A história do transplante de coração no Brasil 

João Ferreira da Cunha entrou  para a história como João  Boiadeiro. Sabia-se pouco sobre  ele: era um homem simples de  Mato Grosso, tinha 23 anos 

Foi a primeira pessoa do Brasil a receber um transplante de coração. Ele sofria de insuficiência cardíaca

O primeiro transplante cardíaco  do mundo tinha acontecido  havia cinco meses, na África do  Sul. Desde então, as pesquisas e  testes, liderados pelo cirurgião  Euryclides de Jesus Zerbini, do  HC da USP, se intensificaram 

Mesmo com a técnica cirúrgica  já apurada, ainda faltavam  recursos farmacológicos para  combater a rejeição ao órgão  pelo novo organismo 

O fato não era menosprezado  pelos médicos, mas era enorme  a vontade de demonstrar a  viabilidade da nova técnica – ainda mais depois da cirurgia  na África do Sul 

O doador foi o serralheiro Luís  Ferreira Barros, morto em um  acidente. A autorização para a  doação pioneira só veio após a  constatação da morte cerebral,  trâmite que não mudou de 50  anos pra cá 

Depois de três semanas de  evolução favorável, no dia 16 de  junho, o coração de João parou  por um minuto e meio. Era um  dos sinais de que o órgão estava  sendo rejeitado pelo organismo 

João morreu no dia 22 de junho de 1968, aos  23 anos, em decorrência da rejeição do órgão. O interesse médico era tamanho que, dois dias depois, cerca de trinta médicos participaram de sua autópsia 

Passada a euforia inicial,  houve um desencanto diante  dos resultados negativos.  Foram 100 transplantes em  1968 em todo o mundo, 50 em  1969, 20 em 1970 e 10 em 1971 

A rejeição parecia  intransponível e havia outros  desafios na cardiologia –  estávamos na era de ouro do  cateterismo, técnica que remove  entupimentos nas coronárias 

O transplante cardíaco só renasceu no mundo em 1980. A responsável foi a ciclosporina, droga contra a rejeição que acabara de ser lançada

O coração tem  um mecanismo de funcionamento complexo. Entenda como ele bate: