As escrevivências de Conceição Evaristo

Se houvesse um monumento à memória negra, deveria ser construído no fundo do mar, em homenagem àqueles que se perderam na travessia, defende a escritora Conceição Evaristo

Na impossibilidade de levantar tal monumento, ela se dedica a construir uma obra literária sobre o tema

A escritora nasceu em Belo Horizonte (MG) em 1946. Cresceu em uma comunidade no alto da Avenida Afonso Pena

Quando criança, lia gibis infantis com avidez e se admirava com os enredos imaginados pela mãe, semianalfabeta, a partir das ilustrações

Sua mãe, Dona Joana, trabalhou como empregada doméstica nas casas de escritores como Otto Lara Resende e Alaíde Lisboa

Conceição Evaristo também trabalhou como doméstica, babá e faxineira até 1971, quando concluiu o ensino médio

Em 1973, foi aprovada em um concurso de magistério e se mudou para o Rio de Janeiro

Lá, estudou Letras pela UFRJ, fez mestrado em Literatura Brasileira pela PUC e doutorado em Literatura Comparada pela UFF

A escrita começou a partir dos anos 1990, primeiro em contribuições para antologias, depois em obras solo

[...] Acreditar na capacidade de escrita das mulheres negras, acreditar que são mulheres pensantes, intelectuais, que criam situações de aprendizagem, que somos donas do conhecimento, é mais difícil

Conceição Evaristo, em entrevista à RFI

Seu primeiro romance foi "Ponciá Vicêncio", lançado em 2003

O livro narra a mudança da personagem-título do meio rural em que seus ancestrais foram escravizados para a cidade grande, onde se estabelece numa favela

Em 2006, lança seu segundo romance "Becos da Memória". Também tem livros de contos; "Insubmissas lágrimas de mulheres" (2011) e "Olhos D'água" (2014), entre outros

Tudo que eu escrevo é profundamente marcado pela minha condição de mulher negra brasileira

Conceição Evaristo explica o conceito de "escrevivência" que marca a sua obra

Em 2017, sua vida e obra foram tema de exposição no Itaú Cultural, em São Paulo

Em 2018, foi feita uma campanha com mais de 25 mil assinaturas, para que Conceição Evaristo fosse a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras

Na eleição, teve um voto. Venceu o cineasta Cacá Diegues, provocando um debate sobre a representatividade da ABL

Uma das obras que influencia a escrita de Conceição Evaristo é "Quarto de Despejo", de Carolina de Jesus. Conheça a autora:

Saiba mais

TEXTOS

Francesca Angiolillo, Maurício Meireles, Lucas Neves, Júlia Barbon e Silvano Mendes

IMAGENS

Zanone Fraissat, Luciana Whitaker, Bruno Fernandes, Daniel Marenco e Acervo UH/Folhapress
Walter Craveiro/Flip
RFI, Richner Allan e Itaú Cultural/Divulgação

PRODUÇÃO DE WEB STORIES

Rebeca Oliveira

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