A loja de luxo Daslu

Daslu foi uma loja de luxo — no passado considerada a mais tradicional de São Paulo– fundada em 1958 pelas sócias Lucia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha

Até o começo dos anos 1980, ela comercializava apenas roupas e acessórios nacionais. Após a morte de Lucia, sua filha Eliana Tranchesi assumiu, junto com Antônio Carlos Piva

A loja virou grife própria e, a partir dos anos 1990, começou a trabalhar com marcas de luxo importadas

Tranchesi foi para Europa e voltou com malas repletas de bolsas e sapatos famosos que caíram no gosto dos endinheirados paulistanos

Em seu ápice da fama, a Daslu era conhecida como "templo de luxo" e ocupava uma área de mais de 15 mil m² em um prédio estilo neoclássico com colunas gregas na Vila Olímpia

O estilo de vida Daslu inspirou até uma novela da Globo, "Cobras e Lagartos", em 2006, cuja trama girava em torno da loja de departamentos Luxus

Em 2005, a loja de Tranchesi movimentava cerca de R$ 400 milhões em vendas ao ano e empregava cerca de mil pessoas

Entre elas, havia as "dasluzetes", vendedoras das lojas —muitas vezes vindas de famílias ricas— que recebiam até R$ 15 mil mensais, incluindo as comissões de roupas e acessórios de altos valores

Mas isso foi antes de o império ruir por vários escândalos, quando, em 2005, uma megaoperação da Polícia Federal, em parceria com a Receita, levou à detenção de Tranchesi e seus sócios

Eles eram suspeitos de importação irregular por meio de crimes de descaminho e sonegação fiscal

O esquema utilizaria empresas de fachada para subfaturar importações com o objetivo de sonegar impostos

Em 2009, Tranchesi foi condenada a cumprir 94,5 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho tentado e consumado e falsidade ideológica

Ela recorreu à sentença e respondia ao processo em liberdade quando morreu em 2012 devido a um câncer de pulmão. Já Antônio Carlos Piva está preso

Daslu ficou com uma dívida próxima ao vencimento de R$ 80 milhões, mais a pendência com a Receita Federal, estimada em R$ 500 milhões

A marca ficou para a venda em 2011, mas seu único interessado, a Laep Investments, que pagou R$ 1.000 e se comprometeu a investir R$ 65 milhões na empresa, também foi denunciado por crime financeiro

Foi decretada a falência da marca só em 2021, após outra tentativa de investimento, e foi leiloda em 2022 por R$ 6,5 milhões, em valor inicial de R$ 1,41 milhão

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Folha de S.Paulo

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Eduardo Anizelli,  Antonio Gauderio, Daniel Marenco, Carlos Cecconello,  Mastrangelo, Rivaldo Gomes, Zanone Fraissat /Folhapress

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Vitória Macedo