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Ilha em Portugal atrai turistas com vinhos vulcânicos e natureza

No arquipélago de Açores, uvas crescem em meio às rochas de um vulcão de frente para o Atlântico

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Ilha do Pico (Açores)

Com uvas que desafiam limites da natureza e crescem em meio às rochas vulcânicas, cercadas pelo azul cristalino das águas do Atlântico, a ilha do Pico, nos Açores, é um exclusivo destino de enoturismo de Portugal.

O território conjuga as atrações ligadas à natureza que são típicas do arquipélago, como caminhadas e observação de golfinhos e baleias, com programas relacionados ao vinho e à gastronomia.

Devido ao solo vulcânico e à proximidade do mar, os vinhos do Pico têm características distintas, em especial a mineralidade e o frescor do verdelho, sua casta mais famosa.

Landscape, Pico island_Credit Turismo dos Azores
Montanha do Pico vista ao fundo da paisagem na ilha homônima, parte do arquipélago de Açores, em Portugal - Turismo dos Azores/Divulgação

O visual das vinhas é um espetáculo à parte. O cultivo é feito dentro dos chamados currais ou curraletes: estruturas retangulares, divididas por pequenas muretas de basalto, que serpenteiam ilha adentro formando labirintos.

Além de proteger as plantas dos fortes ventos e da água do mar, eles funcionam como um regulador de temperatura e do calor do sol. O caráter singular da produção fez com que a paisagem fosse classificada pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, como um patrimônio mundial da humanidade em 2004.

"Os vinhos vulcânicos são limitados. Temos no Pico, na Sicília e em alguns outros locais. Esses solos permitem mais mineralidade na bebida e se refletem na alta acidez, que é o que traz frescor", explica Pedro Henrique Ramos, professor de enologia e especialista em vinhos portugueses.

Segunda maior entre as nove ilhas que compõem o arquipélago dos Açores, o Pico começou a ser habitado no século 15, quando também se iniciou a produção de vinhos. A qualidade da bebida conquistou mercados europeus, impulsionando um bem-sucedido negócio por cerca de 400 anos, até que uma praga dizimou quase todas vinhas.

A retomada do vinho de qualidade na ilha aconteceria em meados da década de 2000, com novas técnicas e a recuperação das áreas históricas de produção. Desde então, o turismo relacionado à enologia também floresceu.

A experiência começa com a seleção da hospedagem, com cada vez mais opções de alojamentos situados em meio às vinhas. Há desde casas de aluguel por temporada mais rústicas a hotéis boutiques.

Com vista para as vinhas, o mar e o vulcão, o alojamento da Azores Wine Company é uma boa pedida também para os amantes da gastronomia. O projeto de arquitetura minimalista fica em uma adega e conta com um restaurante em que o peixe e os frutos do mar açoreanos são soberanos. A harmonização com os vinhos locais completa a experiência.

Para se aventurar pela ilha, o Museu do Vinho, na zona da Madalena, é um ótimo ponto de partida, com informações detalhadas das etapas da produção e a trajetória econômica da região. Instalado no antigo Convento das Carmelitas, o espaço tem uma vista exuberante do mar e é cercado por vários currais de vinhas. Também oferece uma série de atividades sazonais, como provas de vinho e a chance de participar da vindima (colheita).

A ilha do Pico tem também diversas opções de visitas guiadas às plantações, que incluem visita às adegas e degustações. Fundada em 1949, a Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico oferece a possibilidade de o visitante conhecer todas as etapas da produção.

Com uma pegada ligada à sustentabilidade, a Adega do Vulcão, comandada por um casal de italianos, também oferece opções de provas comentadas e harmonizadas.

Adega da Ilha do Pico, nos Açores, em Portugal
Adega da Ilha do Pico, nos Açores, em Portugal - Jose Sarmento Matos/Divulgação

Uma das degustações mais singulares acontece na Adega Czar, cujo nome é uma homenagem à popularidade do vinho do Pico junto à antiga família imperial russa. Em frente ao mar, a adega guarda um destaque do universo enológico português: o vinho Czar.

Trata-se de um rótulo de colheita tardia que, sem adição de água-ardente ou bebida similar, normalmente ultrapassa 18% de teor alcoólico. A produção é limitada e varia com a colheita, fazendo com que a garrafa custe mais de 400 euros (cerca R$ 2.200).

Mas a ilha também oferece diversas atividades ao ar livre, muitas relacionadas justamente à montanha que lhe dá nome. Ponto mais alto de Portugal, o Pico tem 2.351 metros e é um destino para trilhas, caminhadas e escaladas.

A maior parte dos percursos têm níveis de exigência elevados, mas há opções para quem tem menos preparo. É o caso da Gruta das Torres, uma das maiores cavernas vulcânicas visitáveis do mundo, com cinco quilômetros de estalactites e estalagmites.

Entre a oferta de passeios de barco, tours para observar baleias são os mais disputados. No verão, as piscinas naturais da ilha são a principal atração —com destaque para as da Furna de Santo António.

A visita à ilha não está completa sem conhecer o Cella Bar. Com design inspirado na forma de uma baleia, o prédio instagramável tem vista para o mar e para a ilha vizinha do Faial, em um disputado terraço para apreciar o pôr-do-sol. O menu destaca sabores regionais e, é claro, vinhos do Pico.

A jornalista viajou a convite do Turismo de Portugal

Como chegar

Há um pequeno aeroporto na ilha do Pico, mas a oferta é limitada. A maior variedade de horários e frequências está nos voos com conexão nos dois maiores terminais dos Açores, Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e Lajes, na ilha Terceira. É possível chegar de barco a partir das ilhas vizinhas, com várias saídas diárias.

Onde provar vinho

Azores Wine Company
R. do Poço Velho nº 34

Cooperativa vitivinícola do Pico
R. Padre Nunes da Rosa, nº 29

Cella Bar
R. da Barca, s/n

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