Aberta e cheia, Paraty incentiva visitas para desbravar lugares desconhecidos

Cidade aposta no turismo de experiência com atrações muito além da escuna e do centro histórico

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Paraty

Após lockdown severo por quase cinco meses, que resultou em um número reduzido de vítimas do novo coronavírus —1.176 casos confirmados e 38 mortes—, Paraty está novamente de portas abertas para os turistas.

A cidade está bem movimentada de segunda a segunda, mesmo com limite de 50% de ocupação nas pousadas. Búzios, no Rio, por exemplo, liberou ocupação de 90%.

Mas governo municipal e empresários do setor estão empenhados em atrair um novo perfil de visitante a Paraty. Ônibus e vans de turismo, por enquanto, estão proibidos e sem previsão de retorno.

Agora, a intenção é reduzir o fluxo de gente no centro histórico e nas praias mais disputadas pelas escunas —antes da pandemia, a cidade vinha recebendo até 3 milhões de turistas por ano— e convidar os visitantes a desbravar encantos menos conhecidos.

E não são poucos. Paraty tem dois títulos conferidos pela Unesco: Cidade Criativa para a Gastronomia e Patrimônio Mundial Misto, por reunir sítios naturais e culturais.

Muitas dessas atrações figuram agora nos cardápios das agências que exploram o chamado turismo de experiência.

Tem para todo gosto. É possível desbravar as matas em roteiros de aventura, acompanhar pescadores e visitar propriedades rurais.

Restaurantes, bares e pousadas, dentro e fora do centro histórico, também aderiram à proposta e têm valorizado ingredientes locais. O tema do Festival Gastronômico (festivalgastronomicodeparaty.com), de 4 e 6 de dezembro, será raízes —peixes locais, camarões, mandioca, milho e plantas como a taioba terão destaque nos cardápios.

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Confira como conhecer essa outra Paraty:

Roteiro das artes
Ateliês e galerias costumam estar de portas abertas, mas a experiência de ser recebido pelo próprio artista para um bate-papo é bem diferente. A agência Néctar, recém-inaugurada dentro da Pousada do Sandi, organiza o passeio a pé, pelo centro. O guia Gabriel Toledo apresenta ateliês como o Studio Bananal –Fernando Fernandes e Sergio Atilano fazem pinturas e esculturas com elementos naturais, como sementes e madeira. Também é possível ir à Praia de Calhaus da Cajaíba, a duas horas de barco, para conhecer a vila de pescadores onde vive e trabalha o divertido Aécio Sarti, que pinta sobre lonas de caminhão.

Néctar – Pousada do Sandi, Largo do Rosário, 1, Centro Histórico, tel. (24) 99335-7763, app.pousadadosandi.com.br/br/passeios-experiencias. A partir de R$ 300 para grupos de duas a seis pessoas.

Paisagem rural
O hospitaleiro casal Felipe e Josiane Rocha é proprietário da Kombucha Para-Ty, localizada no bairro Serraria, a meia hora do centro. Depois de conhecer o processo de fabricação, o visitante pode sentar para uma prosa, provando produtos artesanais da região, como bolo de milho, queijos, pão caseiro, geleias e conserva de tomate.

Kombucha Para-Ty, tel. (24) 99304-2417. A partir de R$ 50 por pessoa.

Dia de pescador
Várias técnicas de pesca artesanal sobrevivem em Paraty e podem ser observadas de perto. O caiçara Thiago Cruz oferece a experiência completa: em seu barco, grupos acompanham o trabalho dos pescadores e, ao final, podem almoçar o peixe em uma das praias da baía. Na volta, os turistas não resistem a fazer compras no Mercado de Peixe, inaugurado em 2018, ou nas peixarias locais: a Pescados Marpesca, uma das mais antigas da cidade, só vende peixes e frutos do mar trazidos pelos pescadores artesanais da região.

Barco Gladiador – tel. (24) 99837-0908. A partir de R$ 1500 o passeio de 5 horas de duração, para até seis pessoas.

Mercado de Peixe – Rua José do Patrocínio, 100, Ilha das Cobras. Seg. a sáb., 8h/17h; dom., 8h/13h.

Pescados Marpesca – Praia Grande, BR-101, km 565,5, tel. (24) 3371-4713 e 99864-5752. Seg. a sáb., 8h/17h; dom., 8h/12h.

Herança quilombola
Instalado desde o fim da escravidão na área de uma antiga fazenda de café, a 15 km do centro de Paraty, o Quilombo do Campinho da Independência mantém um restaurante comunitário (previsto para reabrir ainda em novembro) e uma loja de artesanato. O mais interessante, porém, é agendar uma das experiências. Os moradores levam os visitantes para conhecer a comunidade, promovem oficinas de jongo, plantio de ervas medicinais, cestaria e contação de histórias com os griôs, membros mais velhos da comunidade.

Quilombo do Campinho da Independência – tel. (24) 99959-2669. Oficinas a partir de R$ 50 por pessoa (mínimo de cinco pessoas).

