A epidemia de riso de 1962 

Em 30 de janeiro de 1962, três meninas começaram a rir num internato em Kahasha, um vilarejo na então Tanganika, hoje Tanzânia

As risadas logo tomaram 95 das 159 alunas da escola, que fechou as portas para evitar tumultos

O internato reabriu em 21 de maio e foi novamente fechado um mês depois: o ataque de riso havia contaminado outras 57 garotas

Os surtos de gargalhadas duravam várias horas e, em algumas ocasiões, se repetiam quatro vezes. Houve casos em que os sintomas duraram 16 dias

De Kahasha a epidemia migrou para Nshamba, a vila onde moravam pais de várias meninas do internato. Mais de 200 dos 10 mil habitantes da cidadezinha sofreram ataques de riso

A praga primeiro afetava as adolescentes, depois suas mães e parentes do sexo feminino. Pais, policiais e professores não foram contaminados

O ataque de riso só parou em junho de 1964, dois anos e meio depois de iniciado. No total, ele atingiu cerca de mil pessoas. Catorze escolas tiveram de ser fechadas temporariamente

A epidemia foi debelada quando as vilas atacadas foram submetidas a quarentena: ninguém entrava ou saía delas enquanto houvesse gente gargalhando compulsivamente

Investigou-se a possibilidade de ter ocorrido alguma reação tóxica, ou então um surto de encefalite (inflamação cerebral) —os resultados foram negativos

A conclusão é que a epidemia foi um caso de doença psicogênica em massa, a histeria coletiva

Classificar a epidemia de riso em Tanganika como exotismo de uma cultura alienígena é desconsiderar as implicações mais amplas do fenômeno

Robert Provine, autor de Laughter: A Scientific Investigation

"Todos nós já não experimentamos uma forma menor de epidemia de riso?"

O autor completa:

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