O nome pode parecer esquisito, mas é a denominação de uma vertente mais "indie" do funk brasileiro
Com batidas dançantes, letras românticas e nada explícitas, e a mistura de diferentes influências (que vão de MPB ao funk), o funk de pelúcia ganha cada vez mais admiradores
O resultado dessa mistura é uma sonoridade que se descola das periferias e das letras que refletem as realidades das periferias e das populações mais pobres para se tornarem mais palatáveis ao que a classe média costuma ouvir e apreciar
Alguns de seus principais expositores são Mc Tha e Julio Secchin
É uma outra vertente em termos de letra, voz e melodia. Tento manter a célula rítmica percussiva [do funk], mas ao mesmo tempo falo sobre a minha própria vida, o meu próprio universo
Julio Secchin, cantor
O repórter de cultura da Folha, Lucas Brêda, explica que a "suavização" do funk é um processo que faz parte da popularização do gênero
De certa forma, para o mercado, o funk ganhou um status de música pop que, na prática, já tinha há muito tempo. Mas o gênero nunca deixou de ser alvo de preconceitos
“O funk indie não deveria ser visto como mais palatável. Deveria ser o contrário. Eu sou o convidado da festa, não o protagonista”, diz Secchin, que acredita que o funk é a expressão cultural brasileira mais importante dos últimos 40 anos
Para MC Carol, autora de hits como "Meu Namorado É Mó Otário", produções culturais de pessoas brancas e de classe média têm muito mais chances de serem aceitas socialmente
Já para a DJ Iasmin Turbininha, o funk pode ser complementado com outras batidas e melodias, mas ele não é só estética. “É a comunidade, a batida, as pessoas”, diz. “Funk não é esse bagulho de pelúcia não.”
Ouça o episódio do Expresso Ilustrada que trata do assunto
Filipe Cordon, Raquel Cunha e Gabriel Cabral/Folhapress Julio Moa/Divulgação Skitterphoto/Pexels Instagram/juliosecchin e iasminturbininha Julio Secchin e Mc Tha/Youtube