A história de Eva Wilma na marcha de 1968

O ano era 1968. A repressão da ditadura militar no Brasil atingia o seu auge

Em março, a polícia militar invadiu o Restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, onde estudantes protestavam contra o aumento do valor das refeições

O estudante Edson Luís de Lima Souto, 18 anos, foi morto com um tiro à queima-roupa pelo comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo

O episódio comoveu o país e manifestações foram marcadas no Rio de Janeiro. Todas foram abafadas por repressão policial

Edson Luís foi enterrado ao som do hino nacional brasileiro, cantado por uma multidão. Na manhã de 4 de abril, foi realizada a missa de sétimo dia na Igreja da Candelária

A missa havia sido proibida pelo governo militar. O vigário-geral do Rio de Janeiro, D. Castro Pinto, insistiu em realizá-la. Cerca de 700 pessoas acompanharam a celebração

Na saída, encontraram soldados montados a cavalo e vários agentes do DOPS. A repressão violenta deixou dezenas de feridos

Desde então, o movimento estudantil organizou inúmeras manifestações pelo Brasil, que resultaram na prisão de centenas de estudantes

No dia 21 de junho, uma manifestação estudantil em frente ao edifício do Jornal do Brasil gerou um conflito que terminou com três mortos, dezenas de feridos e mais de mil prisões. O dia ficou conhecido como "Sexta-feira sangrenta"

Diante da repercussão negativa do episódio, o comando militar acabou permitindo uma manifestação estudantil, marcada para o dia 26 de junho

Na manhã de 26 de junho de 1968, 50 mil pessoas tomaram as ruas da Cinelândia, no centro do Rio. Pouco tempo depois, a multidão cresceu para 100 mil

Além de estudantes, a Passeata dos 100 mil contou com artistas, intelectuais e políticos

As atrizes Eva Wilma, Tônia Carrero, Odete Lara, Norma Bengell e Cacilda Becker protagonizam uma das fotos mais emblemáticas da passeata

Eva Wilma está aqui, de vestido branco

Eva Wilma foi uma voz contra o regime militar. Na novela “Roda de Fogo”, de 1986, ela viveu Maura Garcez uma presa e exilada política da ditadura

Foi uma das maiores atrizes da teledramaturgia brasileira. Estreou na nas telas em 1953 e imortalizou "Mulheres de Areia"

Eva Wilma morreu em maio de 2021 em decorrência de complicações de um câncer de ovário

Após a passeata dos 100 mil, a repressão policial se intensidifcou em 1968 e culminou no Ato Institucional nº 5

Sua assinatura ajuda a Folha a seguir fazendo um jornalismo independente e de qualidade

Veja as principais notícias do dia no Brasil e no mundo

TEXTOS

Rebeca Oliveira
Tony Goes

IMAGENS

Fábio Braga, André Stefanini e Arquivo/Folhapress
Wikimedia Commons
David Drew Zingg/Acervo Instituto Moreira Salles
Agência JB
Gonçalves/Agência O Globo

PRODUÇÃO DE WEB STORIES

Rebeca Oliveira