Cruzeiros programam temporada de verão no Brasil com novos protocolos

Expectativa é de que sete navios zarpem entre os meses de novembro e abril

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Navio navega pelo mar aberto

Navio Costa Smeralda, da Costa Cruzeiros, que fará roteiro com embarque em Santos (SP), parada em Ilhéus e ruma a Salvador (BA) Divulgação

Alexandre Putti
São Paulo

Em fevereiro de 2020, momento em que o mundo entrava em alerta máximo pela descoberta do novo coronavírus, o navio Diamond Princess se tornou símbolo do que estava por vir.

O cruzeiro americano, que transportava 3.700 pessoas, ficou preso no porto japonês de Yokohama. Mais de 700 viajantes a bordo foram contaminados e 14 deles morreram por complicações da doença.

O navio ficou em quarentena por 14 dias. Passado o prazo, passageiros e tripulação foram liberados gradualmente, até que a embarcação foi totalmente esvaziada em 1º de março. A história virou o retrato do início da pandemia, e é contada no documentário “O Último Cruzeiro”, lançado pela HBO em março deste ano.

Assim como o resto do mundo, os cruzeiros também pararam desde então. Um ano e meio depois, com a descoberta de vacinas e o avanço de estudos sobre protocolos para evitar novas contaminações, as empresas que administram os navios se preparam para a volta das atividades.

Nos EUA e em alguns países da Europa, os cruzeiros já retornaram, seguindo protocolos de segurança como teste em massa, uso de máscara e a exigência de vacinação.

No Brasil, a temporada de verão começa em novembro de 2021 e vai até abril de 2022. A expectativa é de que sete navios zarpem da costa brasileira durante este período, todos das empresas Costa e MSC.

Para isso, protocolos de segurança estão sendo desenhados pelas empresas, junto com o governo federal e a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

O presidente da Clia Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), Marco Ferraz, esteve, no último dia 5, com os ministros Marcelo Queiroga, da Saúde, e Gilson Machado Neto, do Turismo. No encontro, foram apresentadas as medidas desenvolvidas para a volta.

Dentre elas, testes antes do embarque e durante a viagem, disponibilização de álcool em gel, reserva de cabines para possíveis quarentenas, pulseiras e colares para detecção de aglomeração e aumento da temperatura, novo sistema de ventilação dentro dos navios, bem como a possibilidade de remoção imediata de pessoas com Covid para hospitais privados.

“Esses protocolos foram criados por médicos, cientistas e especialistas, em consonância com as autoridades sanitárias, sempre colocando a segurança dos hóspedes, tripulantes e das cidades que visitadas em primeiro lugar”, explica Ferraz.

A previsão dos operadores de cruzeiros no Brasil é de que a volta dos navios ao país gere cerca de 35 mil empregos diretos, indiretos e induzidos. O impacto da temporada, estima-se, deve ter um impacto de R$ 2,5 bilhões na economia regional.

Os protocolos estão sendo avaliados pela Anvisa, que fará a recomendação final sobre a volta dos cruzeiros no Brasil. A entidade informou que levará em conta os indicadores epidemiológicos, tais como: taxa de incidência, taxas de letalidade e transmissão, cobertura vacinal, taxa de ocupação de leitos de enfermaria e UTI e eventuais registros de variantes de preocupação.

A estrutura oferecida pelos navios também será avaliada.

O presidente executivo da Costa Cruzeiros para América Central e do Sul, Dario Rustico, conta que, desde o início da pandemia, a empresa estuda protocolos internos para tornar a viagem mais segura e sem imprevistos.

“Hoje, não tenho medo de falar que os protocolos de cruzeiros são os mais sólidos e seguros do turismo mundial. Estamos vendo o que está dando certo em outros países para colocar em prática no Brasil”, acredita.

Vista das cabines do Costa Smeralda em foto tirada no porto de Savona, na Itália, em maio de 2021 - Marco Bertorello/AFP

Um dos pontos desenvolvidos pela empresa são os passeios nas cidades em que os navios passarão.

Todo o itinerário será divido por grupos e conduzido por um guia local. Os estabelecimentos do roteiro serão reservados aos viajantes e todos os funcionários e o guia serão testados pela empresa.

“Quando falamos de viajar com protocolo de segurança, isso significa criar todas as condições para prevenção e para caso surja algum caso positivo na viagem. Diferentemente do início da pandemia, hoje sabemos como lidar com a situação”, avalia Rustico.

A MSC também avisa que seguirá todos os protocolos apresentados e exigidos pela Anvisa . De acordo com a empresa, as atividades de entretenimento dentro do navio foram redesenhadas para oferecer segurança. Grupos menores terão acesso com horários agendados.

Além disso, a MSC redesenhou o check-in, que agora será feito de forma online para evitar aglomerações.

A volta dos cruzeiros é aguardada pela agente de viagens paulistana Flóris Chieregatti, 43. Ela já fez 83 passeios em navios e conhece 32 países, a maioria deles por cruzeiros. Sua última viagem no mar foi em fevereiro de 2020.

“Ano passado tive cinco viagens canceladas. Ia passar meu aniversário de 42 anos da Itália até a Noruega. Já chorei um monte, mas agora estou com esperança de que em 20 de dezembro estarei no porto embarcando”, torce Flóris, que vai viajar com a mãe de 86 anos pela costa brasileira.

Ela diz que os ambientes e a segurança são o que mais a encanta em um cruzeiro.

“Já viajei diversas vezes sozinha e nunca tive problemas. É um ambiente propício para fazer novas amizades. Tenho amigos que conheci no navio e mantenho uma amizade próxima até hoje”, diz.

Essa interação entre os viajantes foi o que levou a publicitária carioca Ana Cláudia Menezes, 50, a criar um grupo no Facebook para reunir fãs de navios. Ela é uma das administradoras do “Cruzeiros, Nós Amamos e Queremos Mais”, que hoje conta com mais de 50 mil participantes.

Ana Cláudia Menezes, turista assídua em cruzeiros, criou grupo no Facebook para falar do assunto - Arquivo pessoal

“Foi muito difícil não poder viajar. O cruzeiro é uma oportunidade de estar junto com outras pessoas que gostam das mesmas coisas que você. Por isso, acabamos transformando o grupo em um local de acolhimento durante a pandemia. A gente compartilha lembranças e planejamos como será a volta”, resume.

Agora, segundo Ana, todos do grupo estão animados para a próxima temporada. Ela já está com passagens compradas para viajar pelo Brasil e se diz segura.

“A gente vai se sentir mais seguro dentro do navio do que aqui fora, por todos os protocolos que foram criados. A gente sabe que fizeram um bom trabalho para adaptar isso tudo e dar segurança que precisamos.”

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