Relax na mata
Paraty tem uma porção distante da praia, coberta pela mata atlântica, onde escondem-se dois tesouros. No bairro da Graúna, a 16 km do centro, o restaurante e pousada Le Gite Indaiatiba fica no alto da montanha e pertence ao francês Olivier de Corta e sua mulher, Valeria. No terraço de onde se avista o mar, eles servem ceviche de robalo com frutas (R$ 115, para dois) e ravióli de taioba (R$ 100, para dois). Mais adiante, no bairro Barra Grande, a 20 km do centro, está a pousada Pouso Vivenda da Mata, do italiano Alessandro Gregori e sua mulher, a caiçara Flavia – o café da manhã inclui pratos típicos como o bolo de especiarias manuê de bacia, mandioca com melado e a curiosa paçoca de banana com bacon.

Le Gite Indaiatiba – BR-101, km 562, Graúna, tel. (24) 99999-9923; legiteindaiatiba.com.br. Diárias de R$ 250 a R$ 600 (casal).

Pouso Vivenda da Mata – Estrada da Colônia, Barra Grande, tel. (24) 3371-0501 e 99932-5967; vivendadamata.com. Diárias de R$ 500 a R$ 700 (casal).

Comida caiçara
Muita gente passa pela BR-101 sem notar, no km 565,5, o acesso à pequenina Praia Grande. Na areia, o Quiosque São Francisco é comandado por Catarina Oliveira, filha de pescadores que transformou a casa da família em restaurante. Além de peixes locais, como robalo, sororoca e cavala, ela serve lula no bafo (R$ 95, para dois) e arroz de camarão com alho e ervas (R$ 160, para dois). Restaurantes do centro também têm valorizado ingredientes e receitas locais. Vale a pena provar o robalo com chibé (R$ 64) do Peró; o polvo grelhado do italiano Pippo (R$ 86); o porco na lata do Margarida Café (R$ 64); e o camarão casadinho do Refúgio (R$ 78,80).

Quiosque São Francisco – Praia Grande, BR-101, km 565,5, tel. (24) 99848-2145. Seg. a dom., 10h/22h.
Peró – Av. Roberto Silveira , 801, Centro, tel. (24) 3371-2266; pousadadoprincipeparaty.com.br. Qua. a seg., 19h/23h.
Pippo – R. Ten. Francisco Antonio, 46, Centro Histórico, tel. (24) 3371-2100; pousadadosandi.com.br. Qui. a ter., 13h/23h.
Margarida Café – Praça do Chafariz, R. Cel. José Luiz, Centro Histórico, tel. (24) 3371-6037; margaridacafe.com.br. Seg. a dom., 12h/0h.
Refúgio – Praça da Bandeira, 5, Centro Histórico, tel. (24) 3371-2447; refugioparaty.com. Seg. a dom, 12h/23h.

Observação de pássaros
Paraty é um importante destino para os praticantes de bird watching e tem vários pontos preparados para observação das aves, com orientação de profissionais. A Fazenda Bananal –uma das mais antigas da cidade, construída no século 17 e restaurada em 2017– promove caminhadas monitoradas por ornitólogos. Com agendamento, é possível testemunhar a marcação das aves com anilhas, para estudos biológicos.

Fazenda Bananal – Estrada da Pedra Branca, s/nº, tel. (24) 3371-0039/1666/2613; fazendabananal.com.br. Seg. a dom., 10h/18h. Ingresso: R$ 20 (inteiro) e R$ 10 (meia-entrada). Caminhada monitorada: preço sob consulta.

Sabores de Paraty
Na Feira da Agricultura Familiar e Economia Criativa, montada às sextas-feiras no Mercado do Produtor Rural, dá para conhecer e comprar as farinhas de mandioca de Manuel Alves da Silva, o Seu Pindoca; os shimejis e hiratakes da Cogumelos Paraty; as verduras orgânicas da Sueli de Lima, a Titia; e as bananas-passas do Sítio das Flores. A falante Angeli Oliveira, produtora dos temperos mais famosos da cidade, gosta de conduzir os visitantes por uma degustação guiada pela feira.

Mercado do Produtor Rural – R. Jango Pádua, 447/485, Parque Imperial. Sextas-feiras, 8h/14h.

Sobre duas rodas
A mata atlântica e as cachoeiras da Serra da Bocaina podem ser exploradas em bike tours, com ou sem a presença de guias. Há roteiros curtos, de 2 horas, e outros mais puxados, de 9 horas, que chegam a percorrer 30 quilômetros, sendo 27 em estradas de terra. Ciclistas que não quiserem pedalar pela BR podem contratar carro de apoio.

Casa da Aventura Paraty – R. do Fogo, 10, Centro Histórico, tel. (24) 99916-0639 e 99985-5116; casadaaventura.com. A partir de R$ 180 por pessoa (tour de 5 horas).
Paraty Adventure – R. Marechal Deodoro, 384, Centro Histórico, tel. (24) 3371-6135 e 99913-7875; paratyadventure.com. A partir de R$ 20 (por hora) ou R$ 60 (diária) por pessoa.

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