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MSC cancela a temporada e Brasil não terá cruzeiros neste verão

Companhia alega dificuldade logística com atraso para aprovação de protocolos sanitários

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São Paulo

Única companhia de cruzeiros que ainda previa viagens pela costa brasileira na temporada 2020/2021, a MSC decidiu cancelar seus roteiros nesta quarta (23).

Segundo a empresa, o motivo é a demora para que os protocolos de segurança dos cruzeiros, que adaptavam o funcionamento do navio à pandemia, fossem aprovados pelas autoridades sanitárias brasileiras. A MSC enviou os protocolos para análise ainda em julho, mas até o momento não obteve resposta final.

Como a companhia aguardava essa aprovação para pôr em prática a logística necessária para a temporada (testes e embarque da tripulação, abastecimento e implementação de protocolos), não haveria tempo hábil para começar as viagens antes de meados de fevereiro —e a temporada da empresa no Brasil estava prevista para terminar em março.

“Estamos tão desapontados quanto nossos hóspedes. [...] Fizemos o nosso melhor para retomar as operações no Brasil com segurança e responsabilidade, assim como fizemos na Europa. Infelizmente, o tempo está contra nós e não tivemos outra opção a não ser cancelar nosso programa de cruzeiros 2020/2021”, afirmou Adrian Ursilli, diretor-geral da MSC no Brasil.

No início do mês, a empresa já havia anunciado que a temporada 2020/2021 seria mais curta, com início apenas em 16 de janeiro, em vez do final de novembro, também por causa do atraso na aprovação dos protocolos.

Agora, as viagens que seriam realizadas entre 16 de janeiro e 31 de março também estão canceladas.

Passageiros afetados pelo cancelamento da temporada devem procurar a companhia. Segundo comunicado da MSC, eles vão receber uma carta de crédito para fazer outro cruzeiro com a empresa, no valor da reserva original, que pode ser usada até o final de 2021 em viagens com saídas até 30 de abril de 2022.

Esses viajantes também vão ganhar um crédito que vai de US$ 50 a US$ 200 (ou euros). O valor varia conforme a duração da estadia cancelada e a categoria da cabine.

Em setembro, a Costa Cruzeiros, outra companhia que atua na temporada brasileira, já havia cancelado todas as suas viagens em território nacional, também alegando dificuldades logísticas com a falta de aprovação dos protocolos sanitários. “Vimos que não dava para operar navios aqui neste ano porque não tinha um posicionamento claro”, afirmou Dario Rustico, presidente-executivo da Costa para a América do Sul.

A Pullmantur, terceira empresa que operou na temporada 2019/2020, com navio fretado pela CVC, entrou em recuperação judicial e suas viagens já haviam sido canceladas no primeiro semestre.

A Clia Brasil, entidade que representa o setor de cruzeiros, divulgou comunicado no qual informa que o cancelamento da temporada vai gerar uma perda de 39,5 mil empregos e R$ 2,62 bilhões em impacto econômico. Os números foram calculados pela FGV, com base na temporada 2019/2020.

Dono da agência especializada Mundo dos Cruzeiros, Igor Welster afirma que o cancelamento da temporada, a esta altura, pode fazer com que outros viajantes interessados em comprar um cruzeiro fiquem com medo de que o mesmo aconteça com as suas viagens, e prefiram esperar mais alguns anos para embarcar.

Outro problema para o setor, segundo ele, é a perda de vagas nos cruzeiros para serem vendidas no próximo ano, já que parte das cabines ficará reservada para os viajantes que não conseguiram embarcar nesta temporada. Welster acredita que poderão faltar cabines para serem vendidas —e comissões para os agentes de viagens—, o que também vai diminuir a quantidade de promoções.

Ele critica ainda a demora para a aprovação dos protocolos e teme que o problema continue no ano que vem, prejudicando também a temporada 2021/2022. "Eu espero do fundo do coração que isso não aconteça de novo em 2021, senão vai ficar difícil segurar o passageiro", afirma.

Além dos próprios agentes de viagem, o empresário ressalta que guias de turismo que recebem os cruzeiristas em passeios feitos nas paradas também serão prejudicados pela falta de navios, assim como outros profissionais que fazem parte da cadeia dos cruzeiros, no transporte e abastecimento.

Procurada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou que "até o momento não há decisão referente a retomada dos navios de cruzeiros", e que essa decisão será tomada pelo GEI (Grupo Executivo Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional), do qual a agência faz parte.

Se aprovada, volta dos cruzeiros está prevista para novembro

Os navios de cruzeiro devem voltar a fazer viagens pela costa brasileira apenas em novembro de 2021, quando se inicia a temporada 2021/2022, se houver autorização do GEI até a data.

A MSC confirmou a vinda de quatro navios ao país: Seaside, Prezioza, Splendida e Sinfonia, além de mais um, o Orchestra, que fará embarques em Buenos Aires e virá ao Brasil.

A Costa trará dois navios, o Favolosa e o Toscana, que está em construção e fará sua viagem inaugural no país, no Réveillon de 2022.

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