Sem Carnaval de rua, Salvador e Rio têm roteiros para além dos cartões-postais

Turistas têm museus e até praias escondidas nas capitais; veja também o que fazer em SP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Matheus Rocha Franco Adailton Fabiana Batista
Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo

Sem trios elétricos nas ruas e desfiles de escolas de samba no feriado de Carnaval, Salvador e Rio de Janeiro têm uma vasta opção de roteiros que vão além de cartões-postais. De museus e botequins a praias escondidas, são lugares que se tornaram os queridinhos de moradores locais e prometem conquistar os turistas.

O roteiro carioca começa no Largo de São Francisco da Prainha. Localizado no bairro da Saúde, o local abriga bares e restaurantes com boas opções gastronômicas. É lá que fica o Bafo da Prainha, botequim que virou uma sensação entre os cariocas.

Para quem quer tirar boas fotos, o largo também é um prato cheio. Isso porque ele é cercado por casarões coloniais que dão ao lugar um aspecto cativante e multicolorido.

Casarões coloniais
Largo de São Francisco da Prainha virou uma das áreas prediletas dos cariocas - Foto: Ana Carolina Fernandes/ Folha Press

Além disso, o largo é uma boa alternativa para o turismo cultural por ser um dos 15 pontos que compõem a Pequena África. A região ganhou esse nome pela grande presença negra no século 19 e por preservar a história dessa população.

Fazem parte da localidade o Cais do Valongo e a Praça Mauá, que abriga dois dos principais museus da cidade: o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã.

Para estimular a visitação de cariocas e turistas à Pequena África, já existem empresas apostando no chamado afroturismo, isto é, roteiros que valorizam pontos ligados à história negra. Foi o que decidiu fazer Gabriela Palma, sócia-fundadora da agência Sou+Carioca.

"A gente usa o patrimônio público para ensinar o quanto essas pessoas e esses assuntos foram importantes. É uma forma de dar voz a histórias que foram por muito tempo silenciadas", afirma a empresária.

O Parque Madureira é outra área que não está nos roteiros tradicionais, mas que já conquistou os cariocas. Localizado na zona norte, o espaço é bem arborizado e conta com opções de lazer.

Por lá, existem quadras de vôlei, futebol e basquete, além de dois espaços culturais: a Arena Carioca e a Praça do Samba, ambiente que celebra o gênero que é uma marca de Madureira. O bairro é lar do Império Serrano, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio.

A guia de turismo Karolynne Duarte conhece bem os encantos de Madureira e de outras áreas do subúrbio. Em 2012, ela decidiu fundar a Guiadas Urbanas, agência que resgata a história de bairros suburbanos.

"A imagem que foi criada sobre o Rio está pautada em lugares como Copacabana e Cristo Redentor, mas a identidade cultural da cidade também está muito no subúrbio, até por causa do samba", diz Duarte, que promove passeios em bairros como Marechal Hermes, local recheado de opções gastronômicas boas com preços acessíveis. Os restaurantes Dom Ganache e Bistrô Famiglia são provas disso.

Bruno Kazuhiro, secretário municipal de turismo, diz que a Prefeitura está divulgando roteiros alternativos em áreas menos conhecidas da cidade, como a zona norte e oeste. "É preciso entender que o Rio é mais que sol e mar", afirma.

Praia da Gamboa de Baixo, ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia é novo point dos soteropolitanos
Praia da Gamboa de Baixo, ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia, é novo point dos soteropolitanos - Franco Adailton

Salvador também tem o seu roteiro que vai além de cartões-postais como o Pelourinho, Elevador Lacerda, Farol da Barra e Igreja do Bonfim. A capital baiana reserva boas surpresas em comunidades que, nos últimos anos, foram redescobertas pelos soteropolitanos.

É o caso da Gamboa de Baixo e da Vila Brandão, comunidades em áreas valorizadas que margeiam a Baía de Todos-os-Santos na capital baiana. Além dos atrativos naturais, ambas se reinventaram por meio da arte no grafite nas paredes das casas e da culinária regional.

A Gamboa de Baixo faz divisa com o Museu de Arte Moderna da Bahia, situado no conjunto arquitetônico do Solar do Unhão, um antigo engenho do século 17. Fica a apenas 1,2 quilômetro do Mercado Modelo e do Elevador Lacerda. Anitta e Iza já gravaram por lá.

Na comunidade, é possível desfrutar de uma praia quase exclusiva aos moradores locais, com pedras no lugar de areia, sem aquela disputa por espaço que ocorre no concorrido Porto da Barra.

Outra forma de chegar ao local é por meio de um passeio de cerca 20 minutos a partir de barquinhos que saem da prainha da Preguiça, ao lado da Bahia Marina. No local, diversos estabelecimentos oferecem toda sorte de iguarias, como caldos, petiscos e, claro, frutos do mar.

