Riscos da harmonização facial

Na era da disseminação das selfies, um rosto perfeito é o sonho de consumo de muitas pessoas

Fazer sumir aquela ruguinha, levantar a pontinha do nariz que aponta para baixo ou mesmo revitalizar a pele que deu aquela caída são apenas alguns dos anseios de quem se submete a uma harmonização facial

O procedimento estético, já há alguns anos, virou moda entre os famosos e, cada vez mais, vem se disseminando entre anônimos

O dermatologista Ivan Rollemberg, cuja clínica na zona sul de São Paulo é frequentada por celebridades, define como conjunto de técnicas que visam buscar  uma harmonia maior para a face

"Uma face harmônica depende de vários fatores", explica o médico, que já realizou o procedimento em cerca de 2.000 pacientes. Ele diz que seu primeiro balizador é a proporção áurea

Porém, não basta fazer cálculos para se chegar a um resultado satisfatório e que vá funcionar para todos. "Não se trata de buscar uma simetria perfeita", afirma

"As faces mais bonitas, do meu ponto de vista, não são necessariamente as que têm uma simetria perfeita, mas as que são mais equilibradas."

O médico afirma que o conjunto de técnicas que envolvem a harmonização facial já existem há muitos anos. Elas podem envolver procedimentos invasivos (como lifting, rinoplastia e próteses)

 No entanto, os processos não-cirúrgicos são os que tem conquistado os brasileiros: a aplicação de preenchedores (como botox e ácido hialurônico), esvaziadores,  fios de tração facial e lasers, entre outros

Em teoria, qualquer pessoa que não tenha alergia ao produto que será aplicado pode se submeter à harmonização facial

Rollemberg alerta, porém, que devem tomar cuidados especiais os portadores de doenças autoimunes, pessoas com processos inflamatórios e aqueles que fazem uso de anticoagulantes

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomendam que os procedimentos sejam feitos apenas por cirurgiões plásticos e dermatologistas

E alertam que esses procedimentos "equivocadamente conhecidos como não-invasivos, dando a impressão de simplicidade, não o são"

"A cirurgia plástica tem adotado a nomenclatura de procedimentos estéticos não-cirúrgicos, porque embora não sejam cirúrgicos, envolvem, sim, riscos, mesmo com médicos especialistas."

Caso os produtos sejam aplicados de forma errada e acabem indo parar na circulação sanguínea do paciente, corre-se risco de: choque anafilático, lesões na pele, cicatrizes e deformidades, além de sequelas mais graves, como necrose e cegueira

Vale se questionar se os riscos valem a pena

Outro procedimento estético comum são as lentes de contato para dentes

Sua assinatura ajuda a Folha a seguir fazendo um jornalismo independente e de qualidade

Veja as principais notícias do dia no Brasil e no mundo

TEXTOS

Vitor Moreno

IMAGENS

Unsplash
shawy animation, St. Vincent, Polina Zinziver, Jacqueline Jing Lin e Erica Anderson/Giphy

PRODUÇÃO DE WEB STORIES

Rebeca Oliveira