Descrição de chapéu Coronavírus

Parques temáticos reabrem pelo mundo e viram alvo de críticas

Espaços no Brasil e no exterior criam protocolos de higiene para voltar a funcionar mesmo com avanço da pandemia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Três pessoas com máscaras em bote laranja em rio artificial

Visitantes afastados e com máscaras no brinquedo Crazy River, do Beto Carrero World, que reabriu em junho Divulgação

São Paulo

Embora os casos de Covid-19 continuem em alta no país, o setor de parques temáticos começou a se mexer para a roda voltar a girar.

Maior complexo do Brasil, o Beto Carrero World, em Penha (SC), voltou a funcionar em 12 de junho, depois de três meses fechado. Uma portaria da Secretaria de Saúde do estado autorizou a reabertura.

"Santa Catarina teve atitudes rápidas para controlar a contaminação e tem provado a todos que é possível, através da conscientização, retornar à rotina com segurança", disse o departamento de comunicação do parque, por email.

Nesta quarta (24), foram fechados shoppings e academias em Florianópolis, por causa de um aumento no número de casos e de internações.

Para entrar no Beto Carrero, o visitante não pode estar com a temperatura corporal acima de 37,8ºC e precisa usar máscara. Os brinquedos são limpos a cada uso.

A quantidade de visitantes foi limitada a 30% da capacidade, e os espetáculos em locais fechados estão suspensos.

No final de semana, uma apresentação em área aberta gerou polêmica. Fotos de uma arquibancada com muitos visitantes foram alvo de críticas nas redes sociais. As postagens diziam que as pessoas estavam muito próximas e reclamavam da falta de máscaras.

Segundo o Beto Carrero, o problema foi o ângulo das imagens. "Daquele ponto, pode parecer que a arquibancada está cheia, mas os shows estão funcionando com 30% da capacidade", disse o departamento de comunicação.

Hoje, o complexo só recebe pessoas da região Sul.

Em Gramado (RS), onde hotéis e restaurantes podem funcionar desde 6 de maio, o parque de neve indoor Snowland chegou a reabrir entre 10 e 12 de junho, mas precisou fechar novamente.

Isso porque a Serra Gaúcha passou da bandeira laranja para a vermelha, que representa o estado de maior atenção com a contaminação, após registrar aumento no número de casos da doença. A mudança foi revertida na terça (23).

O local vai reabrir de novo nesta quinta (25), com capacidade de visitação reduzida, uso de máscaras obrigatório e distanciamento nas filas.

Por ser um local com temperaturas baixas, o parque empresta casacos aos visitantes. A cada uso, a roupa é lavada, seca a 45ºC e embalada.

"A abertura nos dias 10, 11 e 12 foi uma oportunidade para validar os protocolos e fazer ajustes", afirma Paulo Mentone, diretor-executivo. Segundo ele, 70% do público nesses dias veio da região Sul.

Outro parque brasileiro, o Hopi Hari, em Vinhedo (SP), chegou a anunciar que reabriria no dia 4 de julho, mas teve que voltar atrás porque a curva de casos em sua região cresceu. Ainda não foi divulgada uma nova data.

O Hot Park, complexo aquático em Rio Quente (GO), anunciou a reabertura para 7 de agosto. Já o Beach Park, em Aquiraz (CE), e o Thermas dos Laranjais, em Olímpia (SP), não divulgaram data.

A Adibra (associação do setor) criou um protocolo que os associados devem seguir quando decidirem pela retomada, com base em medidas adotadas pela Iaapa (associação internacional).

Segundo a entidade, em um primeiro momento, os espaços podem funcionar com até 50% da capacidade. Cada empresa deve decidir se isso é suficiente para manter o negócio e se há condições sanitárias para a volta da operação.

"Do ponto de vista empresarial, abrir e ter que voltar atrás é complicado, mas isso está acontecendo em todos os setores", diz Vanessa Costa, presidente da entidade.

Ela afirma que muitos parques, incluindo aqueles que ficam dentro de shoppings e os itinerantes, não conseguiram financiamento com o governo federal e correm o risco de fechar definitivamente.

"Fomos o primeiro setor a ser atingido e seremos um dos últimos a se recuperar", diz.

A retomada no exterior é vista com otimismo pela associação. "A reabertura nos Estados Unidos e na Ásia é como um ensaio para nós. Eles têm medidas similares ao nosso protocolo, o que nos mostra que ele é suficiente", afirma.

A médica Tânia Chaves, da Sociedade Brasileira de Infectologia, discorda. "As medidas não são 100% seguras porque existem muitas variáveis envolvidas", afirma. O cumprimento correto do protocolo por todos os visitantes é um dos pontos problemáticos.

Para ela, ainda não é o momento dos brasileiros irem a parques de diversão. "Não podemos pensar nisso agora."

A China, primeiro país a registrar casos de Covid-19, foi onde os complexos reabriram mais cedo. A Disney de Xangai voltou a operar em 11 de maio; a de Hong Kong, na última quinta (18).

A Disney já anunciou a reabertura dos seus parques em Tóquio (1º de julho), Orlando (11 de julho) e Paris (15 de julho).

Na Califórnia, a data prevista era 17 de julho, mas, nesta quarta, a empresa recuou. Segundo a Disney, o governo do estado sinalizou que não vai emitir diretrizes para o funcionamento dos parques em tempo hábil.

Sindicatos que representam 17 mil funcionários da empresa na Califórnia enviaram uma carta ao governo do estado na qual afirmaram não estarem convencidos de que seria seguro retomar as atividades em 17 de julho.

Também há uma petição com mais de 7.000 assinaturas que pede o adiamento da abertura dos parques da empresa em Orlando.

A Flórida registra mais de 103 mil casos da doença e bateu o recorde de novos infectados no sábado (20), com 4.049 pessoas contaminadas.

A Disney será um dos últimos grupos a retomar as atividades na Flórida. No estado, vários outros já estão em funcionamento, como o SeaWorld e o Busch Gardens.

O Universal foi um dos primeiros a retomar as atividades em Orlando, em 5 de junho.

Segundo a empresa, a quantidade de visitantes foi reduzida, há medição de temperatura e o uso de máscaras é obrigatório no local. Além disso, há marcações para distanciamento social e a limpeza é realizada com mais frequência.

"Designamos áreas específicas nos parques, chamadas de 'U-Rest', onde os visitantes podem remover temporariamente as máscaras", diz Juliana Pisani, diretora de marketing do Universal Parks & Resorts para América Latina. Para poder ficar sem a máscara, é preciso manter o distanciamento adequado de outras pessoas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.