Chegue perto de baleias dóceis no litoral de Santa Catarina

Animais de até 17 metros de comprimento podem ser vistos da orla das praias

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São Paulo

No litoral catarinense, veranistas em trajes de banho dão lugar a espectadores sentados nas orlas entre os meses de julho e novembro. Essa é a época do ano em que é possível avistar baleias-francas, que migram da Antártida em busca de águas quentes para parir e amamentar seus filhotes.

Os animais ficam reunidos em uma área de proteção ambiental que vai da região de Balneário Rincão a Palhoça, com cerca de 154 mil hectares.

Baleias-francas avistadas em Imbituba
Baleias-francas avistadas em Imbituba - Eduardo Valente/FramePhoto/Folhapress

Há mais de trinta praias na rota da baleia-franca, como é chamado esse trecho do litoral. As três principais cidades para observação são Laguna, Imbituba e Garopaba, que formam um percurso de aproximadamente 60 quilômetros.

As baleias chegam a medir 17 metros de comprimento —o tamanho ajuda a vê-las da praia, sem necessidade de navegar em alto-mar. Quanto mais calma a água, mais perto ficam os mamíferos.

Geralmente, mãe e filho, que andam em dupla, estão logo depois da zona de rebentação.
A espécie, Eubalaena australis, ganhou a alcunha de franca por sua docilidade. Esse comportamento também fez com que elas fossem amplamente caçadas no Brasil. 

Por ter uma camada espessa de gordura, a baleia-franca tem menos agilidade que outras espécies, explica Karina Groch, diretora de pesquisa do instituto Australis, que atua na conservação do animal no país.

Outra característica que faz com que elas sejam dóceis, e que é comum a todas as baleias, é a alimentação por filtração. “Elas não precisam ser agressivas para capturar os alimentos”, diz Groch. 

Depois da proibição da caça, novas baleias começaram a aparecer na região no início dos anos 1980. Essa foi a época em que o Australis começou seu trabalho de pesquisa. Em 1987, o instituto passou a catalogar os animais. Em um voo de helicóptero, é possível identificar as baleias por um conjunto de calosidades brancas, que funcionam como as digitais dos dedos humanos.

Outras duas características diferenciam essas baleias: a falta de nadadeira dorsal e o borrifo em forma de V, resultado do ar aquecido expelido do pulmão. O jato chega a atingir oito metros de altura. 

A observação e o controle da migração dos animais rendem histórias como a da baleia Sunset. Em 2003, ainda filhote, ela encalhou em um banco de areia na lagoa Santa Marta, em Laguna, e foi resgatada por locais. Em 2017, o animal foi identificado de novo, dessa vez com seu filhote.

As três cidades da rota têm pontos privilegiados para assistir à chegada das baleias. O ideal é ir para um desses pontos durante a manhã. Uma sugestão é acompanhar o monitoramento do Australis, que mantém um mapa atualizado de onde as baleias podem ser avistadas (baleiafranca.org.br/avistagens). 

Laguna, que fica a cerca de 35 km do aeroporto de Jaguaruna, é o único dos três municípios que tem um segundo tipo de observação de cetáceos, grupo que engloba baleias e golfinhos. 

Na cidade, há um complexo de lagoas em que pescadores pegam peixes com auxílio de botos. Enquanto os golfinhos cercam o cardume, os pescadores esperam com as redes nas mãos. Só as jogam quando os botos avisam, com um salto para fora água. 

É possível assistir à dinâmica dos bancos à beira d’água. Ou então das mesas do restaurante Boião, que serve frutos do mar em um deque com vista para a lagoa. A porção de marisco à vinagrete custa R$ 38,90.
No fim do dia, vale assistir ao pôr do sol tanto das praias quanto do mirante Nossa Senhora da Glória. Do último, vê-se a praia e o centro histórico, tombado pelo Iphan. 

Indo em direção ao norte do estado, Imbituba é a segunda cidade da rota. É nela que está a sede do instituto Australis, que abriga um museu.

 

O espaço, com entrada gratuita, tem réplica de um filhote em tamanho real (cerca de cinco metros de comprimento) e o esqueleto de uma adulta. Um acervo de fotos, vídeos e até amostras de barbatanas está acessível aos visitantes. As baleias podem, inclusive, ser avistadas da praia onde fica o instituto, a Itapirubá.

Imbituba tem outros dois bons lugares para observação. Um é a praia do Rosa, ponto turístico da cidade, outro é a Barra de Ibiraquera, área com praia, lagoa e ventos fortes que virou reduto de kite e windsurf. Lá fica o restaurante Tartaruga, que serve uma casquinha de siri suculenta (R$ 16).

Em Garopaba, as praias da Gamboa e do Siriú têm pedras e dunas altas, ideais para a observação de baleias. É possível transitar entre as duas praias por trilhas curtas. 

Vale se distanciar do mar para um passeio ao morro do Fortunato. Lá, a comunidade quilombola de Macacu, que tem produção de orgânicos, oferece almoço e passeio de uma hora a R$ 37 por pessoa. Dá também para visitar a plantação que o quilombo mantém no ponto mais alto do morro, de onde é possível ver as lagoas e o mar.

A jornalista viajou a convite do Sebrae e da Rota da Baleia-Franca

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