O que aconteceu no Hospital Colônia de Barbacena?

Distante cerca de 150 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade mineira de Barbacena carrega uma das partes mais macabras da história brasileira

Conhecida no século passado como Cidade dos Loucos, ela abrigou um conjunto de instituições psiquiátricas que promoveram a morte e tortura de dezenas de milhares de internos

O Colônia começou a funcionar em 1903. Foi construído nas terras da antiga Fazenda Caveira, que Joaquim Silvério dos Reis recebeu como prêmio por sua delação ao movimento dos inconfidentes mineiros

Construção do Colônia

Ali, 60 mil pessoas morreram. Nos anos 1960, 5.000 pacientes habitavam o lugar projetado para 200

Dormiam sobre capim no chão, andavam nus, bebiam água do esgoto, comiam em cochos, passavam frio e fome

Os eletrochoques também faziam parte do cotidiano do maior hospício do Brasil. As descargas eram tão fortes que chegavam a afetar o abastecimento de luz da cidade

Epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, tímidos e meninas que engravidaram antes do casamento engrossavam o número de "pacientes"

Aproximadamente 70% deles não tinham doença mental

Os cadáveres eram vendidos para faculdades de medicina. Quando não havia comprador, os corpos eram banhados em ácido no pátio, diante dos internos

A partir dos anos 1980, por causa de uma série de denúncias jornalísticas, o hospício foi sendo modificado e desativado; pacientes foram transferidos para instituições menores

Em 1996, foi inaugurado em Barbacena o Museu da Loucura, que conta a história do Colônia com fotos, vídeos e objetos 

As atrocidades cometidas na instituição, no entanto, só ganharam maior notoriedade em 2012, com a publicação do livro "Holocausto Brasileiro", da jornalista Daniela Arbex

Freud fez críticas aos modelos manicomiais. Saiba mais sobre o pai da psicanálise:

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TEXTOS

Folha de S.Paulo

IMAGENS

Luiz Alfredo, Intrínseca
/Divulgação, Eduardo Knapp/Folhapress, Afonso Pena Júnior/Domínio Público

PRODUÇÃO DE WEB STORIES

Ana Luísa Moraes