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Foto de Putin sem camisa está em matrioska e até em ímã de geladeira

Americano que escreveu livro sobre putinismo diz que russos ilustram o culto à personalidade pós-moderno

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Moscou

“Qual é a melhor lembrança de Moscou?”, pergunta a placa numa das dezenas de lojinhas de presentes na rua para pedestres Arbat, no centro da cidade. A resposta: uma foto com um manequim do presidente Vladimir Putin, por 500 rublos (R$ 32).

Se alguém caísse na cidade sem conhecê-lo pensaria que Putin é a Beyoncé local: seu rosto estampa canecas, calendários, capas de cadernos. Seu torso descamisado está em ímãs de geladeira e cartões postais. Ele está até nas matrioskas: dentro do boneco do presidente há um de seu antecessor, Dmitri Medvedev. 

Em tour pelo estádio Luzhniki, o guia aponta a cadeira em que Putin viu a final da Copa do Mundo de 2018 e ressalta que o elevador tem capacidade para o presidente e mais 20 guarda-costas. Mesma coisa no teatro Bolshoi: logo apontam onde Putin se senta.

O homem do momento é Putin, presidente entre 2000 e 2008, e de 2012 até hoje.

Segundo Brian Taylor, professor da Universidade Syracuse (EUA) e autor do livro “The Code of Putinism” (o código do putinismo), a imagem pública é muito importante para Putin.

“É um sistema político que eu descrevo como personalista, no qual partidos ou instituições fortes não importam tanto quanto o líder. Uma forma de manter a dominância é criando a percepção de que não há alternativa a Putin”, afirma. 

Criou-se no país o que ele chama de culto à personalidade pós-moderno. O regime força a ideia de que o presidente está presente em todos os lugares e é bom em tudo. “Isso o ajuda a manter o poder.”

Um dos elementos do putinismo, segundo Taylor, é o apelo à hipermasculinidade —por isso o presidente está sempre em pose de machão. “Essa é uma parte importante de sua imagem: é um cara durão, que pilota aviões de caça, que pesca sem camisa.”

A diferença de Putin para Josef Stalin, segundo Taylor, é que o primeiro está ciente de que há algo de cômico nesse culto à personalidade. “Você podia passar anos num gulag por fazer uma piada desrespeitosa sobre Stalin”, diz. Já Putin se aproveita de memes, piadas e ironia para perpetuar sua imagem.

Para Andrei Kolesnikov, especialista em política russa do centro de pesquisa Carnegie Moscow Center, é justamente o humor a chave para entender a onipresença do presidente no país. Sim, de fato os russos vivem sob um Estado com o poder personalizado em Putin, diz ele. Principalmente depois da anexação da região ucraniana da Crimeia, em 2014, quando o presidente se tornou símbolo do país.

Em sua opinião, porém, não é essa popularidade que explica a quantidade de lembrancinhas com seu rosto. “A cultura russa é um pouco irônica. Os brinquedos de Vladimir Putin são mais uma questão de humor do que de culto à personalidade”, afirma.


Ciência, esporte, arte ou natureza: descubra várias faces de Moscou

Prédio com três portas de entrada, cada uma com um telhado pontudo, nas cores branco e salmão
Galeria de arte Tretyakovskaya, em Moscou - Vvoe/Adobe Stock

Moscou cultural
No centro da capital russa há quatro museus, um ao lado do outro. Uma das galerias, a Tretyakovskaya, tem dois prédios: um é dedicado a obras de artistas russos, dos séculos 11 ao 19, outro é voltado à arte do século 20, com Kandinsky e Chagall. Não há muitas placas, mas é possível fazer um passeio guiado na galeria, em inglês. 
 

O estádio estádio Luzhniki, que recebeu a final da última Copa do Mundo, em Moscou, na Rússia
O estádio estádio Luzhniki, que recebeu a final da última Copa do Mundo, em Moscou, na Rússia - Fernanda Reis/Folhapress

Moscou esportiva
À margem do rio Moscou está o estádio Luzhniki, que recebeu a final da Copa do Mundo de 2018. Pode-se chegar a ele via teleférico, que parte da frente da Universidade Estadual de Moscou. Um passeio guiado permite pisar no campo, além de mostrar o vestiário onde a França comemorou o título (a mesa central foi destruída na celebração e trocada, diz o guia), as salas de entrevistas e a cabine de onde Putin, o presidente russo, acompanhou os jogos. Há cadeiras de três cores: roxas, que simbolizam o Kremlin, vermelhas, cor da seleção nacional, e bege, para dar a sensação de que o estádio está sempre cheio.

Misto de complexo de pavilhões de exposições e parque, o VDNH tem um museu dedicado aos projetos espaciais russos
Misto de complexo de pavilhões de exposições e parque, o VDNH tem um museu dedicado aos projetos espaciais russos - Fernanda Reis/Folhapress

Moscou científica
Misto de complexo de pavilhões de exposições e parque, o VDNH tem um museu dedicado aos projetos espaciais russos. O visitante pode entrar numa réplica em tamanho real da estação espacial MIR, ver os trajes utilizados pelos primeiros astronautas russos e sentar num banco minúsculo igual ao que eles usavam na decolagem.

O parque Gorki, em Moscou, na Rússia
O parque Gorky, em Moscou, na Rússia - Fernanda Reis/Folhapress

Moscou natural
O parque Gorky tem, na entrada, um portal branco com o símbolo da foice e do martelo. Há ali pista para correr e pedalar, jardins e bancos para sentar e observar o rio Moscou. De lá saem passeios de barco com audioguia em inglês.

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