Descrição de chapéu febre amarela

Postos da Anvisa deixam de emitir certificado de vacinação contra febre amarela

América Latina e África lideram lista de destinos que exigem a comprovação, que pode levar até dez dias úteis

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São Paulo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deixou de emitir certificados internacionais de vacinação para febre amarela nos postos físicos.

O órgão parou de oferecer o serviço em setembro de 2020, segundo comunicado, como parte do processo de transição digital da agência.

Resultados dos experimentos com animais acabam de ser divulgados na Nature Communications. Pesquisadores aguardam aval da Anvisa para dar início ao ensaio clínico
Certificado de vacinação agora só é emitido online - Klaus Hausmann/Pixabay

Necessário para visitar países que têm casos de febre amarela, ou clima que facilite a proliferação da doença, o CIVP (Certificado Internacional Vacinação ou Profilaxia) era motivo comum para enfileirar brasileiros na unidade do aeroporto de Guarulhos da Anvisa às vésperas de voos. A fila deu lugar a uma espera digital que pode chegar a dez dias úteis.

Para embarcar rumo aos países que exigem a vacina, majoritariamente na América Latina e África, além do certificado internacional, é preciso que o imunizante tenha sido aplicado com pelo menos dez dias de antecedência.

Veja locais que emitem CIVP presencialmente no estado de São Paulo

Quem precisa de agilidade pode apostar nos postos credenciados, locais autorizados pela Anvisa a emitir o CIVP. Alguns aplicam a vacina na hora e emitem o certificado, outros validam a vacina tomada anteriormente —nesse caso, só serviços públicos, como secretarias de saúde de municípios, todos consolidados em listas no site da própria Anvisa.

A exigência vem do risco de brasileiros viajarem com a doença, explica Expedito Luna, epidemiologista do Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo).

"O temor de alguns países é que o brasileiro esteja infectado, viaje para lá, lá tem mosquito e se instale a transmissão."

Luna diz que a doença só existe na América Latina e na África, mas lugares com clima e biomas parecidos, como alguns países da Ásia, temem que estrangeiros levem a doença e causem um ciclo de transmissão entre humanos via mosquitos.

O Brasil era um dos países que exigia a vacina para ingresso no território, regra que mudou em 2008, esclarece a Anvisa. Agora, viajantes estrangeiros podem vir ao país sem comprovação do imunizante.

A política de recomendação de vacinação para febre amarela mudou ao longo do tempo, explica o epidemiologista.

O imunizante existe desde a década de 1930, embora a doença esteja no Brasil há cerca de 120 anos. Antes da vacina, a aposta era no controle do vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor da zika e da dengue.

Com o imunizante, a febre amarela passou ao ciclo silvestre, ou seja, virou uma doença de macacos. Assim, infecta pessoas que vivem perto de florestas e matas.

A partir dos anos 2000, a febre voltou a aparecer em outras regiões e, entre 2018 e 2019, protagonizou surtos em grandes cidades.

Luna conta que, nesse momento, a população não estava vacinada, afinal, não era de praxe oferecer o imunizante para uma doença que não afetava as cidades. Naquele momento, foram organizadas campanhas com doses fracionadas.

"A dose fracionada já tinha sido usada na epidemia de Luanda, em 2016. Estudos indicavam que a induzia a mesma quantidade [de anticorpos] que a cheia", explica.

"O boato que se espalhou nas redes sociais era de que era uma vacina fraca, uma vacina ruim. Em um dia estávamos com fila gigantesca nas unidades de saúde, com pessoas agredindo enfermeiros para se vacinar, e, no dia que começou a dose fracionada, sumiu todo mundo. Voltou-se atrás, deu-se a inteira, porque a adesão caiu."

Para viajantes que tomaram lotes nestes anos, cuidado ao observar se a dose foi fracionada. Segundo a Anvisa, o certificado internacional não pode ser emitido para a versão fracionada da vacina.

Nesse caso, é preciso tomá-la de novo. Segundo o epidemiologista, não tem problema reforçar —até mudança da orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 11 de julho de 2016, era uma vacina que exigia reforço a cada dez anos, mas, hoje, vale uma dose para a vida toda.

Viajantes mirins precisam ser vacinados também. Com exceção de Santo Eustáquio, no Caribe, que exige a vacina aos seis meses de idade, todos exigem a vacina a partir dos nove meses. Segundo Luna, quando aplicada nessa idade, a vacina é tomada em duas doses: uma aos nove meses e outra, de reforço, aos quatro anos.

Para quem toma depois dos quatro anos, a dose é única.

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