compras em que vivemos— ainda gostam da ideia de dormir de verdade em um colchão por toda a noite para determinar se o aprovam, em vez de comprarem colchões depois de testá-los em uma loja por cinco minutos”, diz Weiss. 

O cardápio de mercadorias da Marriott não termina na cama. A empresa reagiu a consultas de hóspedes aos seus concierges sobre os produtos oferecidos em seus quartos com uma expansão de seu estoque. 
Os hóspedes da rede Courtyard podem levar para casa a experiência dos bistrôs de suas unidades, comprando taças de vinho e louça. E aqueles que vão à rede Marriott propriamente dita podem reproduzir facilmente em casa as boas experiências que tiverem com um despertador, uma cortina de chuveiro ou uma luminária.

Enquanto a Marriott tenta ajudar seus visitantes na reprodução de suas experiências, alguns hotéis-boutique preferem direcioná-los a produtos de estilo de vida e design refinado que podem ser transportados facilmente —por um preço.

A Shinola, empresa de varejo de produtos de design luxuosos criada em 2011, abriu um hotel no centro de Detroit em janeiro deste ano a fim de oferecer uma experiência de imersão mais completa do que a possível nas lojas. 

Os hóspedes do Shinola Hotel têm a oportunidade de conviver com —e, mais tarde, comprar— os produtos da marca, entre os quais o despertador de edição limitada usado no hotel, cobertores de alpaca, um toca-discos e um conjunto de alto-falantes com bluetooth.

E o grupo Edition, que opera nove hotéis de luxo pelo mundo, permite que se comprem como recordação a mobília e os adereços extravagantes encontrados nos quartos de suas unidades —como otomanas com estampa marmórea, disponíveis na unidade de Miami Beach. 

Eles oferecem até mesmo três cobertores de pele falsa diferentes, projetados especialmente para seus hotéis de Barcelona, Xangai, Nova York e Londres.

Além dos hotéis, os apartamentos para locação curta estão tratando seus espaços como showrooms para estadias temporárias. 

A Domio, empresa que aluga imóveis para férias, administrando apartamentos e apart-hotéis em sete cidades dos Estados Unidos, tem como missão oferecer aos hóspedes meios de transportar o design da marca consigo. 

“Levar uma peça da Domio pode ajudar a despertar os momentos positivos que a pessoa teve ao se hospedar conosco”, diz Jay Roberts, cofundador e presidente-executivo da companhia. 

Os hóspedes da Domio podem comprar papel de parede especial e peças de arte que são destaque no apart-hotel da companhia em Nova Orleans. Produtos de toalete, com a marca do hotel, um espelho extralargo (projetado para permitir que pessoas se arrumem juntas para sair) e até mesmo um sofá-cama estão disponíveis.

A Fülhaus —startup de design de interiores que oferece pacotes de mobília a companhias que alugam imóveis por períodos curtos— dá aos visitantes que selecionam imóveis mobiliados por ela a oportunidade de comprar as peças de decoração em sua loja online.

Mesmo anfitriões independentes do AirBnb estão aproveitando a oportunidade para realizar vendas. 
Na McKinley Bungalow, em Montauk, todos os itens da casa estão à venda. Algumas das peças são vintage, e outras foram projetadas pelos donos do imóvel. 

E no site da Casa Mami, imóvel de férias para locação na região de San Bernardino, Califórnia, muitos dos produtos da mobília podem ser adquiridos via site, para maior conveniência do viajante.

Tradução de Paulo Migliacci

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