Descrição de chapéu Folha Verão

Hotéis oferecem 'detox urbano' com e sem luxo a 3h de Manaus

Há opções desde day use por R$ 70, ou diárias de R$ 300 por casal, até pacotes de R$ 13 mil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Manaus

Maior capital da Amazônia, Manaus tem no turismo de negócios o principal consumidor do setor de hotelaria. De dezembro a fevereiro, quando as indústrias entram em recesso, é baixa temporada no Amazonas. Mas nunca ela foi tão baixa como neste início de ano, segundo a ABIH-AM (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Amazonas).

Em fevereiro, um mês após o colapso do sistema de saúde, que levou à falta de oxigênio para pacientes da Covid-19 nos hospitais, a taxa de ocupação dos hotéis chegou a 7%.

Oito meses depois, com o avanço da vacinação, outro perfil de turista está movimentando o setor e criando uma alta estação fora de época.

Com a procura por lugares abertos em alta, a Amazônia tem atraído cada vez mais turistas. A expectativa do setor é chegar ao fim do ano com 40% de ocupação nos hotéis.

Roteiros como o Teatro Amazonas, Mercado Adolpho Lisboa, Bosque da Ciência e Museu da Amazônia, fazem de Manaus um roteiro cheio de opções urbanas que disputam o tempo do turista, também seduzido pelos restaurantes regionais requintados.

Teatro Amazonas em Manaus em sua reabertura ao público, em setembro de 2020, com o espetáculo 'Ovam 20 anos', da Orquestra de Violões do Amazonas, com lotação reduzida em 50%, por conta da pandemia - Bruno Kelly/Folhapress

Mas o que os turistas da pandemia buscam principalmente não está na cidade. "Eles procuram natureza, sem aglomerações. E temos as condições ideais", diz Wildney Mourão, gerente de empreendedorismo e negócios sustentáveis da FAS (Fundação Amazonas Sustentável), que apoia o ecoturismo de base comunitária nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Rio Negro e Puranga Conquista, a 70 quilômetros de Manaus.

Nos hotéis de selva, em bangalôs na copa das árvores ou em pousadas comunitárias de ribeirinhos adaptadas para receber turistas e fazê-los se sentir em casa, dá para se desconectar da cidade grande e se conectar com a natureza –e até com si mesmo: programações holísticas e meditações também estão entre as atrações oferecidas.

Tudo seguindo protocolos de combate à Covid-19, como obrigatoriedade de apresentação de comprovante de vacinação, uso de máscara, distanciamento social e, em alguns casos, exigência de exame PCR ou antígeno negativo dos hóspedes, conforme garantem os responsáveis pelos espaços.

A partir de 30 minutos de Manaus já é possível fazer um "detox urbano" no Refúgio Samaúma, na comunidade Livramento, onde o day use custa R$ 70. Para quem quer pernoitar, as diárias vão de R$ 150 a R$ 300 por casal, com café da manhã. Almoço e passeios são à parte.

.
Refúgio Samaúma, na comunidade Livramento, a 30 minutos de Manaus - Airbnb/Reprodução

Para quem busca imersão na floresta ou aprofundar a conexão com a cultura amazônica, o turismo de base comunitária é a opção mais autêntica, ainda mais na casa dos próprios ribeirinhos e indígenas.

A 1h30 de lancha rápida de Manaus é possível vivenciar a rotina das comunidades tradicionais, participar da pesca e da produção de farinha, aprender a trançar cestos de artesanato e produzir sabonetes com óleos, fazer focagem de jacarés, observação de pássaros e botos, ou simplesmente curtir um banho de cheiro com ervas no igarapé e apreciar o pôr-do-sol no rio Negro.

Na Pousada Garrido, na comunidade Tumbira, o dono, Roberto Garrido, 55, conta que, depois de ver o número de visitantes cair de 350 em 2019 para 58 em 2020, as reservas estão voltando. Até novembro, passaram 170 hóspedes pela pousada e, até dezembro, outros cem chegarão.

A pousada já tem reserva para o Réveillon e todo o mês de janeiro. "As pessoas que passaram o ano todo trancadas agora estão buscando viajar para perto da natureza. E é isso que a gente oferece: uma conexão com a tranquilidade e a beleza da vida na floresta. A gente quer fazer o turista se sentir em casa", diz Garrido, que envolve a família e parte da comunidade na pousada, restaurante e centro de artesanato.

E não é só a pousada de Roberto que está se recuperando. Depois de perder metade das reservas em 2020, passando de 600, em 2019, para 360 hóspedes em 2020, os 21 empreendimentos de turismo de base comunitária na região devem fechar o ano com 415 visitantes, apostando na simplicidade da vida na floresta.

Os pacotes para esse tipo de experiência variam de R$ 350 a R$ 500 por dia, com alimentação e traslado incluídos. "As pessoas estão buscando a simplicidade dessas experiências, a autenticidade desse modo de vida, a felicidade das coisas simples", diz Wildney Mourão.

.
Caboclos House, a duas horas de Manaus - Divulgação

A duas horas de Manaus, a Caboclos House, oferece 21 atrativos para o turista se sentir parte de uma comunidade ribeirinha —com direito a dormir em palafita e ter o rio como quintal (na cheia).

Com proposta semelhante, a Manati Lodge, a 1h45 de Manaus (1h de estrada e 45 minutos de lancha), tem varanda privativa com rede nos bangalôs, construídos em passarelas suspensas, por R$ 921 por noite, com tudo incluído.

.
Manati Lodge, hotel a menos de duas horas de Manaus - Divulgação

Para quem não abre mão do conforto e do luxo dos hotéis de selva, mas quer economizar, dá para aproveitar o sistema day use. No Mirante do Gavião, a três horas de lancha de Manaus, o visitante pode usufruir da estrutura e passeios por R$ 950 a R$ 1.408 (com transfer Manaus-Novo Airão-Manaus).

Outra opção de alto padrão é o Anavilhanas Jungle Lodge, em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas, onde pode-se fazer canoagem pelos igapós, pesca artesanal de piranhas, técnicas de arco e flecha ou simplesmente contemplar o pôr do sol. Os pacotes de dias variam de R$ 3.200 a R$ 13.500 por pessoa (com traslado desde Manaus, hospedagem, alimentação completa, exceto bebidas e passeios).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.