Os mais procurados são o Bar da Mônica, o Pier 7 e o Restaurante de Dona Suzana. É preciso chegar cedo, ir de coração aberto, sem frescura, pois são ambientes simples, com comida gostosa que varia de R$ 10 (caldo de sururu) a R$ 180 (moqueca de polvo, camarão e lagosta).

Mais à frente, na Vitória, incrustada num paredão rochoso em meio a prédios de alto luxo com teleféricos próprios, a Vila Brandão resiste à pressão imobiliária que, por várias vezes, já tentou remover os moradores daquele espaço com vista voltada para a baía de Todos-os-Santos.

A comunidade fica ao lado de uma das igrejas mais antigas de Salvador, a de Nossa Senhora da Vitória. A caminho da vila, além de conferir as obras de arte sacra da igreja, vale a pena fazer uma parada no Palacete das Artes, no bairro da Graça. Além de abrigar exposições provisórias, o imóvel de 1912 abriga em seu jardim quatro peças do escultor francês Auguste Rodin.

Na entrada da Vila Brandão, há um mirante de onde é possível avistar a Baía de Todos-os-Santos e a Ilha de Itaparica. Na descida para a comunidade, uma capela ao fundo da paisagem, no topo de uma colina chama atenção: trata-se do Cemitério dos Ingleses.

Quem dá as boas-vindas à Folha são a pedagoga Cláudia Santos, 54, e a recepcionista Vanda Araújo, 40, cuja família está na quarta geração de moradores locais. Ambas fazem parte da Associação de Moradores da Vila Brandão.

"Um dos primeiros moradores daqui foi meu avô. Já tentaram tirar a gente daqui, mas viemos para ficar", disse Vanda. "Por muito tempo, morei aqui perto da vila, mas não sabia de sua existência até mudar para cá. É um lugar muito tranquilo e gostoso para se viver", emendou a pedagoga.

Banho de mar em uma praia com fundo de pedra, passeio de barquinho e comida regional são os principais atrativos da comunidade de 60 famílias. Mesmo se não houvesse sinalização no Cantinho da Jô e no Point da Vila, o visitante perdido seria fisgado pelo olfato: tradicional prato baiano, as moquecas são o carro-chefe dos dois restaurantes.​ De lá, basta percorrer 1,2 quilômetro até o Porto da Barra.

Ilustração com o tema São Paulo. Na imagem, há duas mulheres segurando copos de bebida, uma veste um maiô e meia-calça arrastão e a outra usa um vestido vermelho curto. Elas estão dentro de uma sala com um vaso de planta e uma janela no fundo com a legenda "tendo que viver nossas fantasias em casa".
Bruna Maia

Sem Carnaval, São Paulo convida turistas a seus parques e mirantes

Pelo segundo ano consecutivo, as ruas da capital paulista não vão receber o colorido dos blocos de Carnaval. Que tal aproveitar para explorar São Paulo durante os quatro dias do feriado?

Sampa Sky, Beco do Batman ou Parque Jardim Prainha. A Folha separou opções para quem curte natureza, um rolezinho pelas ruas ou um passeio para apreciar São Paula do alto dos mirantes e picos mais altos da cidade.

Natureza na selva de pedras

Apesar de urbanizada, a cidade reserva lugares arborizados para ouvir o canto dos pássaros e fazer um piquenique no gramado. O mais novo deles é o Parque Augusta no cruzamento da rua Augusta com a Caio Prado aberto das 5h às 21h no carnaval. A área oferece espaços para caminhar, passear com o pet e um playground para a criançada.

Naquela região também estão: Parque Trianon, Parque Prefeito Mario Covas, Praça Amadeu Amaral, Praça Amadeu Cordeiro de Farias e Praça Alexandre de Gusmão.

Parque Jardim Prainha

Na rua Mafrense, no Grajaú, o Parque Jardim Prainha é uma opção para quem mora na Zona Sul. Localizado próximo à Represa Guarapiranga e a Billings, ele é gramado e oferece trilhas e equipamentos de exercício.
R. Mafranz, 100, Grajaú. Diariamente, das 7h às 18h.

Parque Ibirapuera

Com uma multiplicidade de lugares, o Parque Ibirapuera é maneiro para passear no feriado e sempre tem onde ser explorado. Fonte no Lago, a Praça da Paz, a Praça do Porquinho, o Bosque da Leitura, a Praça Burle Marx e, ainda, o Parque dos Cachorros são alguns deles.
Av. Pedro Álvares Cabral, Vila Mariana. Diariamente, das 5h às 23h.

Praça do Pôr do Sol é boa pedida para apreciar o fim de tarde - Adriano Vizoni/Folhapress

Praça do Pôr do Sol

E o pôr do sol? A Praça Coronel Custódio Fernandes Pinheiros, no Alto de Pinheiros, é ótima para reunir os amigos e assistir o cair da tarde no verão. A trinta minutos do metrô Vila Madalena e Faria Lima, a conhecida Praça do Pôr do Sol foi gradeada no ano passado e, por isso, funciona de 6h às 20h.
Praça Cel. Custódio Fernandes Pinheiro, 334, Alto de Pinheiros. Diariamente, das 6h às 20h.

