Bahia tenta afastar manchas de óleo da alta temporada

Setor de turismo nega impacto, mas teme avanço do desastre para o sul; 'Se chegar, a gente limpa', diz slogan de Salvador

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Salvador

Era o último dia de um período de férias em Itacimirim, vila do litoral norte da Bahia, a 65 quilômetros de Salvador. Mas, na praia da Espera, conhecida por formar piscinas naturais na maré baixa, as irmãs Leidiane e Loriane Azevedo deixaram de lado a cadeira e o guarda-sol.

Ajoelhadas na areia e usando luvas de plástico, as duas turistas do Paraná ajudavam a recolher manchas de óleo que se espalhavam pela areia no último sábado (20).

“Não dá para ver u m negócio desses e ficar sem fazer nada. É um cenário de dar dó”, disse Leidiane. 

Mesmo com as notícias sobre a chegada do desastre  ao litoral baiano, as irmãs mantiveram a programação da viagem à Bahia. Assim tem sido nas praias dos principais destinos turísticos do estado.

Empresários e entidades do setor turístico ouvidos pela reportagem da Folha afirmam que não houve queda na ocupação dos hotéis nem cancelamentos de reservas em massa após o registro, há três semanas, da presença de petróleo cru em praias do estado. 

Mas o setor está apreensivo com o avanço das manchas em direção ao litoral sul e aproximação da alta temporada na Bahia, que começa em novembro. 

Segundo o presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) na Bahia, Glicério Lemos, a ocupação hoteleira no último mês se manteve no mesmo patamar do registrado no mesmo período do ano passado. 

Terceiro principal destino turístico da Bahia, Morro de São Paulo foi  atingido pelo óleo nesta terça-feira (22). Com cerca de 10 mil habitantes, a vila do município de Cairu, que fica a 176 quilômetros de Salvador, costuma receber até 400 mil visitantes na alta temporada. 

"Felizmente, tivemos uma mobilização grande da prefeitura e de grupos voluntários para recolher este óleo”, disse Lemos. Na última terça, as praias foram liberadas. Até as 13h, 1,5 tonelada de óleo já havia sido recolhida na região do Morro de São Paulo.

Em geral, prefeituras e governo do estado atuam para mostrar praias limpas e um clima de normalidade entre os seus frequentadores.

 A prefeitura de Salvador, por exemplo, divulgou em suas redes sociais um vídeo com imagens de praias cheias de banhistas no fim de semana e um slogan que remete ao trabalho que está sendo feito: “Se chegar, a gente limpa”.

Na mesma linha, o presidente do Conselho Baiano de Turismo, Roberto Durán, diz que a chegada do óleo deve ser encarada como uma fatalidade e que o número de praias atingidas “é irrisório” frente à dimensão do litoral baiano.

“Basta que as autoridades tomem as medidas cabíveis, com transparência, para que não haja impacto significativo no turismo”, afirma Durán. 

 
Ele destaca que as comunidades estão organizadas e que o momento é de buscar soluções para minimizar o impacto no meio ambiente. 

Há também quem aponte outras possibilidades de passeio caso parte do litoral baiano permaneça manchado. 

“A Bahia é privilegiada. Vamos lançar uma campanha mostrando essa diversidade”, afirma o secretário estadual de Turismo, Fausto Franco, e citando destinos como a Chapada Diamantina e o Vale do São Francisco.

Ainda segundo o secretário, o prejuízo para a temporada de verão dependerá da dinâmica da trajetória do óleo a partir de novembro. 

“Se o óleo continuar chegando à costa, teremos um impacto mais forte no turismo. Mas não deve acontecer. Contamos com a nossa boa energia e com Santa Dulce para nos ajudar nessa corrente.”

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