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25/07/2011 - 17h02

Edição centenária de festival de Wagner estreia com polêmica

FRÉDÉRIC HAPPE
DA FRANCE PRESSE, EM BAYREUTH*

A 100ª edição do Festival de Bayreuth, consagrado à obra de Richard Wagner, abriu nesta segunda-feira (25) com a ópera "Tannhäuser", em meio à controvérsia causada pela intenção de uma orquestra israelense de interpretar o compositor preferido dos nazistas.

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O festival terá 30 reapresentações selecionadas das dez principais óperas de Richard Wagner, até o dia 28 de agosto. O local é o Bayreuth Festspielhaus, teatro de 1.974 lugares especialmente construído para o evento, sob a própria supervisão do compositor.

Anualmente, a elite da política, da economia e do mundo do espetáculo se reúne para a abertura, no "palácio do festival", o Festspielhaus, construído em 1876 na "Colina Verde" que domina esta cidade do sul da Alemanha.

Até mesmo a chanceler Angela Merkel estava presente na abertura, ao lado de seu ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

Embora os olhares estivessem dirigidos à encenação de "Tannhäuser", ópera romântica, considerada a obra da juventude mais importante de Wagner, também havia muita expectativa, criada por outro concerto.

Frederic Happe/France Presse
Maestro austríaco Roberto Paternostro conduz ensaio de orquestra israelense, em Bayreuth, sul da Alemanha
Maestro austríaco Roberto Paternostro conduz ensaio de orquestra israelense, em Bayreuth, sul da Alemanha

ANTISSEMITA

Na terça-feira (26), ao meio-dia, hora local, em outra sala de Bayreuth, a Orquestra de Câmara de Israel (OCI) concluirá um recital interpretando "Siegfried-Idyll" ("O Idílio de Siegfrid"), de Wagner.

O fato é que Richard Wagner (1813-1883) era um antissemita declarado, muito apreciado pelo regime nazista.

Sua obra é considerada praticamente tabu em Israel. Em julho de 2001, o maestro judeu argentino, Daniel Barenboim, dirigiu em Jerusalém a Orquestra Filarmônica de Berlim, que interpretou um fragmento de "Tristão e Isolda".

Barenboim havia dito que os que não quisessem ouvir poderiam sair e 30 ou 40 pessoas deixaram a sala de espetáculo, alguns gritando ou insultando. Os que ficaram, acabaram aplaudindo de pé.

Dez anos depois, a polêmica segue presente em Israel e até o ministro da Cultura precisou intervir para que as subvenções à Orquestra de Câmara de Israel não fossem suspensas.

Nesta segunda-feira, um comunicado da associação de sobreviventes do Holocausto e familiares qualificava a decisão da orquestra de interpretar música de Wagner, em Bayreuth, de "ruptura vergonhosa da solidaridade para com as pessoas que sofreram os horrores" nazistas.

No entanto, a cidade de Bayreuth tenta, através desta e de outras iniciativas, como o projeto de criação de um centro cultural judeu, tirar lições do passado.

Katharina Wagner, uma das diretoras do festival, que patrocinou a ida da orquestra a Bayreuth, prometeu abrir os arquivos familiares para que os vínculos entre os Wagner e o nacional-socialismo possam ser analisados de maneira transparente.

 

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