Rolês de rua

A caminhada pelas ruas é outro passeio que ganhou adeptos. As vielas da Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque, na Vila Madalena, por exemplo, conhecida como Beco do Batman, podem render boas fotos das paredes grafitadas. Uma espécie de galeria a céu aberto, abriga artes urbanas de grafiteiros como Binho Ribeiro, Kobra, NOVE e Rafael Sliks. Outro ponto com o mesmo objetivo é o Beco do Hulk, na viela Gildo Lao, na Ermelino Matarazzo, Zona Leste, com mais de 40 grafites.

Minhocão

Local inaugurado em 1971 para desafogar o trânsito no centro de São Paulo, o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, foi transformado em "praia dos paulistanos" na pandemia. Grupos de amigos, famílias, ciclistas e patinadores aproveitam a rua interditada aos sábados, domingos e feriados.
Elevado Presidente João Goulart. Sáb., dom. e feriados: 7h às 22h.

Praça Roosevelt

Próximo do Minhocão, na bifurcação das ruas Consolação e Augusta, a Praça Franklin Roosevelt é frequentada, principalmente, por skatistas. Além de árvores e canteiros de plantas, tem um espaço exclusivo para a tribo. Com piso liso, corrimãos, rampas, o Skate Plaza é um parque de diversões.
Praça Franklin Roosevelt, s/nº, Bela Vista. Diariamente, 24h.

Movimentação da Praça Franklin Roosevelt nos finais de semana - Gabriel Cabral/Folhapress

Feiras de Antiguidades

Antiquários e brechós a céu aberto, as feiras de antiguidade espalhadas pelos bairros da capital paulista são para quem gosta de garimpar. Três das principais opções são a Feira do Bixiga, da Benedito Calixto e da Praça da República. Além de comprar joias, móveis e discos de vinil, o público pode aproveitar a gastronomia de rua. No Bixiga, há, ainda, a tradicional roda de choro.
Feira do Bixiga - Praça Dom Orione, Bela Vista. Dom.: 9h às 17h.
Feira Praça da República. Dom.: 9h às 17h.
Feira da Benedito Calixto - Praça Benedito Calixto, Pinheiros. Sáb.: 9h às 17h.

Funcast no SP Market

A Funcast fica no SP Market e é uma exposição interativa. Inspirada em eventos de Los Angeles, seu tema, "Promova sua selfie", proporciona experiências sensoriais e a possibilidade de produzir fotos e conteúdos nas redes sociais.
​Av. das Nações Unidas, 22.540, Jurubatuba. Seg. a sex.: 10h às 22h. Dom. e feriados.: 12h às 20h. A entrada é gratuita e a visita deve ser agendada no app do SP Market.

Vendo SP do alto

Mirante Sesc Paulista

Além de um passeio pela Avenida Paulista, que tal avistá-la do alto? No 17º andar da unidade do Sesc Paulista, os bairros Paraíso até a Consolação ficam minúsculos. A entrada é gratuita, mas devido aos protocolos da Covid-19, os ingressos devem ser adquiridos às sextas, a partir das 12h, via app Credencial Sesc SP ou pelo Portal do Sesc. É necessário apresentação de comprovante de vacinação da Covid-19, a partir de 12 anos.
Av. Paulista, 119, Bela Vista. Ter. a sex.: 10h às 21h30. Sáb., dom. e feriados: 10h às 18h30.

Instalado no edifício Mirante do Vale, o Sampa Sky fica a 170 metros de altura - Eduardo Knapp/ Folhapress

Sampa Sky

Já quem quer conhecer o centro de São Paulo com panorâmica 180º, pode apertar o 42º no elevador do Mirante do Vale. O Sampa Sky fica a 170 metros de altura. Em uma estrutura de vidro transparente das paredes ao chão, a vista é da Zona Sul e todo o Centro.
Praça Pedro Lessa, 110, Centro. Ter. a sex.: 11h às 18h30. Sáb. 9h às 18h30. Dom.: 9h às 16h. Ingresso: de R$ 40 a R$ 100.

Pico do Jaraguá

Que tal aproveitar o feriado e se conectar com o silêncio da natureza e subir o pico mais alto da capital? A oeste da serra da Cantareira, a trilha do Pico do Jaraguá é de subida, são 1.135 metros de altura e 242 degraus acima. Lá de cima vê-se parte de Osasco, o início da Serra do Mar e as rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Rodoanel.
Parque Estadual do Jaraguá - R. Antônio Cardoso Nogueira, 539, Vila Chica Luiza. Ter. a dom.: 7h às 17h.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.