A varíola é a única doença humana que já foi completamente erradicada. O último caso conhecido de contágio natural ocorreu na Somália, em 1977
Antes de ser extinguida, a enfermidade, que era transmitida por vírus, causou muitos estragos mundo afora. Só no século 20, matou entre 300 milhões e 500 milhões de pessoas
Os antigos chineses não davam nome a um recém-nascido enquanto não fosse acometido de varíola e sobrevivesse: só assim a criança poderia de fato ser contada entre os vivos
E não era difícil contrair a enfermidade. Desde a antiguidade, as epidemias se sucediam, propagando-se com rapidez e deixando em sua passagem um rastro de terror
Nas Américas, para onde a doença foi levada por espanhóis e portugueses, a devastação não foi menor. No Brasil, um meio seguro de liquidar índios era deixar, em suas trilhas, roupas de variolosos
A conquista do Peru por Pizarro foi grandemente facilitada por uma epidemia de varíola que matou cerca de 200 mil dos 6 milhões de habitantes —incluindo o imperador inca e seu herdeiro
A varíola é uma doença infecciosa altamente contagiosa. Conhecida também como bexiga, tem sintomas como febre, dor de cabeça e vesículas espalhadas por todo o corpo
No fim do século 18, o médico inglês Edward Jenner observou que os bovinos desenvolviam uma versão mais leve da doença, assim como as mulheres responsáveis pela ordenha dos animais
Jenner passou um pouco da secreção que brotava das feridas vacas em um garoto, que, após um leve estado febril, recuperou-se rápido
Inoculado meses depois com líquido de pústulas variolosas, o menino revelou-se imune à doença
Em 1966, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu liquidar a varíola por meio de uma vacinação em massa, universal
O raciocínio era simples: como o vírus só vive em seres humanos, se um número suficiente de pessoas fossem imunizadas, a cadeia de transmissão seria interrompida para sempre
Em 1980, a OMS declarava a varíola erradicada
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