Setor prepara volta dos cruzeiros no Brasil em outubro

Anvisa ainda precisa aprovar protocolo para retomada no país; navio só com vacinados partirá em maio no exterior

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São Paulo

Na sexta (19), faz um ano que os últimos passageiros que estavam em cruzeiro pela costa brasileira foram desembarcados. De lá para cá, a pandemia impediu a circulação de navios no país, e a temporada 20/21 foi cancelada.

A esperança do setor, e daqueles que amam cruzeiros, está na próxima temporada, marcada para começar em 31 de outubro. Estão previstas sete embarcações com atuação exclusiva na costa nacional, Argentina e Uruguai, além de outras que farão paradas por aqui em voltas ao mundo.

A MSC terá cinco navios na costa brasileira, sendo que um deles terá embarques em Buenos Aires e Montevidéu. A empresa planeja trazer uma embarcação inédita ao território nacional, o Seaside, irmão gêmeo do Seaview, que já fez temporadas por aqui.

A Costa terá duas embarcações dedicadas ao Brasil e aposta no país para inaugurar seu mais novo navio, o Toscana, com capacidade para 6.730 hóspedes. Ele será também o maior cruzeiro a integrar a temporada nacional —o recorde atual é do Seaview, que recebe até 5.331 passageiros.

Mesmo com data de início ainda distante, é esperado que os navios sigam protocolos sanitários como testagem da tripulação e de passageiros com sintomas, local para isolamento de possíveis infectados, estrutura médica, distanciamento, uso de máscara e alteração no funcionamento de restaurantes e espetáculos, para evitar aglomerações.

A Anvisa está analisando essas medidas e precisa aprová-las para que a temporada possa acontecer. Segundo Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil (associação do setor), as companhias conseguem esperar até agosto pelo aval.

Fora do país, ainda são poucos os navios em operação no mundo. A MSC, por exemplo, transportou 40 mil hóspedes na Europa desde agosto, com uma pausa entre dezembro e janeiro por restrições na Itália.

Entre os cruzeiros fluviais, a AmaWaterways realizou viagens pelo rio Reno, na Europa, no segundo semestre de 2020, com 1.400 passageiros.

De volta aos oceanos, a Royal Caribbean está operando em Singapura, mas apenas para moradores. Outras empresas também fizeram viagens em Taiwan, no Japão e no sul do Pacífico.

A distribuição das vacinas pelo mundo está animando o setor. O diretor financeiro da Royal Caribbean afirmou que as vendas cresceram 30% em janeiro e fevereiro, em comparação com os dois meses anteriores, e as cabines para os roteiros de volta ao mundo em 2023 da Oceania Cruises, companhia de cruzeiro de luxo, se esgotaram em 24 horas.

A demografia dos cruzeiros é uma facilitadora para a retomada: os idosos, grandes consumidores de passagens, são prioridade na vacinação.

Como afirma Ricardo Alves, diretor-geral da Velle, que representa companhias de cruzeiros fluviais e marítimos no Brasil, o setor está discutindo a possibilidade de exigir vacina dos passageiros,
mas isso ainda não faz parte dos protocolos oficiais.

Algumas companhias, porém, estão se adiantando. A Royal Caribbean vai realizar em maio viagens partindo de Israel para a Grécia, nas quais todos os maiores de 16 anos deverão estar vacinados. “Israel está com mais de 50% da população vacinada, e os cruzeiros vão acontecer em ambiente controlado. Será um grande marco”, diz Ricardo Amaral, da R11, que representa a companhia no Brasil.

Outra empresa com atuação fora do país, a Crystal Cruises, anunciou que só vai aceitar vacinados quando voltar. Nas viagens da empresa, crianças e adolescentes, que ainda não estão sendo vacinados, não poderão embarcar.

Ilustração de mulher em cima de malas, com máscara, dando adeus para navio que parte no mar
Catarina Pignato

Para Dario Rustico, presidente da Costa para as Américas do Sul e Central, ainda é cedo para avaliar se a vacinação será obrigatória nos cruzeiros brasileiros.

A possibilidade de viajar entre vacinados, no entanto, não significa esquecer da máscara e de outros protocolos. Segundo Ferraz, a vacina por si só não resolve o problema, mas é uma camada a mais de proteção. Ainda de acordo com ele, o retorno de outros cruzeiros pelo mundo dará uma boa perspectiva para o Brasil sobre o que funciona ou não.

Somente a exigência da vacina não acaba com as chances de contaminação a bordo, diz o infectologista Ivan França, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Isso porque nenhuma vacina garante 100% de proteção contra a contaminação pela Covid-19. “Sempre vai ter quem não desenvolveu níveis satisfatórios de anticorpos, como pode acontecer com qualquer vacina”, afirma.

De acordo com França, a exigência funciona a partir do momento em que a população global chegar a cerca de 70% de imunizados. “Aí, faz sentido pedir a vacina e aliviar outros protocolos”, diz.

Para cruzeiros no exterior, há ainda a barreira das fronteiras fechadas. Segundo Alves, essa é uma preocupação no momento, já que as viagens podem voltar no fim do primeiro semestre fora do país. “O brasileiro ainda estará barrado por causa da velocidade da nossa vacinação.”

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