Visita a acelerador de partículas na Suíça é viagem ao futuro

Maior máquina do planeta opera em um túnel entre a fronteira da França com a Suíça

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Richard Morin
Genebra | The Washington Post

A maior máquina do planeta está aberta à visitação: o acelerador de partículas do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), próximo de Genebra, na Suíça. 

O equipamento custou US$ 4,7 bilhões (R$ 19,6 bilhões) e opera em um túnel de 26,9 quilômetros de comprimento entre a fronteira da França com a Suíça. 

Visitantes no hall para exposições Universe of Particles, no acelerador de partículas Cern, na Suíça
Visitantes no hall para exposições Universe of Particles, no acelerador de partículas Cern, na Suíça - Richar Morin/The Washington Post
O local está nos primeiros meses de uma parada técnica de dois anos para manutenção. Nesse período, visitantes poderão descer abaixo da terra e visitar as cavernas com as instalações que já permitiram a descoberta do bóson de Higgs, componente fundamental do modelo padrão da física das partículas.

Mais de 1.200 ímãs supercondutores, cada um com 15 metros de comprimento e pesando 35 toneladas, formam o anel do colisor. Orientados pelos ímãs, trilhões de prótons circulam em velocidade próxima à da luz, em tubos. 

Em quatro pontos do anel, ímãs causam colisões entre feixes, que giram em direções opostas. As colisões fracionam os prótons em migalhas subatônicas. Detectores registram imagens dos 40 milhões de choques que ocorrem a cada segundo.

Auxiliados por computadores, cientistas estudam as trilhas deixadas por esses impactos em busca de pistas sobre a origem do universo e a existência de outras dimensões.

O portão de entrada para o colisor de partículas é o Solenoide de Múon Compacto (CMS), que fica no anel de aceleração perto de Cessy, França, a meia hora de carro do centro de Genebra.

A reportagem participou de uma visita em grupo no local. Entramos em uma sala cavernosa, dominada por uma fotografia de 21 metros de altura do detector CMS instalado sob os nossos pés. 

Dobramos uma curva e paramos diante de uma entrada bloqueada. O físico Abhigyan Dasgupta nos deixa entrar e embarcamos no elevador que nos levará à câmara do detector, 90 metros abaixo. No fundo, colocamos capacetes de proteção com chips, para que a segurança possa rastrear nossa localização.

Os 15 minutos seguintes passam sem que percebamos. Passamos por bancadas de equipamento e computadores mais altos do que nós, conectados por rios de cabos.

É aqui, diz Dasgupta, que o hardware eletrônico e o software dos computadores reduzem os 40 milhões de colisões por segundo às mil que são armazenadas para análise.

Percorremos corredores apertados, apressadamente. Uma nova passarela suspensa nos conduz à caverna subterrânea que abriga o CMS.

O detector pesa 14 mil toneladas —duas vezes mais pesado que a Torre Eiffel— e se divide na metade horizontalmente. As duas partes estão separadas para permitir que trabalhadores tenham acesso a componentes internos.

A estrutura é bonita. Anéis de detectores dourados e vermelho brilhante cercam os tubos de feixes de prótons no centro do equipamento. Estruturas de apoio verde-limão ajudam a manter os eletrônicos no lugar. Um metal que parece papel alumínio reflete a iluminação. O lugar parece uma estação espacial. Ou uma obra de arte.

“Precisamos ir”, diz Dasgupta, e começamos nossa jornada de volta à superfície. 

O Cern atrai a cada ano pesquisadores e centenas de milhares de turistas. Entre os visitantes estão o Dalai Lama, a banda Metallica e o rei Juan Carlos, da Espanha.

Fundado em 1954, é uma das primeiras empreitadas conjuntas da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. No momento, 23 países pagam um total de US$ 1 bilhão  (R$ 4,2 bilhões) ao ano para manter as moléculas girando.

“Recebemos três vezes mais pedidos de visitas do que podemos aceitar”, disse François Briard, o diretor de visitas do Cern. 

Os ingressos individuais se esgotam rápido. Metade é distribuída online 15 dias antes da data do tour (visit.cern/tours), e metade é liberada dias antes. As visitas começam às 8h30, horário da Suíça.

Tradução de Paulo Migliacci

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