Nadar com tubarões é experiência para recordar por toda a vida

Passeio de snorkel em mar aberto junto dos peixes gigantes é comum nas Ilhas Maldivas

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Malé, Ilhas Maldivas

Viagens da imprensa a trabalho, no setor de turismo, incluem sempre programações muito boas, porém feitas à revelia dos jornalistas. A ideia ali é que seja apresentado o maior número de atrações possíveis de um destino —valem museus, catedrais, restaurantes, parques.

No caso de uma viagem às Maldivas, a lista incluía também tubarões. Eles estavam lá pela quarta linha da lista de afazeres, logo abaixo da massagem relaxante, da entrevista com o porta-voz, e do tour pelas instalações do hotel.

Turista nada junto com tubarões em passeio nas Ilhas Maldivas - Divulgação

Como assim nadar com tubarões? Sou mãe de um rapaz meio paulista, meio pernambucano, e lá em Recife aprendemos que é fundamental manter distância das tais bestas-fera dos oceanos se quisermos manter todos os membros intactos.

Ainda havia o agravante: no mesmo dia em que desembarquei em Malé, capital das Ilhas Maldivas, também chegara a minha menstruação. E todo mundo sabe, porque Steven Spielberg nos ensinou, que sangue atrai tubarões.

A equipe do hotel e do passeio assegurou que não, este não seria um problema. A proposta era fazer snorkel em meio a tubarões-lixa, que polidamente não têm o hábito de atacar humanos, e também era acordado que, ao nadar, eu usaria um absorvente. Nenhum ser humano sairia maltratado das filmagens.

O barco navega por cerca de 30 minutos até chegar a um ponto já famoso nas Maldivas, próximo a um resort. "Eles alimentam os tubarões de lá já há bastante tempo, e há uma grande população deles que cresceu ali", explica Antoine Perretti, gerente da Aquafanatics, empresa responsável pelo passeio.

No grupo havia famílias, crianças pequenas, casais de variadas idades. Reparei em um trio de pai, mãe e filha adolescente que viera claramente mais preparado que eu, vestindo roupa de mergulho e toucas de natação. Considerei quão inadequados eram meu biquíni e camisa curta de linho.

Alcançado o local exato, lá vêm eles. "Só o barulho dos motores faz os tubarões virem para perto dos barcos. Parece mágica, mas não é", brinca Perretti. É que os bichos sabem que, quando há turistas, há também petiscos dados pelos guias.

Enquanto todos calçam seus pés de pato e vestem as máscaras de snorkel, minha atenção se divide: um olho no tubarão chegando, o outro no pai preparado caindo na água. Em menos de um minuto ele (o pai, não o peixe) estava de volta ao barco, em pânico.

Alguém pergunta em voz alta se conhecemos o filme "Mar Aberto", em que um casal é esquecido por uma empresa de passeios e morre comido por tubarões. Só melhora. "São tubarões que não mordem suas presas, eles as sugam. Quando você nadar com eles, eles vão ignorar vocês", explica Perretti.

Pulo na água, seguro na corda-guia e me entrego. Tubarões maiores que eu sobem do fundo do mar calmo para se aproximar de nós, turistas, e nadam em um balé emocionante e único. São dezenas deles, 20 talvez. É uma experiência para recordar por toda a vida.

Diversos hotéis nas Ilhas Maldivas oferecem o passeio em seu menu de diversões. Pelo snorkel com tubarões, costuma-se pagar US$ 400 (R$ 2.120) por cabeça.

"Pedimos para que não encostem neles, porque podemos carregar na nossa pele bactérias, vírus, e não queremos que eles fiquem doentes. Mas, se você pudesse passar a mão neles, veria que sua pele é bem áspera", diz o gerente.

Do passeio, ficam duas certezas: ter uma câmera fotográfica à prova d'água deve ser fantástico, e seres humanos não são tão apetitosos quanto acreditam ser.

A jornalista viajou a convite da Minor's Hotels

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