Foi na década de 1940 que o movimento dos acampamentos começou a surgir no Brasil. A ideia de passar as férias nesse tipo de complexo de lazer campestre —e ainda longe dos pais— virou um verdadeiro sonho de consumo para crianças e adolescentes paulistanos.
Muitos acampamentos surgiram de lá para cá, em vários pontos do estado. Rumi de Ranieri, diretor do acampamento Ranieri, em São Lourenço da Serra (SP), conta que há mais de 70 anos seu pai e seu tio conheceram esse tipo de turismo.
"Gostaram tanto que voltaram várias vezes, viraram monitores e acabaram fundando o próprio empreendimento, em 1977", conta Ranieri, diretor de um dos acampamentos mais conhecidos do Brasil.
Inspirados no modelo norte-americano, todos os empreendimentos têm o contato com a natureza como princípio. São propriedades vastas, onde atrações naturais como lagos e trilhas ganham reforços como tirolesas, pistas de lama, esqui aquático e arvorismo.
Os acampantes dormem em beliches, em grandes dormitórios coletivos. Mas as demandas da clientela têm mudado bastante ao longo dos anos, segundo Ranieri.
"Antigamente, as famílias buscavam basicamente atividades esportivas. Hoje, a parte educacional e recreacional tem muito mais apelo."
Os filhos da chef de cozinha Paula Camara, 38, não abrem mão de passar as férias de julho no RepLago, em Leme (SP), onde a mãe também aproveitava os intervalos das aulas. Daniel, 10, já é habitué. Larissa, 6, estreou no último Dia das Crianças, repetiu a dose em janeiro e não vê a hora de voltar.
"Ele adora as atividades em si, enquanto o relacionamento com as amigas é o aspecto mais importante para ela", relata a mãe.
"As brincadeiras na água são as mais divertidas. Nas férias, quero nadar no lago, ir no aqua jump e no banana boat. Se chover, eu pego o guarda-chuva e vou pro ginásio, para pular na cama elástica e brincar na parede de escalada", conta Larissa.
"No acampamento, eu me divirto e aprendo um monte de coisas que posso usar na vida. A cada temporada, volto um pouco diferente, vou muito feliz em julho. Quero conhecer amigos novos e soltar algumas emoções, como a raiva de ter tirado uma nota ruim e ter tido provas e mais provas durante o semestre inteiro", diz Daniel.
Exercitar a independência costuma ser o principal desafio para os menores —por isso, alguns acampamentos preferem que os pais evitem fazer contato com os filhos durante as temporadas. "Um único telefonema pode colocar toda uma temporada a perder", avisa Ranieri.
Já para os adolescentes, o mais difícil é ficar longe do celular. Não por acaso, os gestores propõem programação intensa, com muitas competições, e disputam quem tem as melhores atrações.
Os preços, este ano, estão salgados e variam bastante conforme o estabelecimento. Equipes numerosas com profissionais especializados, atendimento médico 24 horas, cinco refeições diárias e transporte de ida e volta para São Paulo ajudam a encarecer as tarifas. Mas elas parecem não estar espantando o público cativo, já que parte das turmas já está fechada.
As temporadas nas férias de julho, com duração de quatro a sete dias, começam no dia 2 e terminam no dia 30. Confira os preços e a programação de cada acampamento e fique atento: os estabelecimentos aceitam pagamento parcelado e costumam conceder descontos para acampantes veteranos e irmãos.
Localizado em Charqueada (SP), a 182 km de São Paulo, tem como principal atração o Jurassicamp —depois de desvendar enigmas e atravessar passagens secretas, as crianças chegam às réplicas mecanizadas de dinossauros. Usina de reciclagem 4D, parque aquático, tirolesa e festa a fantasia fazem parte da programação de férias para crianças e adolescentes de seis a 16 anos.
Quando: de 10 a 16, e de 17 a 23 de julho.
Quanto: R$ 3.769 a temporada, à vista, com transporte saindo de São Paulo e Campinas.
Dispõe de duas unidades: uma em Sapucaí-Mirim (MG) e outra em Santo Antônio do Pinhal (SP), ambas a menos de 200 km da capital. Visitantes de cinco a 16 anos encontram tirolesa sobre a represa, zoo de répteis, um toboágua com 100 metros de comprimento e a trincheira, túnel de 200 metros. A temporada Donas da Rua, na unidade paulista, oferece uma semana de treinos de futebol feminino para meninas de oito a 18 anos.
Quando: de 4 a 10; de 11 a 17 e de 18 a 24 de julho.
Quanto: a partir de R$ 4.881 à vista.
Mais antigo do Brasil, ocupa uma área de 25 hectares em São Bento do Sapucaí (SP), a 200 km de São Paulo, dentro da Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira. Recebe visitantes de seis a 17 anos para atividades como pesca e caiaque no lago, mergulho na piscina com ilha e competições na Torre de Desafios.
Quando: de 2 a 6; de 8 a 14; de 16 a 22; e de 24 a 30 de julho.
Quanto: R$ 3.255,00 (primeira semana) e R$ 4.700 (demais temporadas); com traslado de ida e volta a São Paulo. Saídas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte a R$ 300 por pessoa (grupo mínimo de 15 pessoas.
Em área de 1 milhão de m² cercada pela Mata Atlântica, crianças e adolescentes de seis a 16 anos brincam no Splash Ball, um estilingue gigante para guerra de bexigas, participam de oficinas de teatro e dança, jogam pebolim humano, praticam canoagem e terminam o dia com cantoria ao redor da fogueira. De São Lourenço da Serra (SP) à capital, são 55 km.
Quando: 9 a 16 de julho.
Quanto: R$ 3.700 por temporada, à vista, com traslado.
Está localizado em Leme, a 188 km da capital. Crianças e adolescentes de cinco a 16 anos se divertem em equipamentos como Aqua Jump, Banana Boat, trilha de arvorismo, parede de escalada e tirolesa sobre o lago. Estúdio de música, ateliê de artes e jogos noturnos completam a programação.
Quando: de 4 a 9; de 10 a 15; e de 16 a 22 de julho.
Quanto: R$5.352 nas duas primeiras temporadas, à vista, e R$ 6.244 na última semana.
Fica em Tatuí (SP), a 143 km de São Paulo, e tem atrações inspiradas nas obras de Mark Twain, Júlio Verne, Monteiro Lobato e Steven Spielberg. Fóssil de dinossauro, pista de Fórmula 1 (veículos movidos a pedal), zoo de filhotes, trilha de Indiana Jones e passeio de caravela fazem parte da programação para crianças e adolescentes de 5 a 16 anos.
Quando: de 10 a 16, e de 17 a 23 de julho
Quanto: R$ 7.259 a temporada, à vista, com traslado ida e volta
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