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Agências e companhias flexibilizam regras para remarcação de viagens

Associação do setor faz campanha para que turista adie planos em vez de cancelar reservas

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São Paulo

Companhias aéreas, agências de viagem e hotéis flexibilizam suas políticas de troca e cancelamento de passagens para atender o grande número de turistas que deixarão de viajar em consequência da pandemia do novo coronavírus.

As empresas abrem mão das taxas para remarcação de reservas e permitem que os consumidores posterguem suas viagens.

Na maioria dos casos, porém, o turista precisa pagar a diferença de tarifa entre a passagem que já tinha e a que pretende comprar.

O reembolso costuma vir na forma de um vale que pode ser usado em compras futuras com a mesma empresa, por um período limitado. Para ter a devolução direto na conta bancária, pode haver cobrança de taxa.

Na Gol, por exemplo, clientes que tiverem comprado bilhetes para embarque até 30 de setembro e decidirem não voar podem converter o valor em créditos, com validade de um ano, para uma viagem futura, ou remarcar a passagem imediatamente. O consumidor paga a diferença da tarifa, se houver.

Na Latam, quem tinha passagem marcada para até o fim de maio e foi afetado por cancelamentos e fechamento de fronteiras pode alterar a data da viagem, para o mesmo destino, desde que o novo embarque aconteça até 31 de dezembro deste ano. Não haverá cobrança de multa ou de diferença tarifária.

No setor de hospedagens, a Booking.com, plataforma de reserva de acomodações, afirmou que está oferecendo cancelamento gratuito ou modificação da compra para as pessoas que têm como origem áreas afetadas pela Covid-19 e por restrições de viagem internacional ou que teriam esses locais como destino da viagem.

Já os cancelamentos feitos por desejo do cliente não serão cobrados apenas se a modalidade de reserva escolhida por ele incluir esse benefício.

A Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens) iniciou uma campanha em suas redes sociais pedindo aos turistas que adiem suas viagens e não cancelem.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, discursou na mesma linha. "Faço uma convocação a todos os brasileiros para pedir que não cancelem as suas viagens, façam a remarcação. Adiem. Essa é a contribuição que cada um pode dar às empresas que querem o turismo no Brasil", afirmou.

A ideia é tentar amenizar um pouco os efeitos da crise gerada pelo avanço do coronavírus e que não tem precedentes no setor do turismo.

O fechamento de fronteiras e as restrições à movimentação de pessoas já produziram resultados visíveis nas companhias aéreas, no setor de cruzeiros e nas vendas das agências de viagem.

Por causa das restrições à circulação, as companhias aéreas estão reduzindo suas atividades e suspendendo rotas, inclusive no Brasil.

A American Airlines, a Royal Air Maroc e a Norwegian Air não voam mais ao país, pelo menos até meados de abril.

A Gol anunciou na terça (17) que vai suspender suas rotas internacionais a partir do dia 23, enquanto a Latam afirmou que vai cortar seus voos nacionais em 40%, e os internacionais, em 90%.

A temporada nacional de cruzeiros, que iria até abril, está praticamente encerrada.

A Costa Cruzeiros, que tinha dois navios no país, paralisou toda as suas atividades globais na sexta (13). A MSC, com quatro navios no Brasil e mais um dedicado à Argentina e ao Uruguai, esperou um pouco mais e anunciou a interrupção dos serviços na terça.

As viagens de travessia para a Europa, que encerram a temporada, foram canceladas.
Outras grandes empresas do setor, como a Royal Caribbean, a Viking e a Princess Cruises, que não atuam no Brasil, também estão paralisadas.

Em carta enviada ao Ministério do Turismo, as entidades brasileiras do setor de viagens disseram que as agências estão enfrentando uma taxa de cancelamento de cerca de 85% neste mês.

Aroldo Schultz, que é fundador e diretor da operadora de viagens que leva seu sobrenome, afirmou que a empresa costumava vender R$ 9 milhões por mês. "Até 10 de março tínhamos vendido R$ 1 milhão e devolvido R$ 1,1 milhão", disse ele.

Segundo ele, é hora do consumidor também estar atento às empresas que contrata, já que corre o risco de comprar um produto ou serviço de um negócio que vai falir nos próximos meses. "O que está acontecendo é o maior desastre do turismo mundial. As empresas que sobreviverem vão sair mais fortes, mas vai gerar desemprego", afirma.

O WTTC (Conselho Mundial de Viagens e Turismo, na sigla em inglês) divulgou uma carta na terça (17) pedindo medidas urgentes dos governos para ajudar o setor a sobreviver à crise.

A entidade deseja que os negócios do segmento fiquem isentos de impostos por pelo menos um ano, que seus trabalhadores recebam ajuda financeira e que empréstimos com juros baixos sejam concedidos às empresas.

No Brasil, associações de turismo também pediram ao governo medidas para ajudá-las a se manter nos próximos meses, incluindo linhas de crédito especiais e um parecer do Ministério da Justiça que seja favorável ao oferecimento de opções de remarcação, e não de cancelamento, das viagens já compradas.

Para o viajante, o melhor a fazer é esperar a pandemia passar. A orientação médica é que viagens sejam adiadas, para evitar que os turistas se contaminem e tragam o vírus para as suas cidades.

"Está proibido viajar, a orientação agora é de só circular em extrema necessidade", afirma o médico Marcos Vinícius da Silva, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Há duas semanas, ele havia afirmado à Folha que a epidemia do pânico era pior do que a da doença e que bastava lavar bem as mãos durante as viagens, mas agora diz que o cenário já é diferente.

"O vírus correu mais rápido do que havíamos imaginado, então o jeito é se isolar. Se tiver um pico muito alto de casos, não vai ter estrutura hospitalar para atender esses pacientes", afirma.

Segundo o médico, é difícil prever quanto tempo as medidas de isolamento —e a recomendação para não viajar— devem durar, já que o vírus é novo.

"A estimativa é em torno de três meses, mas torçamos para que seja menos", diz.

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