Você já deve ter ouvido a história que conta que a feijoada nasceu nas senzalas do Brasil na época da escravidão
De acordo com essa versão, os escravos só ficavam com as partes menos nobres do porco —rabo, orelhas, pés. A mistura da carne com o feijão preto teria resultado na feijoada
A maioria dos especialistas, no entanto, rejeita essa narrativa
Sabe-se que a dieta dos escravos era muito pobre em nutrientes. Dificilmente havia proteína animal (mesmo orelha ou rabo) para que consumissem
A origem da feijoada seria, então, dos próprios cozidos portugueses, ensopados ricos feitos com feijões e carnes
Na Europa, no entanto, o costume era comer feijão branco. Por aqui, o feijão preto era dominante, servindo, inclusive, como a base da alimentação dos escravos
A feijoada só ganhou status de prato tipicamente brasileiro com os modernistas, que queriam criar novos símbolos para a brasilidade
A questão, para os modernistas, era encontrar a expressão brasileira em diversos planos, inclusive na cozinha
A feijoada era o prato perfeito: tinha o feijão preto, originário da América do Sul, a inspiração nos cozidos europeus, a farinha e a couve
O prato, aliás, aparece no livro "Macunaíma", de Mário de Andrade. A obra, publicada em 1928, é uma das mais importantes da literatura modernista
Quer saber mais sobre a história de "Macunaíma"? Veja abaixo:
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